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Como investir em commodities? O que você precisa saber sobre petróleo, minério e outros itens
Embora não pareça à primeira vista, o brasileiro que atua na bolsa, via de regra, investe em commodities.
Afinal, ações de algumas das principais empresas da B3 sofrem a influência direta do preço desses materiais básicos. Mas, para obter ganhos relevantes com as commodities, é preciso se atentar a alguns pontos, como o ciclo de cada uma delas.
Especialistas ouvidos pela Inteligência Financeira falam sobre quais ações da bolsa estão relacionadas a produtos como petróleo, minério, carne e outros itens.
O que são commodities e como investir?
Commmodity é todo ativo que, de alguma forma, é negociado em larga escala. Mas não é só isso. Precisa ter demanda global e preço definido por fatores internacionais.
Portanto, de forma geral, commodity é o produto que o mercado entende que tem sobras no mercado para exportação e que pode ser negociado em larga escala. Enquanto há países que consomem e não produzem esse produto, tem os que produzem e não consomem totalmente, gerando excedente relevante para vender no mercado global.
Dito isso, as principais commodities da bolsa de valores são:
• Petróleo
• Minério de ferro
• Cana-de-açúcar
• Aço
• Proteína animal (carne)
• Soja
Para investir em commodities, primeiramente, é preciso dizer que a maneira mais simples é comprando ações de companhias impactadas pelo preço desses itens. Algumas das companhias mais famosas nesse segmento são Petrobras (PETR3; PETR4), Vale (VALE3), Suzano (SUZB3), Klabin (KLBN4), JBS (JBSS3), Marfrig (MRFG3), Minerva (BEEF3) e São Martinho (SMTO3).
O melhor momento para investir nesses papéis é quando há um ciclo de alta da commodity à qual o papel está exposto. “Nesses momentos, o resultado dessas empresas também sobe. Claro que a gente não vê essa variação todos os dias porque as empresas não oscilam na mesma intensidade que o preço das commodities”, alerta Thiago Lourenço, operador de renda variável da Manchester Investimentos.
Quais as melhores ações de commodities?
No setor de petróleo e gás, a Petrobras (PETR3; PETR4) é a empresa que mais se destaca na bolsa. Assim como as concorrentes, a companhia está bastante exposta ao petróleo e pouco ao gás. Além disso, por ser uma empresa com controle estatal, ela sofre o impacto de outras variáveis.
A política de preço dos combustíveis e de distribuição de dividendos, que passa por decisão do estado brasileiro, são alguns dos principais influenciadores no que diz respeito ao preço das ações da empresa.
Além da Petrobras, outras companhias impactadas pelo preço do petróleo na bolsa são Prio (PRIO3), antiga PetroRio, 3R Petroleum (RRRP3) e PetroReconcavo (RECV3).
Entre as commodities metálicas (minério de ferro e aço, principalmente), a Vale (VALE3) é a empresa que tem maior peso na bolsa por ser uma das maiores do mundo no comércio de minério de ferro.
Esta commodity também impacta o valor das ações da CSN Mineração (CMIN3), Usiminas (USIM5) e de algumas operações da Gerdau (GGBR4), esta, exposta principalmente ao valor do aço, assim como a CSN (CSNA3).
Em relação a setores, vale destacar o agro, com Cosan (CSAN3), Raízen (RAIZ4), São Martinho (SMTO3), Jalles Machado (JALL3) como algumas das empresas expostas ao preço do açúcar no mercado global.
A Boa Safra (SOJA3) e a SLC Agrícola (SLCE3) são empresas relacionadas ao comércio global de soja.
No segmento de papel e celulose, Suzano (SUZB3), Klabin (KLBN4) e Irani (RANI3) se destacam.
Já quando o assunto é proteína animal, Minerva (BEEF3), Marfrig (MRFG3) e JBS (JBSS3) são os nomes.
Quais commodities o Brasil produz?
O Brasil está entre os maiores produtores de minérios de ferro do mundo. Depois do pré-sal, o país se consolidou também como um importante exportador de petróleo. Além disso, o Brasil é conhecido globalmente pela sua produção de aço (oriundo do minério de ferro e outras matérias-primas), cana-de-açúcar, gás natural, soja e carne, comercializadas com outros países.
Porém, há também commodities regionais como, por exemplo, o feijão, que não têm mercado suficiente para serem negociadas diretamente na bolsa, via contratos. Já o arroz, que tem mercado no mundo todo, não é negociado diretamente em bolsa porque sua produção é universal e está direcionada, quase sempre, a atender a demanda doméstica.
“O arroz é um dos produtos mais consumidos do mundo. Porém, não tem uma cultura de negociação no mercado porque praticamente todos os países produzem para consumo interno e garantia da segurança alimentar”, afirma o especialista da Manchester.
Além disso, há outras commodities que, apesar da sua importância para a economia brasileira, não são negociadas em bolsa.
Confira a lista de commodities produzidas pelo Brasil, sejam elas negociadas ou não em bolsa:
• Petróleo
• Minérios de ferro
• Cana-de-açúcar
• Aço
• Gás Natural
• Soja
• Carne
• Arroz
• Feijão
• Café
• Milho
• Trigo
A lista foi produzida de acordo com informações de analistas e da Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) e consulta a especialistas do mercado.
É seguro investir em commodities?
A resposta é sim. Porém, é preciso ressaltar que há diferentes maneiras de fazer isso e algumas delas podem ser bem arriscadas. São os casos das exposições diretas às commodities – via contratos – e por meio de derivativos.
Como a proposta aqui é oferecer possibilidades mais seguras e simples, focamos especificamente nas ações do setor ligadas à commodities.
Dito isso, o primeiro passo para investir em commodities de maneira consciente é acompanhar o preço desses ativos o tempo todo.
Mas, se a ideia é antecipar esse movimento para se movimentar antes do restante do mercado, é preciso entender a relação entre a oferta e a demanda no cenário global. Isso permite compreender, com antecedência, para qual direção o preço deve seguir.
Qual a melhor commodity para investir?
Não existe uma commodity ideal para investir, existe o melhor momento de acordo com o ciclo de alta e queda que cada um desses itens passa ao longo do tempo. Portanto, para saber qual a melhor commodity para investir em determinando momento, é preciso estar atento aos monitores internacionais que acompanham os preços, como o Trading Economics, que é aberto e gratuito.
Além disso, é preciso olhar a concorrência no mercado internacional. Por exemplo, no caso do minério de ferro, a Vale é a grande empresa exposta a essa commodity no Brasil, mas ela tem fortes concorrentes, especialmente na Austrália, como BHP Billiton e Rio Tinto. Quando o assunto é petróleo, a Petrobras enfrenta gigantes como Saudi Aramco, Exxon Mobil, Shell, Chevron, entre outras.
A concorrência é capaz de impactar diretamente o preço das ações das empresas relacionadas às commodities, especialmente no caso do petróleo, em que a Arábia Saudita detém amplo domínio do mercado e pode influenciar diretamente o preço dessa commodity.
Por isso, é importante acompanhar as medidas macroeconômicas de países onde estão essas empresas, além das decisões internas dessas companhias que disputam com as brasileiras.
Petróleo futuro: devo olhar?
Os monitores de mercado costumam apresentar preço presente e futuro de algumas commodities, em especial, no que diz respeito a petróleo e minério de ferro. Mas Gustavo Cruz, estrategista da RB investimentos, diz que, “o que realmente interessa é o que está subindo hoje”, ou seja, o valor presente dos materiais.
Além de ser o melhor indicativo para acompanhar, esse preço é referência para o futuro, que poucas vezes se descola de maneira relevante do valor atual, tanto no petróleo quanto no minério de ferro.
O que faz preço nas commodities agropecuárias?
Sobre proteína animal e commodities agro, as condições de produção do Brasil fazem preço, especialmente em proteína animal. Ou seja, o país é capaz de influenciar diretamente o preço das commodities.
Por outro lado, quando o assunto é demanda, o grande direcionador do mercado é a China. O aquecimento da economia chinesa e o aumento local da demanda por alimento são decisivos para o preço dessas commodities e, por consequência, das ações das empresas do setor.
O que faz preço no petróleo e no minério de ferro?
Leandro Petrokas, diretor de Research e sócio da Quantzed, destaca o petróleo como commodity que oferece boas possibilidades. “Como são poucos os produtores mundiais, há certas negociações para manutenção do preço da commodity em níveis que sejam interessantes para os produtores”.
Outra possibilidade é o minério de ferro, que registrou um momento de alta valorização antes de 2023, mas entrou em um ciclo negativo depois. Novamente, problemas na demanda chinesa afetaram negativamente essa commodity. Isso porque o mercado de construção e infraestrutura do país, que é o maior consumidor da commodity no planeta, arrefeceu.
Ainda assim, o minério de ferro segue sendo uma das commodities mais negociadas no mundo e possui ciclos de alta importantes.
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