Os últimos a entregarem o Imposto de Renda podem até não serem os primeiros a receberem a restituição, mas há alguma vantagem em procrastinar o envio da declaração. Isso porque a Receita Federal devolve os impostos corrigidos pela Selic.
Com as recentes altas da taxa básica de juros, hoje no patamar de 12,75%, o dinheiro fica guardado pelo Fisco rendendo tal qual uma aplicação de renda fixa, por exemplo o Tesouro Direito Selic.
Paulo Henrique Pegas, professor do Ibmec RJ, diz que a estratégia é válida para a maioria das pessoas que não tem tempo de pesquisar outros investimentos que remunerem melhor ou, ainda, para quem pretende recolher o dinheiro para colocar na poupança, cujo rendimento é menor.
O tributarista do escritório Zilveti Advogados, Fernando Zilveti, acrescenta que muitas pessoas gastam o dinheiro tão rápido quanto recebem. Dessa forma, recomenda a entregar na última hora, porém antes do prazo para não pagar multa:
“Não faz mais sentido entregar o IR antecipado porque, se deixar para o último dia, vai receber mais pra frente com a reconstituição monetária. E, de fato, é como uma renda fixa. Você já sabe quanto vai render e quando vai receber”, diz.
A quem tem o hábito de investir, no entanto, Bruno Hora, especialista em investimentos e do fundador da Invest Smart, aconselha a não demorar para fazer o envio do IRPF. “Apesar da tentação de deixar a restituição sendo corrigida pela Selic, é melhor receber o quanto antes e aproveitar investimentos de renda fixa atrelados à inflação, por exemplo, que protegem o seu poder de compra.”
Fazer o envio logo e receber a restituição nos primeiros lotes é vantajoso também para quem está inadimplente, opina a especialista em impostos Luiza Leite.
Esse dinheiro fora do orçamento, segundo ela, pode ser usado para quitar dívidas e evitar o acúmulo de juros. Além disso, acrescenta que, declarando antecipadamente, o contribuinte tem mais tempo para realizar correções, caso seja necessário, e evitar a malha fina.