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Quando vale a pena pagar à vista e quando compensa mais parcelar uma compra?
Quando falta a grana para o pagamento à vista, o recurso mais comum aos brasileiros é o parcelamento no cartão de crédito. Está na cabeça das pessoas, nas propagandas e agora até na boca de influenciadores digitais.
Por exemplo, Virgínia Fonseca. Em live recente para a sua marca de maquiagem, Virgínia disse que ela conta aos seguidores como descobriu com um amigo que hoje em dia “parcelar é chique”. Segundo argumentou a influenciadora, isso mostraria que o limite de crédito do cartão é alto e segura o tranco.
Mas a verdade é que esse hábito tipicamente brasileiro deve ser usado com parcimônia, de acordo com especialistas ouvidas pela Inteligência Financeira. Além disso, vale dizer que se a ideia é ostentar limite o pagamento à vista no próprio cartão de crédito também passa o mesmo recado.
Importante dizer isso porque não é só o pagamento em espécie ou no débito que vale como sendo à vista. O que é considerado pagamento à vista são todas aquelas transações em que o que se deve ao credor é pago de uma só vez. Isso, portanto, independentemente do meio de pagamento utilizado.
Quando pagar à vista e quando parcelar?
O grande atrativo do pagamento à vista é a oportunidade de pagar um bom tanto a menos nessa conta. “Se eu posso e pretendo pagar algo à vista, a primeira coisa é perguntar se eu vou ter algum desconto por isso”, explica Kélen Abreu, especialista em finanças.
Mas quanto de desconto é o suficiente para fazer essa conta compensar?
“Quando o consumidor tem o dinheiro e tem um desconto maior do que 10% do valor da compra vale a pena pagar à vista”, explica a educadora financeira Aline Soaper.
A conta é a seguinte. Para um cenário de parcelamento sem juros, vai compensar pagar a compra se o desconto for maior do que o rendimento que você teria se parcelasse a conta e investisse o dinheiro enquanto vai acertando as prestações.
No entanto, quando o parcelamento é com juros, muito provavelmente vai compensar pagar à vista. De acordo com Kélen Abreu, “um investimento padrão de renda fixa, atrelado à Selic, raramente será mais rentável do que os juros praticados pelo mercado em parcelamentos.”
“Se eu tenho uma aplicação que me rende 1% ao mês e preciso adquirir um produto que vai me cobrar juros de 2% no parcelamento não faz sentido eu deixar o dinheiro parado”, exemplifica a especialista. Ela pondera, no entanto, que essa conta fecha para compras muito necessárias. Se for algo que pode esperar, vale mais guardar dinheiro, pagar a vista e fugir dos juros.
O maior risco do parcelamento é o endividamento
O parcelamento no cartão de crédito é um vilão frequente para o endividamento dos brasileiros. “Valores altos podem ser parcelados desde que a parcela realmente caiba no orçamento mensal para não comprometer o pagamento de outras contas”, diz Aline Soaper.
Portanto, não adianta chorar. Por exemplo, você compra um ingresso de um show por R$ 1.000 e divide essa conta em 10 vezes no cartão de crédito. Como resultado, você vai ter que pagar essa parcela de R$ 100 todo mês quando seu artista favorito já estiver de volta no país dele há tempos.
De acordo com Kelen Abreu, “geralmente o que acontece é que se perde o controle das compras já parceladas”. “O cliente esquece os parcelamentos que ele já fez e que vão se juntar todos na fatura que vai chegar no final do mês”, prossegue.
O maior risco é chegar lá na frente e você não conseguir honrar esse compromisso. Assim, vai ficar sujeito a se endividar com as altas taxas de juros do rotativo. De acordo com o Relatório de Economia Bancária do Banco Central, mais de 84 milhões de brasileiros possuíam saldo devedor no cartão em junho de 2022. Isso representa um aumento de 30,9% em relação à mesma data de 2021.
Em maio, a taxa do rotativo do cartão de crédito chegou a 455% ao ano, também segundo o Banco Central. Assim, o risco de uma parcela mal calculada virar uma dívida enorme existe e não deve ser desconsiderado na hora do planejamento financeiro.
Pagamento à vista é bom, mas também inspira cuidados
As especialistas apontam que mesmo o pagamento à vista não dispensa alguns cuidados. Ainda que valha a pena quitar uma compra para obter um desconto, você não pode arriscar ficar sem dinheiro no bolso.
“Ao usar toda sua reserva para comprar algo, mesmo que tenha um bom desconto, o risco de precisar de dinheiro em uma emergência é muito alto”, alerta Aline Soaper. “É importante manter a reserva financeira protegida mesmo que parcele o item.”
Se eu fizer o pagamento à vista, eu deixo de ganhar milhas?
Um dos principais atrativos do cartão de crédito é a oferta dos programas de fidelidade, que permitem acumular pontos a fim de adquirir um produto ou contratar uma viagem aguardada. No entanto, isso não depende de ser feito um parcelamento.
“A quantidade de milhas está vinculada ao valor da compra. Se optar por pagar à vista no cartão de crédito você tem o mesmo acesso às milhas que se parcelasse”, explica Kélen Abreu.
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