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Pix substitui caixas eletrônicos com saques em estabelecimentos e gera nova disputa entre bancos
Mais estabelecimentos comerciais e de serviços no Brasil estão aderirindo às novas modalidades do Pix: Pix Saque e Pix Troco. Elas permitem que consumidores obtenham dinheiro em espécie em estabelecimentos comerciais em vez de ficar procurando um caixa eletrônico de banco. As operações estão crescendo não apenas nos negócios de Almeida, mas em todo o país, segundo dados do Banco Central (BC).
Lançados em dezembro, o Pix Saque e o Pix Troco ainda estão engatinhando. Somaram R$ 41,1 milhões em 290 mil operações em quatro meses, mas o crescimento está acelerando. Foram R$ 17,7 milhões só em março, 37 vezes o registrado no primeiro mês de operação.
Técnicos do BC e especialistas acreditam que é só o começo. As duas modalidades são convenientes para consumidores e de fácil adesão para os lojistas, que podem usar as facilidades para atrair clientes e ainda ganhar com as taxas pagas pelos bancos. A novidade renova a disputa entre bancos e fintechs (as start-ups financeiras) pelas contas dos empreendedores.
A possibilidade de tornar qualquer caixa registradora de loja um caixa eletrônico, à primeira vista, é o grande trunfo de Pix Saque e Troco. No entanto, eles também ampliam a integração de pequenos negócios ao Pix e começam a provocar mudanças no sistema financeiro.
Bancos de todos os portes se preparam para uma nova “guerra” pelas contas das empresas, tendo gestão integrada do Pix e remuneração das operações como novas armas para tirar clientes pessoas jurídicas dos concorrentes.
Assim como ocorre no saque em caixas eletrônicos, os clientes têm direito a oito retiradas por Pix Saque e Troco por mês sem tarifa. Mas, de qualquer maneira, os bancos de quem saca pagam uma taxa aos estabelecimentos comerciais pelo serviço.
Varia de R$ 0,25 a R$ 1 por retirada, depende das condições oferecidas pela instituição intermediária ao comerciante. Segundo especialistas, há um benefício econômico para quem (instituição financeira) trabalha com conta pessoa jurídica, que é um cliente mais qualificado e rentável. O mercado de adquirência tem uma grande disputa pela clientela na definição da tarifa que é cobrada na “maquininha”, e algo similar ocorrerá o Pix Saque e Troco, porque é mais um elemento no pacote.
Para oferecer Pix Saque e Troco no estabelecimento, o empresário precisa de outro intermediário — e por enquanto, só seis bancos estão habilitados no país para este papel. Assim, a popularização das modalidades de saque do Pix pode gerar um movimento de “leilão” dos bancos pelos clientes pessoas jurídicas centrado no repasse das taxas em cada operação.
O diretor executivo de Inovação, Produtos e Serviços Bancários da Febraban, Leandro Vilain, diz que, apesar da concentração bancária no país, a concorrência está acirrada, e não é diferente com o Pix. “Não é à toa que o sistema bancário (brasileiro) é um dos mais modernos do mundo em termos de tecnologia.”
Boa parte da agressividade no mercado vêm das fintechs. A Zetta, associação criada por Nubank e Mercado Pago para representar empresas de serviços financeiros digitais, concorda com a associação dos bancos que “os novos serviços contribuem para aumentar a competitividade no mercado financeiro e descentralizar a oferta de serviços como o saque”, afirmou em nota.
Além do relacionamento com clientes empresariais, as modalidades de saque do Pix são uma forma barata de os bancos agradarem às pessoas físicas, que têm que vincular suas chaves a uma instituição para usar o Pix, observa diz Luis Miguel Santacreu, analista da Austin Ratings.
“Cada vez menos as pessoas estão indo para agências, e a pandemia acelerou um processo já em curso. É custoso para os bancos terem um número enorme de agências, gastando com transporte de numerário, e isso abre uma janela de outras oportunidades. O BC olha para a digitalização das operações, e os bancos estão embarcando nisso para economizar nos custos.”
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