Inflação: IPCA sobe 0,53% em janeiro, abaixo das projeções; taxa deve acelerar em fevereiro, apontam economistas

O resultado no primeiro mês do ano representa uma leve desaceleração em relação à alta de 0,62% observada em dezembro

O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) informou nesta quinta-feira (9) que o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) teve alta de 0,53% em janeiro de 2023. A taxa ficou levemente abaixo da expectativa do mercado, que projetava um avanço de 0,57% no mês, segundo a mediana de 41 estimativas de consultorias e instituições financeiras coletadas pelo Valor Data.

O resultado representa ainda uma desaceleração em relação à alta de 0,62% observada em dezembro.

Já no acumulado de 12 meses, o IPCA ficou em 5,77%. A inflação esperada pelos agentes financeiros no período, conforme o Valor Data, era de 5,82% em janeiro, acima dos 5,79% do fechamento de 2022.

Para o fim de 2023, a mediana das estimativas de 22 casas indica inflação de 5,20%, ainda longe da meta do Banco Central, que é de 3,25%.

Destaques do IPCA de janeiro

O grupo de alimentação e bebidas (0,59%) exerceu o maior impacto positivo sobre o índice geral, contribuindo com 0,13 ponto percentual (p.p.), destacou o IBGE. O grupo dos transportes (0,55%) exerceu a segunda maior influência, com impacto de 0,11 p.p., com combustíveis registrando alta de 0,68%.

Comunicação (2,09%) foi o grupo que registrou a maior variação em janeiro, puxado pela alta dos subitens TV por assinatura (11,78%) e combo de telefonia, internet e TV por assinatura (3,24%). O grupo habitação registrou avanço de 0,33%.

Houve desaceleração no grupo de saúde e cuidados pessoais (de 1,60% em dezembro para 0,16% em janeiro). Além disso, dos nove grupos de produtos e serviços pesquisados, apenas vestuário apresentou variação negativa (-0,27%) no mês.

O que esperar do IPCA em fevereiro?

“A leitura do IPCA de janeiro seguiu indicando desaceleração na trajetória de inflação, com núcleos perdendo força na margem, tanto em bens quanto em serviços. À frente esperamos que a inflação acelere na leitura de fevereiro, principalmente com impacto dos reajustes de mensalidades e matrículas que sazonalmente pressionam a inflação do mês”, destacou o Itaú Unibanco, em relatório assinado pelas economistas Julia Passabom e Luciana Rabelo.

“Nos próximos meses também esperamos a volta de cobrança de Pis/Cofins sobre a gasolina, com impacto no mês de 0,65 p.p. A queda de preços de commodities em reais e a normalização no nível de ociosidade da indústria e estoques indicam que inflação de comercializáveis deve seguir perdendo força adiante”, acrescentam as especialistas.

A economista da AZ Quest, Mirella Hirakawa, afirmou que a conclusão principal é a de que a tendência de desinflação está mantida. “A mensagem principal desse número é que a desinflação segue no Brasil. Passamos do patamar 5,87% [na inflação acumulada em 12 meses] vista no IPCA-15 para 5,77%. Nossa expectativa é que essa desinflação continue em fevereiro”, disse.

A projeção da AZ Quest é de que a inflação fechada de fevereiro será de 0,87%, o que será acima do resultado de janeiro, mas bem abaixo do padrão mais recente para fevereiro. No ano passado, o IPCA subiu 1,01% no mês.