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Lula privilegia negociação de PEC e não pretende anunciar ministros nesta semana
O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva decidiu privilegiar a estadia em Brasília nesta semana para negociar a aprovação da PEC da Transição e, segundo duas fontes consultadas pela Reuters, deixar para depois quaisquer anúncios de escolhidos para ministérios, mesmo o do titular da Fazenda, nome cobrado por aliados.
Somente nesta quarta-feira, Lula se reuniu com os presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (PSD-MG), e da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), além dos líderes do Cidadania na Câmara, deputado Alex Manente (SP), e do PSDB, Adolfo Viana (BA), mas desde a segunda-feira tem conversado com bancadas –caso do PSD e do MDB.
Parte das conversas, ocorridas no hotel onde Lula está hospedado em Brasília, teve a participação do vice-presidente eleito, Geraldo Alckmin, e de Fernando Haddad, nome cotado para assumir a Fazenda. Com Pacheco, o presidente eleito chegou a conversar durante uma hora.
“Foi positivo”, resumiu Pacheco quando questionado sobre o encontro por jornalistas no Senado. “Amadurecimento de questões”, acrescentou, dizendo que não foi definido um valor para a PEC.
Já Manente disse que sua reunião se concentrou na avaliação da PEC. O líder adiantou que a bancada irá apoiar a proposta, mas defende que a exceção ao teto de gastos prevista pela PEC seja autorizada por apenas um ano, prazo inferior ao almejado pela equipe de transição, de 4 anos, ou ao menos 2.
“Nossa posição é que ano que vem precisamos garantir isso. O restante ainda vamos debater. Nossa visão não é de permitir que isso se alongue”, disse Manente.
De acordo com uma das fontes consultadas pela Reuters, Lula prefere anunciar um conjunto de nomes para os ministérios, e não se concentrar apenas na Fazenda, articulação política e Defesa, como se esperava para essa semana em Brasília, onde o presidente eleito está desde domingo.
Na última sexta-feira, a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, havia dito que o foco principal da viagem à capital federal era negociar a PEC. Não descartou, no entanto, a possibilidade de algum anúncio.
Lula também tem conversado com partidos, especialmente União Brasil, MDB e PSD, para confirmar a participação ou não das siglas na base do governo. O embarque efetivo das siglas mudaria o xadrez da composição dos ministérios, já que teriam de ser contemplados.
Nome mais cotado até agora para a Fazenda, o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad passou os últimos três dias em reuniões com Lula na capital, mas embarca de volta para São Paulo na noite desta quarta, em mais um sinal de que as definições não serão feitas esta semana.
Aos poucos, no entanto, o cenário vem se tornando mais claro, apesar de Lula não ter ainda indicado nenhum nome. A tendência, no momento, é que o deputado Alexandre Padilha, que chegou a ser cotado também para a Fazenda, fique com a articulação política e que o ex-ministro do Tribunal de Contas da União José Múcio Monteiro seja o indicado para a Defesa.
Coordenadora do grupo de transição para o Desenvolvimento Social, a senadora Simone Tebet deve ser de fato a titular da pasta, e uma das cerca de 10 mulheres que o presidente eleito pretende indicar para o primeiro escalão –aproximadamente um terço dos ministérios que Lula pretende ter, segundo uma terceira fonte.
Por Lisandra Paraguassu, de Brasília, Reuters.
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