100 dias de Javier Milei: presidente tem até junho para fazer país decolar, diz gestor argentino

PodInvestir entrevistou gestor que trabalhou com presidente da Argentina e faz análise sobre as chances do pais

O PodInvestir deste mês de março traz um balanço dos 100 primeiros dias de Javier Milei na presidência da Argentina. A data foi alcançada na última quarta-feira (20), após o novo mandatário argentino desvalorizar a moeda local em 54% e dar início ao maior pacote de ajuste fiscal que se tem notícias no país.

O entrevistado da edição do podcast de finanças e economia da Inteligência Financeira é o gestor Nicolas Poletti, co-fundador da Fundamenta. A casa opera U$$ 500 milhões e está sediada em Buenos Aires, capital da Argentina, e em Montevidéu, no vizinho Uruguai.

Poletti é economista e conheceu Milei na Universidade de Buenos Aires, uma instituição privada onde o atual presidente lecionou microeconomia.

Algum tempo depois, o gestor ingressou como analista de mercado numa family office. Passou a atuar no time em que Javier Milei respondia como economista-chefe.

“Javier foi meu chefe uns meses. (Ele era) um cara muito interessado. Um cara que dedicou a vida para ler, para estudar. Um cara muito focado nesse sentido”, diz Nicolas Poletti. “Ele me ensinou as primeiras armas na carreira”, conta.

Poletti fala português graças a uma passagem de dez anos pelo mercado financeiro brasileiro.

Trabalhou na mesa de operações do BBM com Carlos Woelz, hoje na Kapitalo. E geriu um fundo de ações da SPX, embaixo da estrutura chefiada por Leonardo Linhares, que assim como Rogério Xavier, fundador da gestora carioca, já foi entrevistado pelo PodInvestir. Confira o episódio aqui.

100 dias de Javier Milei

Para Nicolas Poletti, Javier Milei fez diagnósticos corretos sobre a economia nesses 100 dias de governo. Mas tem enfrentado problemas com a classe política total e, neste momento, conta quase que exclusivamente com um improvável apoio popular, na casa de 52%.

Mas que é difícil prever até quanto tempo se sustenta.

“Acho que os próximos meses são relevantes”, diz. “Se ele der sinais de que está conseguindo controlar a inflação”, diz, “a gente pode estar falando de um caso de sucesso”, destaca.

Para ele, o prazo para o eleitor e Milei definirem o tom da relação seria o mês de junho. “Em junho daria pra dizer que, dando certo, as pessoas vão entender que o plano funcionou”, afirma Nicola Poletti, que logo em seguida pondera. “Mas a população aguenta (até lá?) ou não aguenta. (Essa é) a dúvida”.

Inflação é chave

A projeção sobre o período de paciência do eleitor argentino com Javier Milei é o mesmo que o avaliado por Marina Pera, analista de risco político da Control Risks. Ela também falou ao PodInvestir e disse que o presidente argentino tem um cobertor curto para mostrar algum resultado.

Marina Pera, analista de risco político da Control Risks
Marina Pera é analista de risco político da Control Risks. Foto: Trupe

“Nosso cenário é que Milei tem em torno de dois ou três meses para começar a mostrar uma desaceleração da inflação, começar a mostrar algum tipo de medida sendo aprovada no Congresso para dar um senso de normalidade. Ou de que realmente o governo Miller está caminhando para isso”, afirma.

Para Marina, o período de lua de mel de Milei “foi muito curto, e em menos de 100 dias já acabou”. “Ele já sofreu duas derrotas muito importantes no Congresso, então tem sido um caminho um pouco sinuoso”, afirma.

Segundo ela, todo mundo sabia que a gestão do novo presidente seria desafiadora.

“Mas tem se mostrado especialmente difícil por essa postura do Milei em não conseguir construir ou consolidar as alianças no Congresso e entre os governadores”, reforça.

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