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Relatório indica projeção do Ibovespa com 131 mil pontos; é hora de entrar na Bolsa?
O Itaú mantém sua projeção do Ibovespa a 131 mil pontos, mesmo com o tom dúbio do Banco Central com relação ao futuro da taxa de juros. “Por enquanto, seguimos com o cenário de mercado firme. Se conseguir superar os 121.600 pontos, (o Ibovespa) abrirá espaço para avaliarmos a busca do topo histórico em 131.200 pontos”, reforça relatório do banco, divulgado na quinta (22).
A primeira reação do mercado à reunião do Copom tem sido negativa. O Ibovespa caiu 1,23% na quinta, depois do comunicado, com quase todas as ações do índice em queda. Mas a Bolsa encerrou a semana sustentando a nova alta consecutiva, um parâmetro importante.
Futuro próximo do Ibovespa
Entre os analistas ouvidos pela Inteligência Financeira, o clima também é positivo, apesar da queda pontual. Inclusive, o desempenho negativo da bolsa na quinta-feira pode ser uma boa oportunidade de entrada nos ativos de risco, diante da possibilidade de uma continuidade do movimento positivo dos últimos meses.
A bolsa registra alta de 2,50% em abril, +3,74% em maio e +11,16% em junho até 21/06, acumulando 18,20% nesse período. Mas na quinta-feira (22), a Bolsa fechou em queda de 1,23%. A manutenção da Selic em 13,75%, cujos passos futuros dependem dos próximos dados referentes à dinâmica da inflação e da atividade econômica, podem afetar a bolsa.
“Nesse sentido recomendamos cautela aos investidores, lembrando que esta alta recente permitiu um ajuste em grande parte dos papéis listados, mesmo de empresas com prejuízo e perspectivas limitadas de melhora”, completa Victor Martins, analista sênior da Planner.
Correção natural
Para Pedro Canto, analista CNPI da CM Capital, o movimento da última quinta-feira é “uma correção natural” já que o índice vem de uma sequência forte de altas. “Uma tendência de alta é feita de topos e fundos ascendentes, as correções são saudáveis. Porém, o cenário estrutural é benéfico para os ativos de risco”, explica.
Ele avalia que os setores mais beneficiados são aqueles mais sensíveis aos juros: empresas cíclicas. “Podemos citar o setor de consumo e varejo, incorporadoras e ações small e mid caps”, enumera.
“A diminuição dos juros permite que as famílias tenham alívio nas despesas financeiras, voltando a consumir mais e aumentando as receitas das empresas. Juros menores também contribuem para uma redução do financiamento imobiliário, beneficiando empresas do setor”, acrescenta.
Bolsa precisa dos movimentos corretivos
Guilherme Paulo, operador de renda variável da Manchester Investimentos, destaca que, desde as mínimas de março, a bolsa já tem acumulado 22% de alta, “o que é bastante relevante. Muitos ativos já subiram mais que a bolsa em si e hoje têm uma correção mais forte e a bolsa precisa desses movimentos corretivos para ganhar tração e seguir evoluindo”, diz.
“O que é importante é ser bastante seletivo na escolha dos ativos, talvez montar posição agora, mas aguardar mais um pouco ainda porque a bolsa de fato já subiu, a gente tem ativos descontados, mas temos várias incertezas”, complementa.
Ele destaca como pontos de instabilidade a questão do arcabouço fiscal, “cuja modelagem talvez não seja a melhor possível”, afirma. “A gente ainda tem a economia global desacelerando. Da China a gente viu dados de que a economia não está acelerando como o esperado porque o governo não está fazendo os estímulos que o mercado espera”, acrescenta.
Setores e empresas para entrar
A dica dele é montar posição de forma mais gradativa e, no decorrer do tempo, buscar empresas mais fundamentadas, capazes de suportar um cenário mais complexo. “A bolsa está barata porque existem riscos micro e macroeconômicos”, avalia Paulo.
Ele destaca as empresas mais alavancadas, com problemas de crédito, em setores mais delicados como grandes oportunidades para o momento, “com juros caindo, o que podem atrair atenção, embora o cenário seja de risco”, alerta.
Entre as empresas em melhores condições para absorver uma retomada das altas está a Cury, construtora de baixa renda, impactada pelo programa Minha Casa Minha Vida, além da Cyrela, que atua em alta renda, mas tem participação na de baixa renda por meio da Cury.
Outra oportunidade é a B3, “beneficiada por fatores macros e no micro, com os investidores tendendo a migrar para ações e fundos imobiliários, aumentando volume e receita da própria B3.
Outro papel de destaque é a CCR, que precisa de financiamento para construir portos aeroportos, ferrovias e rodovias. “Com os juros caindo, há mais capacidade de investimento depois do pacote de privatizações que foi organizado anos atrás. Além disso, a empresa tem endividamento elevado”, ressalta.
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