Inteligência artificial nos investimentos: aliada ou inimiga?

Durante o ANBIMA Summit 2023, Clara Durodié, especialista em tecnologia financeira, explicou que as soluções tecnológicas têm evoluído, e trazido uma série de riscos

Em maio de 2023, a inteligência artificial (IA) causou uma queda do S&P 500, um dos principais índices da bolsa de valores americana. O motivo? Uma foto artificialmente manipulada, de uma suposta explosão próxima ao Pentágono, sede do Departamento de Defesa dos Estados Unidos.

Internautas, então, compartilharam a imagem milhares de vezes e isso causou um sentimento de pânico generalizado. Inclusive no mercado financeiro. O índice americano chegou a cair 0,26%, se recuperando depois da foto ser revelada falsa. Era o poder da inteligência artificial nos investimentos.

Mesmo com uma queda pequena, o caso levantou uma questão importante: a IA é uma aliada ou inimiga do mercado financeiro? A resposta ainda é incerta. Durante o ANBIMA Summit 2023, Clara Durodié, especialista em tecnologia financeira, explicou que as soluções tecnológicas têm evoluído muito, mas também trazido uma série de riscos.  

“A inteligência artificial generativa está cada vez mais próxima de uma autonomia total, ou seja, quando um sistema de IA opera sozinho. No universo financeiro estão sendo usadas soluções quase autônomas, mas a medida em que essas o mercado evolui, os riscos também aumentam”, ressaltou.

IA pode substituir profissionais do mercado financeiro? 

Quando o assunto é IA, o alvo dos especialistas são os sistemas multiagentes. Como o nome sugere, são sistemas em que vários “agentes” de inteligência artificial conversam entre si. Já no caso do mercado financeiro, a ideia é que a solução seja aplicada para análises autônoma de investimentos. 

Na visão de Clara, é pouco provável que essas soluções cheguem a um nível de autonomia para substituir um gestor de fundo, por exemplo.

Isso porque seria preciso um sistema robusto alimentado por uma base de dados extensa e extremamente confiável. “No fim, mesmo assim precisaria de um humano que de fato analisasse essas decisões geradas pela IA”, explica Clara.  

A especialista ainda ressaltou a importância de uma regulamentação em um mercado como esse, que tem como foco a inteligência artificial nos investimentos. “Se não houver uma regulamentação, como fazemos com os alimentos que comemos, por exemplo, surgirão muitos problemas. Quase um salve-se quem puder”.