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Azul (AZUL4) reporta lucro líquido de R$ 1,1 bi no 4º tri com eventos não-recorrentes
Empresas citadas na reportagem:
A companhia aérea Azul (AZUL4) registrou um lucro líquido de R$ 1,1 bilhão no quarto trimestre de 2022, revertendo o resultado negativo de R$ 392 milhões de um ano antes. No fechamento do ano, a empresa teve um prejuízo líquido de R$ 722 milhões, queda de 82,9% na comparação com 2021.
Os resultados, no entanto, foram afetados positivamente por itens não-recorrentes no valor de R$ 567 milhões, sobretudo relacionados à reversão parcial de baixa contábil (impairment) de 14 aeronaves. Desconsiderando os eventos não-recorrentes, a empresa obteve um prejuízo líquido ajustado de R$ 610,5 milhões no trimestre, ainda assim, uma redução de 40% nas perdas na comparação com um ano antes.
Por volta das 11h05 a ação AZUL4 subia 16,71%, a R$ 8,45.
A melhora no resultado da empresa foi sustentada pela firme demanda, que levou a um aumento de 10,3% na oferta de assentos (em ASK) e pelo maior preço do bilhete. O yield, ou seja, o preço pago pelo passageiro para voar um km, saltou 15,8% no trimestre, para R$ 0,5060.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) fechou o trimestre em R$ 1,097 bilhão, alta de 6,9% na comparação anual, com margem de 24,6%, queda de 2,9 pontos percentuais. No fechamento do ano, o Ebitda ficou em R$ 3,230 bilhões, o dobro do reportado em 2021.
A receita líquida foi de R$ 4,453 bilhões no trimestre, alta de 19,4%. Considerando apenas o transporte de passageiros, a receita fechou o último trimestre do ano passado em R$ 4,119 bilhões, alta de 21,3%.
O resultado operacional da empresa foi positivo em R$ 524,7 milhões, estável na comparação anual. A margem operacional ficou em 11,8%, queda de 2,3 pontos percentuais.
No trimestre, a empresa transportou 6,998 milhões de passageiros, queda de 2,2% na comparação com igual trimestre de 2021.
Negociação trará economia de R$ 3 bi
A Azul irá conseguir uma economia de caixa na ordem de R$ 3 bilhões neste ano com a negociação fechada com os arrendadores e fabricantes de aeronaves, disse John Rodgerson, presidente da aérea, ao Valor. A negociação foi anunciada na última noite, em fato relevante, e abraça mais de 90% do seu passivo de arrendamento – sozinho, os arrendadores respondem por 80% da dívida bruta da empresa. O executivo disse que as negociações ainda estão em andamento e a estimativa é chegar a um acordo com 100%.
A negociação envolveu diversas frentes. Especificamente com os arrendadores, Rodgerson explicou que a empresa conseguiu também um ajuste no preço do aluguel para condições de mercado, além de não pagar a reserva de manutenção para a operação das aeronaves.
“O que fizemos foi um ajuste grande onde eu consegui pegar toda a dívida da covid e reduzir o preço do aluguel daqui para frente. Isso mudou completamente o meu fluxo de caixa na próxima década. O mercado está muito preocupado com o cenário de crédito local por causa da questão Americanas, mas eu não pego crédito local”, disse, ao contrapor a recente preocupação com as renegociações da empresa. O executivo explicou que o impacto positivo da negociação será maior neste ano, mas trará efeitos também nos próximos anos.
Segundo o executivo, com o ajuste, a empresa vai parar de queimar caixa e passará a gerar caixa neste ano — a estimativa, antes, era alcançar caixa positivo apenas em 2024.
“No Azul Day eu havia falado que a gente esperava uma queima de caixa de R$ 3 bilhões. Através desses acordos, eu resolvi esse valor”, disse, e emendou: “A operação em si sempre gerava caixa, mas o problema é que a gente estava carregando o peso da covid e desvalorização cambial. A gente não só consertou 2023, como os anos daqui para frente também”, disse.
Rodgerson disse que parte dos pagamentos aos arrendadores será via equity em 2030. “O lessor vai receber ações baseada na nova Azul, que vai ser negociada de novo entre 7 vezes e 8 vezes o Ebitda [como era no passado]. Agora estamos na metade disso. A ação da Azul está super desvalorizada nesse momento”, disse.
O executivo explicou ainda que a negociação não abraçou os bondholders, uma vez que os papéis vencem apenas em 2024.
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