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5G no Brasil: visão otimista para operadoras e celular usado em alta
A frequência 5G foi lançada na cidade de São Paulo na semana passada, liderada pela TIM, em um bom começo da tecnologia no Brasil, enquanto a demanda por dados deve aumentar e as empresas de telecomunicação não devem ter problemas para lidar com o tráfico extra, diz o Bank of America em relatório.
Os analistas Fred Mendes, Mirela Oliveira e equipe escrevem que a TIM foi a única empresa a fazer o lançamento em todos os 96 bairros de São Paulo, enquanto a Telefônica Brasil, dona da Vivo, começou em 54 e a Claro, da América Móvil, em 52.
Eles afirmam que a velocidade disponível para usuários móveis aumentará muito, superando a banda larga fixa. “A nosso ver, esta nova realidade abrirá as portas para um maior consumo de dados por parte dos usuários, o que com o tempo deverá aumentar a demanda por mais dados e apoiar a estratégia ‘mais por mais’ das empresas de telecomunicações, que aumenta os pacotes de dados, mas também os preços.”
Em termos de capacidade de dados, eles afirmam que isso não será um problema, pois segundo a TIM, apenas 4% ou 5% dos usuários já possuem celulares compatíveis com 5G, e a empresa também acaba de receber espectro extra com a aquisição dos ativos móveis da Oi. Além disso, com os celulares compatíveis migrando para 5G, a carga na rede 4G será reduzida.
Segundo os analistas, a tecnologia 5G está longe de seu pleno potencial, e espera-se alguma instabilidade à medida que as redes são testadas em escala real. “Estamos apenas no ponto de partida de um processo que deve mudar a forma como os usuários consomem dados móveis, o que abre possibilidades interessantes para as empresas de serviços móveis”, dizem eles.
Eles afirmam manter sua visão otimista para as grandes empresas de telecomunicações, citando balanços robustos, liquidez alta liquidez, ganhos potenciais de um mercado mais racional com apenas três empresas móveis, sinergias a serem extraídas do negócio móvel da Oi, ganhos com a redução do ICMS e lançamento do 5G.
O BofA tem recomendação de compra para TIM, com preço-alvo de R$ 19, potencial de alta de cerca de 45%; recomendação de compra para Telefônica Brasil, com preço-alvo de R$ 60, potencial de alta quase 30%; e recomendação neutra para recibos de ações (ADRs) da América Móvil negociados na Bolsa de Nova York, com preço-alvo de US$ 21, potencial de alta de mais de 10%.
Busca por celular usado
A estreia das redes 5G no Brasil, desde o início de julho, também estimula as vendas de celulares 5G usados. A empresa de venda de aparelhos seminovos Trocafone vendeu 1.061 smartphones compatíveis com as redes 5G entre janeiro e junho deste ano, o dobro do volume comercializado no segundo semestre do ano passado.
“São modelos como iPhone 12, Samsung Galaxy S21 e Moto Edge, que já estão no mercado há um ou dois anos e agora são trocados por consumidores que compram as novas gerações desses aparelhos”, disse Guille Freire, presidente e fundador da Trocafone, ao Valor.
O 5G, na faixa de 3,5 gigahertz (GHz), deverá ser lançado na próxima terça-feira (16) em Curitiba, Goiânia e Salvador. A estreia no Rio de Janeiro ainda está em definição, informou o grupo de acompanhamento da implementação do 5G, o Gaispi.
Atualmente, o 5G está presente em bairros de São Paulo, onde estreou na quinta-feita (4), Belo Horizonte, João Pessoa, Porto Alegre e Brasília.
A chegada do 5G é um estímulo maior à troca de aparelhos usados, seja de modelos 4G para 5G, seja de aparelhos compatíveis com redes 5G non-standalone (NSA) por modelos 5G standalone (SA), ou “puro”. Neste caso, aparelhos compatíveis prometem um melhor aproveitamento da baixa latência, ou tempo de resposta, de 1 milissegundo das redes 5G, na frequência de 3,5 GHz.
“As operadoras fazem um esforço significativo para impulsionar a troca por aparelhos 5G e isso acelera muito o mercado de seminovos”, diz o executivo.
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