O Ibovespa fechou esta terça-feira (7) em queda de 0,45% (pós-ajuste), aos 104.225 pontos, reduzindo as perdas da tarde na última hora do pregão. O dia foi marcado pelo discurso do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, que indicou que a taxa final de juros pode ser maior do que a que eles projetavam.
Os principais índices de Wall Street também aprofundaram as quedas após as falas de Powell. Dow Jones fechou em queda de 1,72%, Nasdaq caiu 1,25% e o S&P500 encolheu 1,53%. Um pouco mais cedo, às 17h, o dólar fechou em alta de 0,50%, negociado a R$ 5,1932.
Após o presidente do Fed intensificar a queda nos índices americanos, os investidores começaram a precificar uma nova taxa terminal de juros no país, para um taxa entre 5,50% e 5,75% no final do ciclo, de acordo com dados coletados pela CME. A maioria das projeções estava entre 5,25% e 5,50%. Ontem, o Goldman Sachs fez um relatório apontando a taxa terminal em 6% ao ano.
Atualmente, a Fed Funds rate (taxa básica de juros nos EUA) está entre 4,5% a 4,75% ao ano.
Segundo a CME Group, a maioria dos agentes começa a esperar por cortes na Fed Funds rate apenas em meados de 2024.
Powell
O depoimento de Powell ao Senado não trouxe nenhuma grande novidade, mas reforçou algumas tendências que o mercado já esperava.
Entre os principais recados do presidente da autarquia, estão que mais altas nos juros serão necessárias, que a taxa final pode ficar maior do que a antes prevista (por eles, pois o mercado já precifica), que levará tempo até as altas sejam sentidas e que os dados recentes reforçam novas elevações na Fed Funds rate, nada de novo.
Powell disse também que o banco está preparado para elevar a intensidade das altas, atualmente no nível de 0,25 ponto percentual por reunião, sem, no entanto dar prazo ou data.
“Há pouco sinal de desinflação em serviços, excluindo o setor imobiliário”, disse. Em outro ponto, frisou que “apesar de desaceleração econômica, mercado de trabalho segue extremamente apertado” e que “restaurar a estabilidade dos preços deve requerer política monetária restritiva por algum tempo”, completou.
Nas últimas semanas, as expectativas são de que as taxas podem subir mais do que se precificava anteriormente, já que a inflação no país dá sinais de resiliência e o mercado de trabalho continua aquecido.
A próxima reunião de decisão de política monetária do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês) acontecerá nos dias 21 e 22 de março, mesmos dias da decisão de juros do Copom, no Brasil.
Commodities e China
As commodities também ficaram no radar. O minério de ferro subiu 2,1% no norte da China nesta terça-feira, para US$ 128 a tonelada, conforme o índice Platts, da S&P Global Commodity Insights. Na bolsa de Dalian, a alta foi de 1,3%.
Com isso, as ações ligadas às commodities metálicas podem ter um alívio nesta terça-feira, após a forte queda no pregão de ontem em razão da meta de crescimento econômico para este ano anunciada pela China. O objetivo de “cerca de 5%” foi menor do que analistas imaginavam.
Petróleo em forte queda
O petróleo do tipo Brent com entrega para maio fechou em queda de 3,35%, a US$ 83,29 por barril. Segundo analistas, as falas de Powell tiraram demanda por ativos de risco e fortaleceram o dólar, dois fatores negativos para a commodity energética.
Nacional
No radar local, a nova âncora fiscal segue em destaque. Ontem, sinais do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, de que a proposta do arcabouço estaria pronta e em discussão com outras pastas da equipe econômica agradaram os mercados.
Haddad afirmou ainda que a o projeto será apresentado como lei complementar. O ministro disse que o tema ainda não havia sido tratado com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Os principais índices europeus fecharam em queda nesta terça-feira: O DAX recuou 0,60%, CAC 40 perdeu 0,46%, BEL20 -0,76% e PSI20 – 0,22%.
Juros futuros
No fim do dia, a taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2024 caía de 13,275% no ajuste anterior para 13,195%; a do DI para janeiro de 2025 recuava de 12,70% para 12,62%; a do contrato para janeiro de 2026 passava de 12,87% para 12,78%; e a do DI para janeiro de 2027 cedia de 13,105% para 13,01%.