Open insurance: o que ele muda na vida dos investidores de seguros e previdência

68 seguradoras já estão compartilhando dados sobre produtos, com acompanhamento da Susep

Entenda o funcionamento do PGBL - Ilustração: Inteligência Financeira
Entenda o funcionamento do PGBL - Ilustração: Inteligência Financeira

Neste mês, o open finance completa um ano. O ecossistema de inovação, organizado pelo Banco Central em parceria com as instituições financeiras bancárias e não bancárias, trouxe novidades que ainda estão em implantação. As mudanças podem ser identificadas por alguns marcadores: open banking e, mais recentemente, o open insurance, ou sistema aberto de seguros, que foi adicionado às discussões. O que você, investidor e investidora, tem a ganhar é a bola da vez.

As diferentes nomenclaturas estão interligadas ao open finance e visam padronizar em uma só plataforma a troca de informações, melhorar os serviços financeiros e a relação dos clientes com as empresas que oferecem os produtos. Desde dezembro, 68 seguradoras, as maiores do mercado, estão fazendo o compartilhamento de dados públicos referentes a produtos e canais de atendimentos; e dividindo as informações públicas de seguros residencial, auto, pessoas, previdência e capitalização. Tudo sob a regulação e acompanhamento da Superintendência de Seguros Privados (Susep).

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“Com o amadurecimento dos processos e das soluções de tecnologia previstas pelo open insurance, os clientes perceberão um ambiente promissor para as suas escolhas de investimentos e no consumo de serviços que serão disponibilizados ao longo do tempo”, avalia José Paulo Vasconcellos, diretor de Planejamento, Projetos e Processos da MAG Seguros.

Clientes poderão compartilhar dados

Na teoria, as escolhas vão se basear na mesma premissa que já foi apresentada no open finance: os clientes que desejarem poderão, na segunda fase, compartilhar seus dados para ter acesso facilitado a mais informações e então decidir o futuro de seus investimentos (como previdência privada) e seguros.

É de olho nesse cenário de maior autonomia dos usuários que as seguradoras miram as análises para oferecer produtos mais personalizados e que estejam mais alinhados aos objetivos pessoais e de ganhos. ‘”A competitividade fará com que as seguradoras inovem, tragam produtos mais customizados e para diferentes perfis, além de gerar preços mais competitivos. É uma forma de democratizar o acesso ao seguro, aumentando a oferta de produtos mais personalizados para os clientes”, diz Rachel Ferreira Bonel, superintendente executiva de Dados, Privacidade e Planejamento Comercial da Icatu.

Customização de produtos

Ainda é cedo para dizer quais produtos serão criados – se é que serão criados, talvez apenas sejam aprimorados. Mas o investidor mais experiente sabe que a customização no mercado da previdência é um processo que já está em curso. O surgimento de diversos fundos previdenciários são um exemplo dessa mudança.

A Icatu, por exemplo, oferece 390 fundos, de 138 gestoras. A XP Seguradora, com pouco mais de três anos e meio de atividades, já conta com 226 produtos de previdência em seu portfólio, entre fundos de ações, multimercados, de renda fixa, entre outros. Desse total, 140 estão disponíveis para o publico em geral investir. A pergunta que fica, então, é: o que muda para quem investe nessa modalidade?

“Considerando que o cliente é o detentor dos seus dados pessoais, ele poderá buscar as opções que mais condizem com o seu perfil de investimento. Em um cenário mais competitivo, vamos precisar aprimorar e investir em novos mecanismos e política comercial para trazer e reter ainda mais os clientes em nossa carteira. Isso é bom para o mercado”, pondera Rachel.

Aumento da competição

O open insurance deve gerar uma competição em vários níveis. “Não só sobre aonde alocar os investimentos, mas aonde alocar a aposentadoria e toda a gama de produtos, que já é muito grande, mas que muitas vezes o cliente não conhece porque não foi apresentado. Esse novo ecossistema vai dar a oportunidade de conhecer esse leque de produtos e, talvez, buscar individualmente as ofertas contextualizadas e inteligentes”, avalia Amancio Paladino, diretor de investimentos da XP Seguros.

“Estamos diante da possibilidade de triplicar o mercado e precisamos ter um arcabouço tecnológico que permita o suporte para essas transações. O open insurance é a tecnologia que vai permitir essas transações nesse volume e com mais segurança”, complementa o executivo.

Geração de poupança

A janela de oportunidades para a indústria, que espera ter crescido 14% em 2021, contudo, contrasta com um apego característico verificado nessa base de clientes. Uma parcela significativa de investidores compõe a carteira de investimentos com bons ativos previdenciários sem intenção de vendê-los, visando a formação de uma poupança.

A estimativa é de que cerca de 78% dos recursos de previdência estão alocados no cenário de renda fixa. Ao mesmo tempo, a portabilidade é uma possibilidade de que mantém tendência de crescimento desde 2010, mas ainda pouco explorada: 193 mil pedidos entre os planos PGBL e VGBL foram cedidos até o último mês de outubro, de acordo a Susep.

Ainda assim, as mudanças em curso podem ajudar a aumentar a base de clientes – o mercado de previdência privada aberta soma mais de R$ 1 trilhão de reservas (o que representou 6% do Produto Interno Bruto em 2021). Porém, o movimento de venda mais agilizada dos produtos de diferentes empresas em uma única plataforma precisa vir acompanhado do entendimento do público sobre os riscos das aplicações atrelados aos produtos oferecidos pelas seguradoras.

“O open insurance traz um impacto educacional. Da mesma maneira que o cliente vai se habituar a conhecer outros produtos de seguros, ele vai precisar entender e conhecer o que de fato está sendo comprado, quais são os serviços que estão atrelados ao produto e se aquela é a melhor escolha para o perfil e o momento da sua vida. Ou seja, o processo de ‘suitability’ avançado se torna uma questão extremamente relevante”, diz Amancio Paladino.

Calendário escalonado

O calendário do open insurance é escalonado, assim como ocorreu com os bancos. A segunda fase, quando os clientes poderão compartilhar seus dados pessoais, se desejarem, está previsto para começar em setembro. Por fim, a terceira fase, que prevê a execução de serviços dentro do ecossistema finance está programada para dezembro e deve ser finalizada em junho de 2023.

Com reportagem do Valor Investe

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