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Entenda mais sobre o ‘S’ do ESG
Clientes, empregados, comunidades e fornecedores: como essas dimensões são consideradas durante o processo de avaliação de empresas? A letra ‘S’ na sigla “ESG” representa o Social, abordando diferentes aspectos em relação a essas dimensões.
Dimensionar custos e benefícios sociais é uma discussão que evolui desde os anos 70, quando foi cunhado o conceito de contrato social entre as empresas e a sociedade.
Inicialmente com foco mais voltado para o investimento social privado, até a década de 90 temas sociais eram endereçados pelas empresas geralmente via doações ou apoio a causas com pouca ou nenhuma relação com as suas atividades principais.
Um conceito que passou por evolução
Ao longo do tempo, o conceito de Responsabilidade Social Corporativa (CSR) passou por uma evolução com foco em materialidade.
Atualmente, CSR representa a empresa internalizando as pautas socioambientais de forma voluntária e estratégica, assumindo a responsabilidade do contexto em que ela se insere e atuando considerando os impactos gerados por suas atividades em comunidades próximas as suas operações, e em sua relação sustentável com os clientes, empregados e fornecedores.
A partir do lançamento dos Princípios para Investimento Responsável das Nações Unidas (PRI), em 2006, temas sociais derivados de impactos das atividades das empresas passaram a fazer parte dos processos de avaliações de empresas para investimentos pelos signatários do PRI.
Uma ferramenta recente e considerada adequada para mapeamento dos principais temas sociais em cada setor é o mapa de materialidade do SASB (padrões contábeis de sustentabilidade).
A dimensão do cliente e a boa gestão
Na dimensão de clientes a empresa possui diferentes frentes que demandam uma boa gestão, como a qualidade e segurança dos produtos e serviços oferecidos, relação pós consumo e oferta de produtos e serviços com objetivos ESG. Além de multas e indenizações, em caso de falhas/má performance, esses temas podem impactar negativamente a reputação das companhias caso as empresas sejam envolvidas em controvérsias.
Outro tema relevante ainda em relação aos seus clientes é o vazamento de dados de clientes por ciberataques, com multas previstas de até R$ 50 milhões pela Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
A empresa precisa considerar sua atuação junto aos clientes para realizar uma boa gestão de riscos em relação a esses temas, e evitar respostas dos consumidores que podem se traduzir em boicotes ou processos cíveis, por exemplo.
A dimensão dos empregados
Na dimensão de empregados, que é composta no geral por temas relacionados a condições de trabalho, como rotatividade, retenção de talentos, saúde e segurança ocupacional, greves e paralisações tendem a ser materiais para as empresas.
Uma atuação inadequada ou insuficiente nesses temas pode ocasionar indenizações e processos coletivos. E compensação a oportunidade para empresa atentas a essa dimensão está na criação de um ambiente saudável e mais inclusivo, reduzindo a rotatividade de empregados e consequentemente seus custos com desligamentos, contratações e treinamentos.
Além das relações diretas da empresa com clientes e empregados, ela também se relaciona com as comunidades das regiões em que atua e com os fornecedores que compõem sua cadeia. Apesar de não existir formalmente, a “licença social” da empresa para operar contempla o relacionamento com esses importantes stakeholders.
Importantes stakeholders
Comunidades próximas às operações das empresas ou de grandes projetos são importantes stakeholders que devem ter suas demandas ouvidas e gerenciadas adequadamente.
Em geral, a boa prática preza pela obtenção de um consenso prévio e informado dessas comunidades sobre projetos ou atividades que possam causar impactos socioambientais adversos. Ações coletivas, protestos e invasões em geral são as principais formas de materialização desse tipo de risco.
A oportunidade com uma atuação responsável se traduz na resiliência e manutenção das atividades da empresa na região.
Em relação a gestão de fornecedores, além de trazer riscos relevantes como condições inadequadas de trabalho, trabalho análogo ao forçado e até trabalho infantil, quando gerenciadas adequadamente, podem se tornar uma oportunidade para a empresa desenvolver melhor sua cadeia de suprimentos, tornando-a mais diversificada e resiliente.
O desenvolvimento de fornecedores é um caminho importante na redução de emissões de GHG das empresas, além de contribuir diretamente com o desenvolvimento socioambiental de populações e regiões.
Assim, vemos que a Corporate Social Responsability (CSR) é abrangente e se diferencia do Investimento Social Privado (ISP), que se refere à empresa alocar seus recursos privados para o benefício público, como por exemplo doações financeiras para organizações da sociedade civil.
Hoje a CSR se refere aos processos de gestão de uma empresa considerando a ética e transparência em seu contexto de atuação conforme vimos, enquanto ISP segue a linha da filantropia.
Lições aprendidas
Planejamento, gestão e monitoramento são essenciais para lidar com o lado social do ESG. O estabelecimento de indicadores e protocolos eficientes, a implementação de uma gestão competente com metas e monitoramento contribuem para cultivar e desenvolver boas práticas sociais dentro das empresas. Assim como a sociedade evolui continuamente ao longo do tempo, a integração de temas sociais no ambiente corporativo evoluiu e se tornou mais robusta, passando a integrar diretamente as metas do negócio.
Dessa forma, temas sociais passaram a contribuir diretamente com os resultados, trazendo um importante alinhamento de interesses entre as atividades das empresas e sua performance social de forma mais ampla, sendo uma importante dimensão para ser considerada quando dos seus investimentos.
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