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Natura: Como os bancos de investimento avaliam a possível separação ou IPO da Aesop
A Natura &Co comunicou ao mercado na noite desta segunda-feira (17) que seu conselho de administração autorizou o início de estudos comparativos entre uma oferta pública inicial (IPO) ou uma cisão da Aesop, que pode ser seguida de uma potencial oferta pública.
A notícia repercutiu no mercado e os principais bancos de investimento estão se pronunciando sobre a possível movimentação. A avaliação é de que a separação é positiva, mas os analistas fazem ressalvas importantes.
Goldman Sachs
Uma potencial separação ou oferta pública inicial de ações (IPO) da Aesop pode eventualmente liberar valor para os acionistas da Natura&Co, mas isso depender do formato e do valor que o mercado atribuiria às entidades separadas, avalia o Goldman Sachs, em relatório.
Os analistas Irma Sgarz, Felipe Rached e Gustavo Fratini escrevem que a Natura&Co atualmente é negociada a 5,8 vezes valor da empresa sobre Ebitda em 2023, e assumindo que a Aesop negociaria em linha com pares globais de beleza com perfil de crescimento semelhante, de 10 vezes a 16 vezes, eles estimam até 50% de alta ante o valor de mercado atual estimado.
Eles destacam que a Aesop é a marca de beleza mais voltada para o luxo da Natura &Co, com penetração on-line de 23%, e está atualmente focada em fortalecer sua presença na Ásia e entrar na China enquanto expande a presença da marca em seus principais mercados. Os analistas preveem receitas para 2022 de R$ 3 bilhões para Aesop, com margem Ebitda de 22%.
Os analistas afirmam ainda que, embora reconheçam que certas tendências e o foco da administração na redução de custos são encorajadores, a Natura&Co está exposta a uma demanda e perspectiva de margem desafiadoras nos principais mercados, especialmente na Europa, onde o posicionamento da marca e o poder de precificação pode não ser forte o suficiente para compensar fatores contrários macroeconômicos.
O Goldman Sachs tem recomendação neutra para as ações da Natura &Co, com preço-alvo de R$ 17, potencial de alta de 30,9% ante o fechamento de ontem na B3.
XP
Uma segregação da Aesop, seja via cisão ou oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês), destravaria valor para a Natura &Co, apesar de agora não ser o melhor momento para a operação, diz a XP.
Os analistas Danniela Eiger, Gustavo Senday e Thiago Suedt escrevem que as operações da América Latina da companhia estão sendo negociadas a um desconto de 40% sobre pares globais, assumindo que as unidades internacionais têm seu valor zerado.
Apesar disso, eles apontam que a Aesop está passando por um ciclo mais pesado de investimento para entrar na China, o que pressiona a rentabilidade no curto prazo, além do país, principal avenida de crescimento da Aesop, passar por desafios macro.
Esses fatores, combinado com o momento ruim do mercado acionário para ofertas de ações, tanto aqui quanto no exterior, dão à impressão para a XP que esse não é o melhor momento para a operação.
“Enxergamos esse comunicado como o primeiro movimento de reorganização da nova gestão da Natura, possivelmente abrindo caminho para novos anúncios”, comentam.
A XP tem recomendação de compra para Natura &Co, com preço-alvo em R$ 25, potencial de alta de 92,4% sobre o fechamento de ontem.
Citi
A potencial oferta pública inicial de ações (IPO) ou separação da australiana Aesop pode liberar valor para a Natura &Co, trazendo à tona a avaliação de uma de suas unidades de negócios de maior crescimento, diz o Citi, em relatório.
A Aesop representa 6% das vendas líquidas da Natura &Co, e 15% do Ebitda, e teve 35% de taxa de crescimento anual composta de 2016 a 2021, escrevem os analistas João Pedro Soares, Felipe Reboredo e equipe.
Segundo eles, com base na avaliação das empresas de beleza global mais a presença geográfica privilegiada da Aesop, o ativo pode ser negociado de 10 vezes e 20 vezes o chamado valor de empresa (valor de mercado mais dívidas) sobre Ebitda, um prêmio considerável para os atuais 5,7 vezes do valor da empresa sobre Ebitda da Natura.
Ao mesmo tempo, a avaliação independente da Natura variaria entre 2,7 vezes e 5,1 vezes de valor de empresa sobre Ebitda, um desconto considerável para empresas globais, afirmam os analistas. Para eles, o acréscimo de valor parece claro a preços atuais, na medida em que a Natura caiu 49% no acumulado do ano.
“Acreditamos que o ativo comandaria múltiplos mais altos em um ambiente de mercado mais favorável, especialmente considerando a atual falta de visibilidade decorrente do conflito na Europa Oriental.”
O Citi tem recomendação neutra de alto risco para as ações da Natura &Co, com preço-alvo de R$ 20, potencial de alta de 54% ante o fechamento de ontem na B3.
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