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Wall Street e Fed fracassaram ao tentar prever 2022 e 2023 poderá reservar mais surpresas
Quase todo mundo em Wall Street e em Washington errou em 2022. O Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA) esperava que o aumento da inflação de 2021 fosse transitório. Não foi. O núcleo da inflação subiu para uma alta de quatro décadas neste outono, quase triplicando a previsão do Fed para o ano inteiro.
Os principais analistas de Wall Street previram que os mercados teriam um ano mais ou menos. Mas, com apenas alguns dias de negociação restantes em 2022, o S&P 500 caiu 19% e está a caminho de sua maior perda anual desde a crise financeira de 2008. Os títulos de dívida (bonds) estão caminhando para seu pior ano já registrado.
Erros de investidores, analistas e economistas
Os erros de investidores, analistas e economistas deixaram muitos olhando para o próximo ano com uma sensação de desconforto. Os grandes debates de 2023 já estão em andamento: o Fed sinalizou que espera continuar aumentando as taxas de juros, mas os traders estão precificando os cortes nas taxas. Os executivos de empresas estão alertando sobre uma possível recessão, mas economistas de alguns bancos, incluindo Goldman Sachs Group Inc. e Credit Suisse Group AG, veem a economia dos EUA evitando uma desaceleração em 2023.
Se há uma lição a ser aprendida dos últimos 12 meses, alguns investidores e analistas dizem que é esta: esteja preparado para mais sobressaltos.
“Todos abordamos o próximo ano com um certo nível de humildade”, disse Christopher Smart, estrategista-chefe global e chefe do Barings Investment Institute.
Como muitos outros estrategistas, Smart esperava que a inflação fosse moderada em 2022. Mas ele não previu que a Rússia invadiria a Ucrânia, fazendo com que os preços do petróleo e as ações de energia subissem brevemente. Ele também não antecipou quanto tempo a China manteria sua política de covid zero, que prolongou os problemas da cadeia de suprimentos para empresas em todo o mundo.
“Você sempre pode dizer, em retrospecto, que sabia que eram riscos. Mas eles eram considerados improváveis no ano novo”, disse Smart.
O que Wall Street considera improvável no próximo ano?
Neste momento, parece ser outra aceleração da inflação. Cerca de 90% dos investidores esperam que a inflação global seja menor nos próximos 12 meses, de acordo com a pesquisa de dezembro do Bank of America Corp. com gestores de fundos. Essa é a maior taxa na história da pesquisa.
A crescente confiança de que a inflação pode ter atingido o pico faz com que muitos investidores apostem em uma reversão do mercado em 2023. Gestores de fundos relataram ter uma parcela de títulos acima da média em suas carteiras pela primeira vez desde 2009, de acordo com pesquisa do Bank of America. Em outras palavras, muitos investidores estão contando com a queda da inflação para tornar o perdedor deste ano – os bonds – um dos grandes vencedores do ano que vem.
“Acho que se você é uma pessoa que aposta, deve concluir a partir dos dados que a inflação está caindo”, disse Nancy Tengler, diretora de investimentos da Laffer Tengler Investments.
O presidente do Fed, Jerome Powell, disse que é muito cedo para concluir que a inflação atingiu o pico. Mas Tengler, entre outros, é cética.
Os preços de tudo, desde passagens aéreas a carros usados e remessas, caíram nos últimos meses, disse Tengler. Isso ajudou os consumidores a ficarem mais otimistas sobre as perspectivas para a economia. Dados divulgados na quarta-feira mostraram que as no próximo ano caíram para o nível mais baixo em mais de um ano em dezembro, enquanto seu nível de confiança subiu para uma alta de oito meses.
Os operadores de títulos tomaram nota. Em um sinal de que muitos acreditam que o Fed pode não ter muito mais o que fazer em seus aumentos de juros, o rendimento da nota do Tesouro dos EUA de dois anos estava em 4,321% na sexta-feira, um aumento substancial para o ano, mas uma queda de mais de um terço do um ponto percentual de seu pico de novembro.
Rendimentos de curto prazo
Os rendimentos de curto prazo tendem a seguir as expectativas dos traders para a política monetária, subindo quando o mercado antecipa o aumento das taxas do Fed e caindo quando se espera que o Fed comece a pausar ou recuar.
“Não vai cair em linha reta, mas acho que a inflação vai surpreender muitos pelo lado negativo”, disse Tengler, cuja empresa tem investido mais dinheiro em ativos de risco, como ações, nos últimos meses.
Outros permanecem não convencidos. As reviravoltas do ano passado os deixaram cautelosos em questionar o Fed. No mínimo, vale a pena questionar o que se acredita que se tornou consenso, dizem eles.
Gestores de fundos consultados pelo Bank of America dizem que a inflação alta é o principal “risco de cauda” para os mercados, seguida por uma profunda recessão global e bancos centrais mantendo a política monetária rígida. Na linguagem do mercado, os riscos de cauda são geralmente eventos negativos que os investidores consideram improváveis de acontecer.
“O mercado continua acreditando que cada aumento da taxa de juros é um dos últimos, embora o Fed continue dizendo aos mercados que não é”, disse Scott Colyer, executivo-chefe da Advisors Asset Management. “Acho que se você luta contra o Fed, você o faz por sua conta e risco.”
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