Os preços das commodities vão às alturas à medida que a invasão da Ucrânia pela Rússia continua a agitar os mercados globais e alimentar os temores de escassez de oferta. Do petróleo e alumínio ao trigo, as cotações dispararam, o que deve levar as matérias-primas a encerrar a maior alta semanal desde 1974, quando o mundo vivia a crise do petróleo.
O banco norte-americano JPMorgan estima que o petróleo do tipo Brent, referência global, pode terminar o ano em US$ 185 o barril, se a oferta russa continuar a ser interrompida.
Nesta sexta-feira, os contratos futuros do Brent para maio eram negociados a US$ 113, 95 o barril, um avanço de 3,16%.
Já o petróleo leve americano (WTI), referência nos EUA, era negociado a US$ 111,41 o barril nos contratos para entrega em abril, uma alta de 3,47%.
O crescente isolamento da Rússia está sufocando uma importante fonte de energia, metais e grãos, provocando temores de escassez prolongada e aceleração da inflação global.
Comerciantes, bancos e armadores estão cada vez mais evitando negócios com a Rússia por causa da dificuldade em garantir pagamentos.
Fontes alternativas
No caso do petróleo, os preços subiram 21% nesta semana, com empresas globais evitando o petróleo e os combustíveis russos, o que tem provocado uma corrida por suprimentos alternativos.
O gás de referência europeu subiu 18%, colocando-o a caminho de dobrar seu preço nesta semana.
A Agência Internacional de Energia (AIE) alertou que a segurança energética global está ameaçada, e uma liberação planejada de reservas de petróleo de emergência pelos EUA e outras grandes economias não conseguiu reduzir as preocupações com o abastecimento.
O trigo atingiu o nível mais alto desde 2008 devido ao aprofundamento dos temores de uma escassez global, já que a guerra na Ucrânia corta cerca de um quarto das exportações mundiais do alimento básico usado em tudo, de pão a biscoitos e macarrão. A moagem de trigo em Paris atingiu um valor sem precedentes de 400 euros (US$ 438) por tonelada.
Os metais básicos também subiram ainda mais depois que o Índice de Metais LMEX, que acompanha seis grandes contratos, atingiu um recorde na quinta-feira.
O alumínio, um dos metais que mais consomem energia, subiu 3,6%, para US$ 3.850 a tonelada na London Metal Exchange (LME), um novo recorde.
O cobre também está se aproximando de sua alta histórica. Os estoques em armazéns monitorados pela LME caíram para o menor desde 2005.
Pressão sobre a inflação
A guerra e as implicações das amplas sanções dos EUA e da Europa à Rússia derrubaram os suprimentos do Mar Negro em um momento em que os estoques globais de matérias-primas já estão apertados.
A Rússia é um grande fornecedor de petróleo bruto, gás natural, grãos, fertilizantes e metais como alumínio, cobre e níquel.
Os preços mais altos das commodities têm o potencial de frear o crescimento e estimular a inflação, criando um dilema para os bancos centrais em todo o mundo, que ponderam a necessidade de aumentar os custos dos empréstimos contra o risco de retardar a recuperação econômica.
Com informações de O Globo.