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André Esteves: Horizonte mais longo para meta de inflação pode ser bem-vindo
O chairman e sócio sênior BTG Pactual, André Esteves, afirma que as discussões sobre as metas de inflação deixarem de ser anuais, e mesmo sobre perseguir o alvo atual por um período mais longo, são pertinentes e bem-vindas, mas ponderou que o debate deve ser técnico e não político.
“Tem uma discussão que acontece já há algum tempo, e que nada tem a ver com esse governo ou com essa gestão do Banco Central, sobre se o nosso sistema de metas deveria deixar de ser anual”, disse no BTG Together. “Na maioria dos países a meta é não gregoriana. Essa discussão nada tem a ver com a angústia do momento e acho bem-vinda”, disse, frisando que há certa preocupação com o fato de o debate estar sendo feito “em um momento de ansiedade” com a política monetária. E há um segundo aspecto da discussão, que é o ambiente global de inflação mais alta, acrescentou.
“Não podemos ficar como grandes heróis achando que a nossa inflação vai ser 3%”, disse. “Alguma coisa como o BC aceitar uma transição do ambiente atual para a nossa meta de 3% também é tecnicamente aceitável e até bem-vinda.”
Esteves afirmou que o país não deve abandonar a sua ambição monetária de longo prazo, mas talvez construir essa transição. “Algo como a meta continua sendo 3%, mas, dado o ambiente internacional, buscá-la em um período um pouco mais longo.” De acordo com ele, essas discussões parecem estar “na pertinência do debate” e opções mais “esdrúxulas” não devem ser consideradas.
Juros nos EUA
O chairman do BTG Pactual também acredita que o mercado americano está mais animado do que deveria com o futuro da política monetária nos EUA, ao começar a precificar uma queda dos juros no país. “A turma acha que o Fed vai cortar os juros no mês que vem ou daqui a duas ou três reuniões, acho que isso não vai acontecer”, disse no evento BTG Together. “Acho mais fácil cair no Brasil que lá.”
Esteves afirmou que o CPI, divulgado hoje, mostra uma inflação ainda muito alta nos EUA. O núcleo do indicador, que exclui preços de itens voláteis como energia e alimentos, e é mais observado pelo mercado no cálculo das expectativas de inflação, ficou em 0,4% no mês passado, abaixo dos 0,5% de fevereiro, voltando para o mesmo patamar de janeiro.
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