Empresas petrolíferas da Europa avaliam transferência para bolsa dos EUA

Shell e TotalEnergies estão considerando fazer a mudança até meados do próximo ano

Empresas europeias de todos os tipos têm incluído ações nos EUA para alcançar mais acionistas e acessar novos mercados de capital nos últimos meses. O mesmo vem acontecendo entre as petrolíferas da Europa.

Particularmente, empresas de petróleo e gás têm motivações específicas do setor para considerar essa possibilidade, diante da pressão dos órgãos reguladores e dos investidores em seu continente natal.

O CEO da TotalEnergies, Patrick Pouyanné, disse que a empresa está considerando a possibilidade de transferir sua principal listagem de ações de Paris para Nova York, durante a teleconferência de resultados da empresa.

Para as petrolíferas da Europa, portanto, os EUA parecem um ambiente mais hospitaleiro para o setor de energia.

Investidores americanos continuaram comprando ações de empresas de petróleo e gás, mesmo quando a maioria dos administradores de fundos europeus as evitou.

Preocupação das petrolíferas da Europa com o clima

Assim, os investidores europeus, inclusive os fundos soberanos, se afastaram dos combustíveis fósseis devido às preocupações com o clima.

Os governos europeus também impuseram impostos inesperados sobre os lucros das empresas petrolíferas que, segundo os defensores do setor, são punitivos.

A diminuição da base de acionistas das ações europeias de petróleo, contudo, levou a um problema de valorização, segundo analistas e executivos europeus.

Pouyanné aponta que sua empresa ganha uma quantia de dinheiro comparável à da Chevron, mas é avaliada por um valor muito menor.

Em 2023, ambas as empresas reportaram cerca de US$ 21 bilhões em lucro líquido, mas a capitalização de mercado da Chevron é de US$ 300 bilhões, enquanto a da TotalEnergies é de US$ 180 bilhões.

A TotalEnergies talvez possa desfrutar dos benefícios de uma listagem de ações nos EUA e ainda manter sua associação com o governo francês.

A mudança da listagem de ações não exigiria a mudança da sede da TotalEnergies.

Pouyanné assegurou ao governo francês que a TotalEnergies continuaria sediada em Paris e manteria uma listagem secundária de ações lá, mesmo que a empresa decidisse mudar sua listagem principal.

Shell também estuda mudança

Pouyanné não é a única entre as petrolíferas europeias que está pensando nessa mudança. O CEO da Shell, Wael Sawan, disse à Bloomberg que sua empresa sediada em Londres também pode considerar a transferência de listagem, caso não consiga reduzir a diferença na avaliação de mercado em relação a seus pares dos EUA até meados do próximo ano.

Com informações da Dow Jones Newswires e Estadão Conteúdo