Busca por presidente na Boeing encontra algumas turbulências

Novo CEO terá de enfrentar investigação por parte do legislativo dos EUA enquanto tenta erradicar problemas de qualidade arraigados que levaram a grandes atrasos na produção e atraíram a ira de clientes de companhias aéreas, reguladores federais e investidores

Vários candidatos de alto perfil recusaram a chance de liderar a Boeing, complicando a busca da fabricante de jatos por um novo líder em meio a discussões sobre se o próximo presidente precisa estar baseado perto de suas fábricas na área de Seattle.

David Calhoun, então presidente da companhia, disse em março que renunciaria até o final do ano. O CEO da GE Aerospace, Larry Culp, amplamente considerado um candidato natural para o cargo, recusou o convite da Boeing, disseram pessoas familiarizadas com as discussões.

Outros possíveis candidatos — a diretora operacional da Boeing, Stephanie Pope, e o chefe da Spirit AeroSystems, Pat Shanahan — enfrentam complicações em seu caminho para o cargo mais alto, enquanto um dos próprios diretores da empresa, o veterano da indústria aeroespacial David Gitlin, também recusou uma abordagem.

Calhoun vai ao Capitólio na terça-feira (18) para testemunhar perante um painel do Senado em um confronto que promete destacar a natureza espinhosa do trabalho que a Boeing está tentando preencher. Ele deve ser questionado sobre tudo, desde a alta no número de denúncias até a cadeia de eventos que levou à quase catástrofe de janeiro, em que um pedaço da fuselagem se soltou de um Boeing 737 em voo.

O sucessor de Calhoun terá que lidar com essas questões, enquanto tenta erradicar problemas de qualidade arraigados que levaram a grandes atrasos na produção e atraíram a ira de clientes de companhias aéreas, reguladores federais e investidores.

Algumas das discussões incluíram se o próximo líder deveria estar baseado perto das fábricas da Boeing na área de Seattle, disseram algumas pessoas. A Boeing mudou sua sede para Chicago em 2001, e em 2022, a empresa anunciou planos para mover os principais escritórios para Arlington. Ela ainda tem uma fábrica na Carolina do Sul que produz 787s.

A busca executiva está sendo conduzida pela empresa de recrutamento e consultoria Russell Reynolds e pelo recentemente nomeado presidente da Boeing, Steven Mollenkopf, ex-CEO da Qualcomm. Entre os cenários que foram discutidos está ter Mollenkopf assumindo o cargo de CEO por um período de transição, especialmente se a empresa está visando um candidato interno como Pope para assumir, disseram as fontes.

Pope foi nomeada diretora operacional da Boeing em dezembro, superando outros candidatos internos. A Boeing colocou Pope no comando da problemática unidade de aviões comerciais após o acidente da Alaska Airlines.

Pat Shanahan, da Spirit, teve discussões com a Boeing sobre o cargo de CEO, mas as conversas estão em compasso de espera enquanto a Boeing negocia para assumir a Spirit.

A Spirit também fabrica peças para o rival da Boeing, Airbus. O futuro dessas operações foi o principal ponto de discórdia na venda, mas a Spirit e a Airbus desde então resolveram questões-chave, de acordo com pessoas familiarizadas com as discussões.

A Airbus disse em um comunicado na segunda-feira que está em negociações iniciais com a Spirit sobre opções para seus programas com o fornecedor, que incluem potencialmente adquirir operações da Spirit que fabricam peças da Airbus.

Os executivos da Boeing disseram que esperam ter um acordo até o final de junho.

Com informações do Valor Econômico