Qual é o impacto do governo Trump nos seus investimentos?
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Empresas citadas na reportagem:
A reeleição de Donald Trump nos Estados Unidos marca o início de um novo ciclo. Mas qual é o impacto de Trump no Brasil, principalmente no que diz respeito aos seus investimentos? Com promessas de cortes de impostos, políticas protecionistas e estímulos a setores estratégicos, as mudanças nos EUA podem gerar reflexos diretos em diferentes classes de ativos aqui no Brasil.
Como Trump mexe com a renda fixa no Brasil
Para Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, as políticas protecionistas de Trump e o fortalecimento do dólar podem gerar diversos reflexos no Brasil. “Embora Trump pressione o banco central americano por uma redução de juros, suas políticas podem ser inflacionárias, levando a novas altas de juros nos EUA. Isso fortalece o dólar, impactando o câmbio e limitando a liberdade de bancos centrais, como o Copom, de reduzir suas taxas”, explica.
As movimentações americanas, portanto, podem afetar o mercado de renda fixa por aqui. “Se o Federal Reserve (Fed) elevar as taxas de juros, o Copom pode ser pressionado a manter a Selic em patamares elevados por mais tempo”, explica Cruz. Assim, isso impacta os investidores da modalidade, especialmente quem busca retornos em títulos atrelados à Selic ou ao CDI.
Por outro lado, se as medidas de Trump não forem implementadas como o esperado, o cenário político no mercado financeiro pode ser menos restritivo. “Isso abriria espaço para cortes mais rápidos na Selic, facilitando a retomada econômica no Brasil”, complementa.
Setores para ficar de olho no Brasil, com a volta de Trump
Empresas brasileiras com forte presença nos EUA, como Gerdau (GGBR4), JBS (JBSS3), Marfrig (MRFG3) e Embraer (EMBR3), também podem ser diretamente afetadas. Cruz explica que “mudanças tributárias nos EUA podem beneficiar empresas que terão menor carga de impostos, mas tarifas sobre insumos ou produtos dessas companhias podem prejudicá-las”.
Já Leandro Sobrinho, especialista em investimentos e sócio da Davila Finance, destaca que no Brasil, setores exportadores, como o agronegócio, podem sofrer com tarifas comerciais.
Assim, na visão do especialista, os ativos dolarizados são uma forma de proteger os investimentos em momentos de instabilidade econômica. “Investir em imóveis nos EUA ou em fundos globais vinculados a economias sólidas pode ser uma alternativa para mitigar os efeitos de um real mais fraco e garantir um patrimônio atrelado a uma moeda forte”, sugere.
Trump: perspectivas para 2025
De acordo com Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos, a chegada de Trump na presidência deve trazer mudanças significativas em áreas como energia, saúde, defesa e tributação nos Estados Unidos. “Trump já tentou desfazer boa parte das medidas de saúde de Obama, o que enfraquece as empresas do setor”, explica. Além disso, uma das grandes expectativas está na reforma tributária do país, com a possibilidade de novos cortes de impostos e estímulos econômicos.
O setor de defesa, que já foi beneficiado em seu primeiro mandato, pode novamente se destacar. “Em 2017, os Estados Unidos tinham US$ 606 bilhões previstos, e Trump fechou o ano com US$ 740 bilhões, um crescimento de 25% do orçamento que recebeu do Obama”, afirma Cruz.
No setor de energia, a exploração de petróleo e gás liquefeito deve ganhar força. “Trump deve ampliar o território explorado para petróleo e expandir as exportações de gás para a Europa, aproveitando o cenário de conflito envolvendo a Rússia”, explica Cruz. Por outro lado, setores como energia renovável podem enfrentar desafios, por conta da redução de incentivos.
Leandro Sobrinho, especialista em investimentos e sócio da Davila Finance, também destaca que a reeleição de Trump pode impactar positivamente o mercado acionário americano, especialmente os setores de infraestrutura e construção. “Fundos globais que alocam recursos nesses setores podem observar um crescimento atrativo, mas também enfrentar maior volatilidade pelas potenciais tensões comerciais”, afirma.
Oportunidades no mercado imobiliário americano
Sobrinho também aponta o mercado imobiliário americano como um dos grandes beneficiários das políticas de Trump. Regiões como a Flórida, com alta demanda por imóveis comerciais e residenciais, podem se valorizar ainda mais.
“Para investidores brasileiros, o mercado imobiliário nos EUA representa uma forma de diversificar o portfólio e proteger o patrimônio em dólar. Imóveis multifamiliares ou comerciais em áreas metropolitanas estratégicas continuam a oferecer retornos estáveis, seja por meio de aluguel ou pela valorização da propriedade.”
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