- Home
- Finanças
- Finanças pessoais
- Da crise na família Gucci às recuperações judiciais no agro: como novas gerações aprendem a planejar patrimônio e sucessão
Da crise na família Gucci às recuperações judiciais no agro: como novas gerações aprendem a planejar patrimônio e sucessão
Estrelado pela atriz e cantora Lady Gaga, o filme “Casa Gucci” levou milhões aos cinemas em 2021 tratando dos dramas da família que leva o nome de uma das marcas mais famosas da moda mundial. Para além da curiosidade, os muitos erros na sucessão familiar por lá também vão servir agora como lição de planejamento patrimonial e sucessório aqui no Brasil.
O programa “Compartilhando Conhecimento com a Nova Geração”, do Itaú Private Bank, vai usar o caso célebre, com contextos e adaptações, para ajudar uma nova geração de clientes e estudantes a pensar o futuro de empresas familiares e da gestão de patrimônio.
A ideia é fazer a formação por meio dos interesses que esse público já têm. Assim, ajudar os clientes e suas famílias a olharem no longo prazo, para além da alocação de recursos nesse ou naquele produto.
“Entendemos que os clientes, e não só a nova geração, precisam ser olhados de maneira holística. Não só na parte de alocação de investimentos, mas também toda a parte de planejamento patrimonial, de transmissão e de sucessão”, explica Camilla Arno, gerente de planejamento patrimonial do Itaú Private Bank, em conversa com a Inteligência Financeira.
“Por conta disso, montamos um grupo de trabalho multidisciplinar, que trabalhou em conjunto para abordar a nova geração, tanto em relação a interesses quanto em relação às idades”, completa.
O programa trabalha em parceria com as ligas acadêmicas de faculdades e escolas e é uma das iniciativas que mira o público jovem, de 15 a 30 anos.
São grupos de estudantes que tratam de pautas temáticas, como é o caso da moda, nesse exemplo, mas também mercado financeiro, sustentabilidade e agronegócio, entre outros. Entre as instituições parceiras estão Insper, Fundação Getúlio Vargas (FGV) e Universidade de São Paulo (USP).
Agronegócio e moda na pauta do planejamento sucessório
O tema “moda” foi escolhido para a parceria com os grupos de estudantes nesse segundo semestre. E o caso da família Gucci ganha destaque por ter uma série de aprendizados que podem ser úteis para essa nova geração.
“O case da família Gucci tem um componente importantíssimo de governança. As leis italianas são diferentes, mas é um caso muito interessante de trazer para esses jovens. E a lição ali é que a empresa em si prosperou, mas não com a família”, explica Camilla Arno.
Portanto, um caso que demonstra que a falta de governança familiar e planejamento sucessório prejudica a manutenção de um patrimônio. Mesmo em uma empresa, como a Gucci, que até hoje é promissora e rentável.
No primeiro semestre, por outro lado, a parceria foi com as ligas de agronegócio. E não poderia ter sido mais oportuno. De acordo com um estudo da Serasa Experian, o número de pedidos de recuperação judicial de empreendedores pessoa física do agro disparou em 2023. Foi uma alta de 523% no ano passado.
A notícia ressoou entre os estudantes das ligas temáticas, que em geral são oriundos de famílias do agronegócio. Afinal, o levantamento mostra que problemas no momento da passagem de geração foram decisivos para a crise das empresas.
“É impressionante o conhecimento que eles têm do agronegócio. Um assunto que eles queriam muito tratar é planejamento patrimonial em geral. Tratamos o porque de se planejar, até puxando por essa notícia. O agro é tradicionalmente uma indústria familiar, então esse componente da transmissão de gerações é muito importante”, completa a gerente do Itaú Private Bank.
Conhecimentos importantes para o planejamento sucessório
A abordagem com temas próximos ao cotidiano desses jovens ajuda a introduzir conhecimentos que serão importantes.
“A gente falou muito de governança, de se profissionalizar, de como incluir as novas gerações, de como trazer ou não trazer membros externos. Falamos sobre o que é um processo de governança familiar, o que é um processo de governança corporativa. Entramos também na parte tributária”, exemplifica.
Do lado dos alunos, há demandas por falar de temas como inovação e responsabilidade social e a preocupação crescente em proteger o patrimônio e os negócios familiares. “Eles já sabem que não basta acumular, que precisa saber proteger e precisa saber como usar”, afirma Camilla Arno.
Os estudantes também têm preocupações próprias da juventude, como os relacionamentos.
“Com os jovens isso sempre acontece. Quando a gente entra na parte sucessória, dos pedidos de casamento, de quem é herdeiro de quem, isso gera sempre uma provocação. Eles sempre perguntam, se estar morando junto já faz da pessoa herdeira, [o que acontece se] a pessoa dorme 4 vezes na casa da outra. É sempre muito divertido”.
Iniciativas para jovens também têm games, programas de verão e dia de funcionário
Outros programas que o Itaú Private Bank adota para a formação das novas gerações incluem jogos, como o Trading Game, em que há palestras sobre o mercado financeiro e, ao final, uma competição com alocação de ativos.
Outros projetos incluem experiências profissionais imersivas. No Itaú Summer Program, jovens a partir de 18 anos ficam uma semana acompanhando atividades do banco no escritório do Itaú Private em Miami.
Para os jovens de idade escolar, há no Ituber Experience, em que eles visitam os escritório do Itaú para conhecer a rotina do banco e o Teens Academy, em que jovens entre 14 e 16 anos assistem palestras sobre educação financeiro e participam de dinâmicas.
Leia a seguir