Bolsonaristas vandalizam acervo do Palácio do Planalto avaliado em R$ 8,5 milhões

Valor total da destruição "não pôde ser avaliado" porque Planalto aguarda perícia e limpeza

Os terroristas bolsonaristas que invadiram o Palácio do Planalto na tarde de domingo destruíram um acervo de obras de arte e esculturas avaliado em mais de R$ 8,5 milhões. Dentre as obras danificadas, conforme uma lista divulgada pelo Palácio do Planalto, está a tela “As Mulatas” do pintor brasileiro Di Cavalcanti. A pintura é avaliada em R$ 8 milhões e foi encontrada com sete rasgos de diferentes tamanhos.

A obra de Cavalcanti é tida como a principal exposta no Salão Nobre do Palácio do Planalto e uma das maiores do artista. Além da pintura, a escultura de bronze “O Flautista”, de Bruno Jorge, avaliada em R$ 250 mil, e a escultura de parede do artista polonês naturalizado brasileiro Frans Krajcberg, avaliada em R$ 300 mil, foram quebradas em diversas partes.

Quadro de Di Cavalcanti pode valer 5 vezes mais em leilão

A lista divulgada pelo Planalto elenca todos os itens destruídos nos três andares do edifício. A pintura de Di Cavalcanti estava localizada no terceiro andar, junto com as esculturas avaliadas juntamente em R$ 500 mil.

O Planalto afirma que, apesar ser avaliada R$ 8 milhões, a pintura de um dos maiores artistas brasileiros pode chegar a um valor cinco vezes maior em leilões de arte.

A escultura “O Flautista”, diz a nota, foi “completamente destruída” pelos terroristas bolsonaristas; vários pedaços da obra espalhados pelo chão foram encontrados. Já a escultura de Frans Krajcberg, feita com galhos de madeira, foi quebrada em diversos pontos.

Mesa de JK e relógio de Luís XIV

Além das pinturas no terceiro andar, os bolsonaristas quebraram e rasgaram fotos da galeria dos presidentes no térreo, e usaram a mesa do ex-presidente Juscelino Kubitscheck como barricada.

O diretor de Curadoria dos Palácios Presidenciais, Rogério Carvalho, disse na nota que será possível realizar a recuperação da maioria das obras vandalizadas. Mas ele avalia ser “muito difícil” a restauração do Relógio de Balthazar Martinot, dado de presente por Luís XIV à família real portuguesa. A peça teria sido fabricada no fim do século XVIII e vindo para o Brasil com D. João VI, em 1808. O valor do relógio é considerado “fora de padrão” por Carvalho.

“O valor do que foi destruído é incalculável por conta da história que ele representa. O conjunto do acervo é a representação de todos os presidentes que representaram o povo brasileiro durante este longo período que começa com JK. É este o seu valor histórico”, comenta Carvalho. “Do ponto de vista artístico, o Planalto certamente reúne um dos mais importantes acervos do país, especialmente do Modernismo Brasileiro.”

Lista de patrimônio vandalizado no Planalto

Confira a lista completa do que foi destruído durante a invasão dos bolsonaristas em Brasília:

No andar térreo:

  • Obra “Bandeira do Brasil”, de Jorge Eduardo, de 1995 — a pintura, que reproduz a bandeira nacional hasteada em frente ao palácio e serviu de cenário para pronunciamentos dos presidentes da República, foi encontrada boiando sobre a água que inundou todo o andar, após vândalos abrirem os hidrantes ali instalados.
  • Galeria dos ex-presidentes

No 2º andar:

  • O corredor que dá acesso às salas dos ministérios que funcionam no Planalto foi brutalmente vandalizado. Há muitos quadros rasurados ou quebrados, especialmente fotografias. O estado de diversas obras não pôde ainda ser avaliado, pois é necessário aguardar a perícia e a limpeza dos espaços para só daí ter acesso às obras.

No 3º andar:

  • A pintura “As mulatas”, de Di Cavalcanti, avaliada em R$ 8 milhões
  • A escultura de bronze”O Flautista”, de Bruno Jorge, avaliada em R$ 250 mil
  • Escultura de parede em madeira de Frans Krajcberg, estimada em R$ 300 mil.
  • Mesa de trabalho de Juscelino Kubitscheck 
  • Mesa-vitrine de Sérgio Rodrigues — o móvel abriga as informações do presidente em exercício e teve o vidro quebrado.
  • Relógio de Balthazar Martinot — o relógio de pêndulo do Século XVII foi um presente da Corte Francesa para Dom João VI. Martinot era o relojoeiro de Luís XIV. Existem apenas dois relógios deste autor. O outro está exposto no Palácio de Versailles, mas possui a metade do tamanho da peça que foi completamente destruída pelos invasores do Planalto. O valor desta peça é considerado fora de padrão.