Por que Xuxa topou ser sócia da Espaçolaser?
Magali Leite é CEO de uma das maiores redes de depilação a laser do mundo, a Espaçolaser (ESPA3). Carioca e economista, ela assumiu a liderança da companhia em março deste ano. Tem um currículo e tanto: já trabalhou nos grupos Globo e Bandeirantes, e na Claro. Também é presidente do Instituto Brasileiro de Executivos de Finanças (IBEF) e do Conselho Fiscal da Casas Bahia. Foi vice presidente do Conselho da Embraer e fez estágio na Casa da Moeda.
Para além disso, Magali tem uma celebridade entre os sócios da Espaçolaser: Xuxa. Sim, a rainha dos baixinhos é dona de um pedaço da companhia. Nada faz sentido? Na entrevista que Magali concedeu ao Visão de Líder, você vai conhecer a história interessante que uniu a loira à empresa de depilação.
E não só isso.
Além do Brasil, a Espaçolaser está no Chile, Argentina, Paraguai e Colômbia, totalizando 60 endereços na América Latina. No Brasil, são 798 lojas, com uma receita bruta de R$ 700 bilhões.
Em 2021, a companhia abriu capital o que movimentou R$ 2,6 bilhões.
No vídeo acima ou nos principais trechos logo abaixo. Acompanhe:
Como foi sua chegada na Espaçolaser?
Quando eu cheguei aqui, eu já sabia qual era o que isso e qual era a tese da companhia. E antes de tudo, eu me assegurei de que era um negócio com potencial, de futuro, mas que a gente teria que fazer uma reestruturação de dívida, que é uma coisa que é muito normal hoje no mercado brasileiro, porque a gente tem características de gestão dos negócios no Brasil, onde eles são muito afetados por ambiente macroeconômico, taxa de juros e o ambiente internacional.
Qual é o tamanho da dívida da Espaçolaser?
Hoje a dívida da empresa está em R$ 700 milhões – tudo sendo negociado via mercado de capitais. A reestruturação está pronta e a gente garantiu com que coubesse dentro da geração de caixa do negócio. Então estamos preparados para esse momento E, obviamente que a gente sempre olha oportunidades do mercado, Mas hoje a dívida está perfilada.
Qual é a origem da dívida da companhia?
A dívida veio por conta de expansão. Ela já estava sendo projetada. Mas a dívida aumentou por conta do momento de pandemia. Nós abrimos capital no meio da pandemia. E, além disso, tomamos uma dívida com a Selic em 2% ao ano e ela foi para 14%.
Foi essa a complexidade que precisamos encarar. Mas a companhia tem um negócio muito robusto. Nós temos uma base de clientes muito grande. Então, geralmente quem faz uma região do corpo renova sempre mais três ou quatro vezes o plano. Nossa base de clientes é estável e crescente.
De quanto é o tíquete médio na Espaçolaser?
Nosso tíquete médio está em R$ 1.400. E eu a considero esse valor alto, até porque não é um produto de primeira necessidade, digamos assim. É um produto importante para qualquer mulher brasileira, para qualquer mulher no mundo. A depilação a laser é famosa no mundo inteiro, tem grandes players internacionais. Hoje somos a maior rede do mundo.
Por que a empresa abriu capital no meio da pandemia?
A gente estava esperando uma janela de oportunidade como todas aquelas outras 70 empresas que abriram mais ou menos no mesmo período. Era o plano do bloco de controle dos acionistas. E fazia muito sentido, porque a tese do IPO era importante para acelerar o negócio e para crescer na proporção que a gente cresceu desde então. Tudo foi planejado, foi organizado. A empresa tem um alto nível de solidez e de gestão muito robusta.
Agora, não vou dizer para você que foi a coisa mais simples do mundo. A tese era comprar as franquias e transformar em lojas próprias. Isso também foi executado nesse período. Então foi um show de habilidade de gestão e foi um show de resiliência de um negócio que, mesmo no varejo, na pandemia, conseguiu abrir capital e executar a tese que prometeu para o mercado.
Como é o plano de expansão da Espaçolaser?
A gente está na América Latina desde 2006. Fomos fazendo esse movimento aos poucos, tanto na América Latina quanto no Brasil. A expansão começou através da rede de franqueados. Nossa rede de franqueados. Então a gente tem muito menos franqueados do que o número de lojas franqueadas, porque a gente tem grupos que investem em redes e vão aumentando ao longo do tempo.
Então, no ano passado nós abrimos 40 novas lojas de franquias. Mas mais importante do que isso é a gente escolher uma região que faça sentido no potencial daquele mercado, onde exista uma população que tenha realmente interesse de aderir ao laser, onde faça sentido macro economicamente, que vai trazer um retorno. A gente faz análise desde do entendimento setorial e estudos georreferenciados.
E a gente faz também uma análise econômica bastante robusta para decidir, mesmo que seja para crescer através de um franqueado.
Qual é o foco da Espaçolaser?
Hoje o nosso foco é continuar a crescer nas áreas onde a gente já está presente. Nós somos muito fortes no Norte, Nordeste e no Sul. Existem regiões menores que a gente olha mais criteriosamente, mas a gente tem tamanho de produto para cada tipo de cidade. Então nós temos lojas pequenininhas, bem pockets, com uma salinha de procedimentos e uma de avaliação.
Assim como a gente tem lojas bem maiores, com duas salas, duas máquinas com uma estrutura mais robusta, porque aquela região tem demanda para isso.
Como aconteceu a sociedade com a Xuxa?
Apareceu a oportunidade de trazer a Xuxa como investidor, que de certa forma, também poderia funcionar como uma garota propaganda do nosso produto. E ela fez due diligence à maneira dela: falou com os sócios que queria conhecer o produto, experimentar, antes de tomar a decisão do investimento. E então levamos uma máquina para a casa dela.
Lá ela foi e experimentou. E aí virou super fã, decidiu fazer parte do bloco de investidores. É uma satisfação ter a Xuxa, porque a gente entrou na Argentina conosco e foi um sucesso.
Como você concilia sua agenda com a presidência do Espaçolaser, do IBEF, a maternidade de seu lado feminino?
Eu sou daquelas mulheres modernas, mas que vem de uma geração que ajudou a construir essa gama de oportunidades para outras gerações. Então, óbvio, a gente dá conta. Mas nem tudo sai perfeito e precisamos aprender a lidar com os momentos que a gente sabe que não está conciliando da melhor maneira possível todos os papéis que a gente tem. Mas o que faz a beleza disso é que a gente sabe que na maioria das vezes o sucesso é importante, mas ele é parte de uma equação muito maior, que é fazer os negócios chegarem no patamar que eles merecem, que é colocar as empresas no caminho sustentável, robusto, de crescimento, mas com qualidade.
Como você lida com as cobranças do seu cargo?
A gente se coloca numa posição em que se cobra demais. Quando você tem um nível de performance que é sempre muito robusto, muito forte, as pessoas tendem a achar que vai ser pra sempre daquele jeito. E tem momentos e momentos na vida. Então, tem momentos em que a gente precisa reconhecer que está se reequilibrando, que está numa fase de entendimento, de aprofundamento do negócio.
Então precisa saber reconhecer esses momentos e fazer todo mundo que está ao seu redor trabalhar nessa sintonia.
Para qual tipo de investidor o ESPA3 é voltado?
O ESPA3 é aquele investidor que está enxergando que nós estamos há nove quarters (nove trimestres) consecutivos com um crescimento robusto para a maioria dos indicadores. Então nós não temos aqueles crescimentos exponenciais que são insustentáveis. A gente cresce de uma maneira muito planejada.
Precisamos crescer, mas a gente não quer crescer a qualquer custo. Então a Espaçolaser é feita de profissionais de um C-level, de um conselho de administração, de uma estrutura de governança que é bastante pé no chão com relação às possibilidades do negócio. É um negócio de futuro, é um negócio que ainda é sub penetrado. Então, nós temos muito potencial e nós estamos construindo isso à medida que a gente cresce de uma forma planejada, estruturada. Sempre olhando as principais variáveis que vão suportar esse crescimento.
O que é importante para vocês?
Então, caixa para a gente é importante. A qualidade do produto que a gente entrega é importante. A tecnologia é fundamental. A atenção no produto no que diz respeito à jornada do nosso cliente, a forma do nosso atendimento. É preciso equilibrar toda essa equação. É bastante complexo, mas eu não estou sozinha. Eu tenho pessoas extremamente experientes comigo. Todo o planejamento estratégico está sendo desenhado para o longo prazo, e eu tenho uma equipe que tem condições de colocar a companhia nesse caminho que a gente está desenhando.
Qual é o risco do papel?
Qualquer negócio tem risco. A Espaçolaser já passou da fase crítica. É um negócio que está sendo feito de uma maneira muito sustentável. Nosso investidor gosta da tese da empresa. Ele entende o potencial do negócio.
Onde você, Magali, investe?
Eu sou uma investidora mais moderada. Quando você chega numa fase de vida onde você foi construindo essa estrutura de capital pessoal, a gente pode, eventualmente, arriscar um pouco mais ou um pouco menos.
Eu tenho um portfólio bastante eclético, digamos assim. Sou muito pé no chão, tenho até investimentos fora do Brasil. Mas tenho bastante coisa em renda fixa, alguns investimentos em bolsa. Criptomoeda, nem pensar. Não é o tipo de coisa que eu conheça com nível de profundidade que é necessário para investir.
O que é ter inteligência financeira?
O dinheiro precisa trabalhar mais para mim do que eu para ele. Ter inteligência financeira e ter disciplina para se informar, e entender que isso também é um papel importante para a gente como pessoa física.
É saber conciliar o que eu vou precisar no futuro com o presente. Então para mim é importante saber dividir ou separar aquele recurso que eu vou precisar para ter uma boa qualidade de vida, para dar uma educação diferenciada para os meus filhos, viajar para os lugares muito legais, mas também ter um pé no futuro.
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