EDP (ENBR3) é destaque na B3 com possibilidade de entrega maior de dividendos

Venda da hidrelétrica de Mascarenhas surpreendeu o mercado e alavancou as expectativas

A ações da EDP bateram R$ 23,13 às 11h53, registrando uma valorização de 4,33% relacionada à venda da hidrelétrica de Mascarenhas, em Minas Gerais. Com isso, os papéis da empresa de energia registraram o melhor desempenho na Bolsa de Valores na manhã desta quarta-feira (31).

A Paraty Energia e o fundo VH Global Sustainable Energy Oportunities (GSEO), administrado pela Victory Hill Capital Partners, anunciaram a compra da usina por mais de R$ 800 milhões.

Os analistas João Pimentel e Gisele Gushiken, do BTG Pactual, analisaram os números de Mascarenhas e chegaram a um valor presente líquido justo de R$ 572 milhões. Assim, eles consideram o pagamento de R$ 800 milhões positivo para a empresa, gerando valor presente líquido de R$ 228 milhões.

Além disso, a EDP terá direito a um ganho adicional de R$ 425 milhões se a concessão for renovada. A concessão original de Mascarenhas expirou em julho de 2025, mas foi prorrogada até março de 2027, dizem.

Dividendos maiores

Os analistas ressaltam que a empresa deve registrar aumento de dividendos pela frente com um ganho de capital líquido de impostos de R$ 354 milhões. “Assumindo um pagamento de dividendos de 50%, a transação aumenta nosso rendimento de dividendos esperado para 2022 de 5,5% para 6,8%”, dizem. O BTG Pactual tem recomendação neutra para as ações da EDP Brasil, com preço-alvo de R$ 23.

Valor de venda surpreendente

Os analistas do Citi Antonio Junqueira e Guilherme Bosso escrevem que o valor que a operação pode alcançar, passando de R$ 1 bilhão, é surpreendente. O banco diz que o valor justo pela usina seria de R$ 638 milhões. Levando em conta o montante de R$ 898 milhões que a empresa deve levar, após impostos, a companhia conseguiu um bom prêmio, consideram os analistas.

A negociação

A Paraty Energia e o fundo VH Global Sustainable Energy Oportunities (GSEO entraram com um aporte de R$ 800 milhões pagos à vista no fechamento da operação e outros R$ 425 milhões a serem pagos 18 meses antes de vencer a concessão, em março de 2027. O recebimento desse valor extra está condicionado ao processo de renovação de concessão da usina.

Ao Valor Econômico, o presidente, Pedro Pileggi, e o diretor comercial, André Ogliara, ambos da Paraty, explicam que a empresa entra como sócia minoritária no ativo, mas com incentivos que turbinam a remuneração, como o direito de operar a usina, já que a Victory Hill nomeou a Paraty Energia como sócio operacional local.

“Tínhamos as competências locais com a experiência de financiamento do setor elétrico, comercialização, regulatório, assessoria e capital alocado na empresa. Mas para comprar um ativo de grande porte precisávamos de um parceiro investidor, conta Pileggi.

Dinheiro para ações estratégicas

Para o grupo português EDP, a vantagem do negócio é diminuir a exposição a riscos associado ao clima e hidrologia em seu portfólio e levantar recursos para investir em frentes consideradas mais estratégicas para o futuro, como energia solar e transmissão. Estão à venda outras duas usinas, Santo Antônio do Jari e Cachoeiras Caldeirão, que juntas somam 612 MW de potência.

“Estamos felizes em anunciar esta transação, que está alinhada ao nosso compromisso estratégico de balancear o nosso portfólio de geração, possibilitando reduzir a exposição ao risco hídrico e ampliar o nosso investimento em energia solar”, afirma o presidente da EDP no Brasil, João Marques da Cruz.

A usina Mascarenhas tem 198 megawatts (MW) de capacidade instalada e está localizada no rio Doce, no Estado do Espírito Santo. Em junho de 2022 possuía patrimônio líquido de R$ 263,5 milhões e Ebitda de R$ 176,5 milhões nos últimos 12 meses.

Aproximadamente 60% da energia produzida é comercializada por meio de contratos de longo prazo.