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Você tem medo de investir? Saiba como enfrentar as fobias financeiras
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As fobias financeiras podem levar à perda de oportunidades, grandes erros e arruinação a longo prazo
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Certas pessoas subestimem suas próprias conquistas financeiras e se sentem diminuídas por uma comparação injusta
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Reconhecer o medo pode permitir que as pessoas gerenciem melhor os riscos e alcancem seus objetivos
Faz parte do campo de finanças estar frente ao risco. O ato de investir pressupõe aceitar certo grau de perigo em busca de retorno futuro. Não há operação financeira sem ameaça. Assim, a busca do investidor é equilibrar a relação risco e retorno.
Algumas pessoas na busca da riqueza correm muitos riscos e antes de conquistarem o seu sonho tropeçam várias vezes. Mas, alguns conseguem ultrapassar do limite imaginável.
Aqui falamos do caso dos multibilionários. Como podemos constatar na lista da Forbes dos mais ricos do mundo de 2023, diga-se que não trouxe surpresas.
Elon Musk, dono da Tesla e da SpaceX, é o mais rico do mundo e tem uma fortuna de US$ 251,6 bilhões.
A lista de bilionários gera curiosidade, mas muitas pessoas reagem de maneira diversa, sentindo-se extremamente “pobres” de maneira irracional.
A divulgação dessas listas na mídia e, principalmente nas mídias sociais, acompanhadas por fotos e mostrando ostentação destacando a riqueza e o estilo de vida luxuoso dos extremamente ricos, pode criar uma percepção distorcida da realidade financeira de muitos.
Pode provocar que certas pessoas subestimem suas próprias conquistas e se sintam diminuídos pela comparação injusta.
Decisões erradas
Esse tipo de comportamento está sendo muito estudado recentemente e revela um problema psicológico interessante denominado “dismorfia financeira”, que partilha muitas semelhanças com o Transtorno Dismórfico Corporal (TDC).
Comportamento que se refere a preocupação excessiva e distorcida em relação à situação financeira pessoal, independentemente da realidade objetiva dessa situação.
A dismorfia financeira envolve uma preocupação constante com dívidas, gastos, investimentos e outros aspectos financeiros, mesmo quando essas preocupações não são justificadas pelas circunstâncias reais. Condição que gera uma luta psicológica que afeta o bem-estar financeiro do indivíduo.
Essa visão distorcida sobre o dinheiro leva as pessoas a tomarem decisões erradas. São crenças conhecidas como “scripts do dinheiro”, enraizadas no subconsciente vindas de experiências de infância.
Ilusão financeira
Nossos comportamentos financeiros são largamente influenciados por estes scripts, incluindo pensamentos como “sou pobre”, “sou rico”, “tenho o suficiente” ou “não tenho o suficiente”.
Um exemplo de dismorfia financeira é aquele que certos indivíduos acreditam não possuir fundos suficientes devido a traumas precoces relacionados ao dinheiro ou a falsas crenças aprendidas.
Essa ilusão financeira pode trazer consequências graves para as decisões que envolvem as finanças pessoais e, como consequência, para o seu bem-estar psicológico geral.
Pode levar à perda de oportunidades, grandes erros financeiros e perdas a longo prazo, mesmo para alguém que seja rico.
Ansiedade e dinheiro
O dinheiro gera outros tantos comportamentos viesados ou fobias. Há diversos estudos internacionais mostrando que mais de 70% das pessoas se sentem ansiosas com a situação financeira atual.
Tal como qualquer outra fobia, aquelas relacionadas as nossas finanças, vêm de eventos traumáticos passados, educação recebida, pressões culturais e sociais que podem desencadear o medo do fracasso financeiro.
Conhecer as principais doenças financeiras é algo importante tal qual nós agimos quando estamos com uma doença que aflige o nosso corpo ou mente.
Quando nos sentimos doentes, estamos com febre ou outro sintoma, vamos ao médico para sermos diagnosticados de maneira correta sobre nosso estado e qual doença nos aflige e, assim, buscar sua cura.
Da mesma forma, o investidor precisa conhecer as fobias financeiras para poder adotar estratégias que busquem a sua saúde financeira. Essas “doenças” financeiras geram muita dor por quem é afetado por elas.
A lista é grande, vamos as principais.
Creofobia
É o medo de Dívidas. Ocorre quando a pessoa tem um medo intenso de contrair dívidas, mesmo aquelas gerenciáveis e consideradas boas para a nossa vida, como financiar a casa própria. Esse medo irracional do endividamento pode resultar em perda de oportunidades de resultados financeiros e soluções para a própria vida.
Crometofobia
É o medo extremo de gastar dinheiro. Mas, não podemos confundir com uma pessoa que resiste em dar ou gastar dinheiro, essa pessoa pode ser chamada de mesquinha ou pão duro. Mas, é crometofobia quando este comportamento interfere na vida e condiciona a um medo irracional de gastar dinheiro.
Peniafobia
O medo de pobreza. Quando a pessoa tem um medo irracional de se tornar pobre ou perder a sua segurança financeira. Como reação as pessoas são levadas a tratarem o dinheiro de maneira extremamente conservadora e se recusam a gastar, mesmo quando necessário.
Agorafobia Financeira
É o medo de investir por conta do medo de perder. São pessoas que têm medo de investir mercado por não aceitarem perder o seu dinheiro. Essa postura pode resultar em não alcançar objetivos financeiros de longo prazo, como aposentadoria.
Controle Financeiro Compulsivo
Também é uma fobia. A despeito do controle financeiro ser essencial para as finanças de qualquer pessoa. Há pessoas que desenvolvem um comportamento compulsivo de controle excessivo de suas finanças. Isso pode a pessoa à preocupação constante com cada centavo gasto ou investido.
Fobia do Próprio Status Financeiro
Algumas pessoas ficam comparando de maneira compulsiva o seu status com o de outros. Essa condição pode levar a comportamentos de gastos excessivos para manter uma aparência de riqueza ou status, mesmo que não seja sustentável a longo prazo. Como tratado por Alain de Botton: “o desejo de status tem a capacidade excepcional de inspirar sofrimento”.
Fobia de Falência
É um medo intenso de falir ou perder todos os seus bens. Isso pode levar a comportamentos extremamente conservadores e evasivos em relação ao dinheiro, como manter todos os ativos em dinheiro ou evitar oportunidades de investimento potencialmente boas.
Atiquifobia
Que é o medo do fracasso, assim impedindo que as pessoas corram riscos mesmo que calculados.
Plutofobia
É o medo de se tornar rico por receio de ter que arcar com as responsabilidades associadas e podem trazer impactos negativos em nossas vidas e relacionamentos.
Fobia de Desconhecimento Financeiro
É o caso da pessoa que tem medo de aprender sobre finanças pessoais por não querer descobrir que estão em uma situação financeira precária. Essa falta de educação financeira leva a tomada de decisões financeiras ruins.
Por fim, uma fobia que não é somente financeira é o Transtorno de Acumulação Compulsiva (TAC), que afeta as pessoas que acumulam bens e dinheiro de maneira compulsiva, mesmo quando não têm uma necessidade real ou justificável.
Como lidar com as fobias financeiras
Há motivos diferentes para o desenvolvimento das diferentes fobias. Mas, uma vez adquirido o medo excessivo, ocorrem certas mudanças na atividade cerebral e buscando-se evitar as situações que a ele conduzem, manifestando o comportamento evasivo.
A pessoa afligida por fobia pode experimentar diversos efeitos sobre o seu corpo e mente, como: Ansiedade, mudança de humor e comportamento, perda de sono transpiração excessiva, falta de ar, náuseas, taquicardia, aumento de pressão arterial, entre outros sintomas.
De qualquer forma, o resultado é que compromete a sua capacidade de controle de sua vida financeira e a conquista de seus objetivos. Muitas vezes trazendo dissabores para a vida familiar.
Quando alguém está experimentando esse tipo de comportamento exagerado ou fobia relacionado à sua situação financeira, pode ser útil procurar orientação profissional, aconselhamento ou apoio psicológico.
Reconhecer e entender suas próprias fobias financeiras pode permitir que as pessoas tomem decisões mais bem informadas e conscientes, gerenciem melhor os riscos e alcancem seus objetivos financeiros de longo prazo.
Seja paciente consigo mesmo e celebre pequenas vitórias ao longo do caminho. busque educação financeira, apoio e autoconhecimento, assim, criando uma relação mais saudável e positiva com suas finanças.
Como nos ensina John C. Bogle, fundador da Vanguard Group. “O dinheiro em si não traz felicidade, mas a capacidade de desfrutar da vida, de escolher seu caminho, de ser mestre do seu destino – sim, isso traz felicidade.”
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