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Títulos isentos de IR caem no gosto do investidor; quais os riscos?
Títulos de renda fixa com ganhos isentos de Imposto de Renda estão se popularizando no país, à medida que mais investidores procuram alternativas de retornos superiores aos oferecidos ao Tesouro Direto e aos CDBs.
Especialistas do mercado, porém, recomendam alguns cuidados para quem considera alocar parte do patrimônio em produtos como LCAs, LCIs, CRIs, CRAs e debêntures incentivadas.
Segundo eles, esses papéis podem ser uma alternativa mais interessante para investidores que aceitarem ficar com o papel até o vencimento.
Mas antes é preciso entender semelhanças e diferenças entre os títulos isentos e outros ativos mais tradicionais.
Uma semelhança é que, assim como outros títulos privados ou públicos, os incentivados podem ser pós ou prefixados.
Esses últimos são sujeitos à marcação a mercado, ou seja, o valor de face dos títulos é atualizado regularmente.
Portanto, quem quer aproveitar as chances maiores de rentabilidade de um papel que tem como referência o IPCA, por exemplo, precisa saber que isso cobrará em troca a disponibilidade de ficar com o papel por mais tempo para evitar maiores riscos de prejuízo.
Diferenças
Em contrapartida, diferente de um CDB ou de um fundo DI, que costumam ter liquidez diária, os papéis incentivados são negociados no mercado e têm menos liquidez.
Mesmo os Fiagros, fundos de investimento montados por instituições financeiras e compostos por CRAs e LCAs, têm cada um volume de negócios em geral inferior a R$ 1 milhão por dia.
Isso significa que o investidor que quiser resgatar seus recursos antes do vencimento pode se deparar com a situação de não haver alguém disposto a comprar o papel.
O outro cenário possível é ter comprador disponível, desde que receba um bom desconto.
Isso acontece no caso dos papéis prefixados, cujo preço varia diariamente, refletindo uma série de fatores, incluindo o mercado de juros futuros e o risco do emissor.
É a chamada marcação a mercado.
Em outras palavras, o resgate antecipado pode fazer o investidor receber menos do que investiu, como acontece no mercado de ações.
E isso aconteceu neste ano com investidores em debêntures de infraestrutura emitidos pela Light (LIGT3), que pediu recuperação judicial.
Isso contaminou o mercado de renda fixa de forma geral, desvalorizando títulos de renda fixa de todo tipo.
“E quem vendeu esses papéis no começo do ano, o fez com muito deságio”, explica Ciro Matuo, chefe de renda fixa na área de pesquisa do Itaú BBA.
Por isso, o profissional orienta os investidores que consideram entrar no mercado dos títulos incentivados a fazê-lo de forma gradual, escolhendo empresas com melhores avaliações de crédito por parte de agências de classificação de risco.
Diferenças internas
Há também algumas distinções entre os próprios títulos incentivados.
Por serem emitidos por instituições financeiras, as LCIs e LCAs contam com a garantia do Fundo Garantidor de Créditos (FGC).
Esse mecanismo protege contra o risco de quebra do emissor a quantia de até R$ 250 mil por CPF.
Já os CRIs, CRAs e as debêntures de infraestrutura não contam com esse apoio.
Confira tabela abaixo:
Títulos isentos | Risco de emissor | FGC |
Debênture de infraestrutura | Empresa | Não |
LCA | Instituição financeira | Sim |
LCI | Instituição financeira | Sim |
CRA | Empresa | Não |
CRI | Empresa | Não |
Fiagro | Empresa | Não |
Ainda assim, esse mercado vem ganhando tração.
Segundo a Anbima, os CRIs responderam pelo segundo maior volume de ofertas de títulos de renda fixa por empresas em 2023 até setembro, com R$ 31,7 bilhões, alta de 3,5% ante mesmo período de 2022.
Cuidados
Segundo Marco Bismarchi, sócio e gestor da TAG Investimentos, a crescente popularização dos títulos isentos de IR tem atraído um número crescente de emissores, com níveis muito distintos de riscos de crédito.
Por isso, o profissional sugere que os interessados avaliem com cuidado se estão dispostos a segurar o papel desejado até o vencimento e buscar empresas que tenham um histórico conhecido no mercado.
Para ajudar na escolha de papéis com melhor relação risco versus retorno, algumas casas de investimentos, como Itaú BBA e BTG Pactual, elaboram para seus clientes carteiras recomendadas de títulos incentivados, que são atualizadas mensalmente.
Comparação de rentabilidades
Uma dúvida frequente entre investidores que estão procurando incentivados é sobre a equivalência de rentabilidade em relação a produtos tradicionais sujeitos a IR.
Ou seja, como saber se o ganho líquido de uma LCA compensa em relação a um CDB?
Para tirar a dúvida, considere o seguinte exercício:
Um CDB oferece rentabilidade equivalente a 120% do CDI. Qual seria a rentabilidade equivalente para proporcionar o mesmo ganho líquido?
Vamos tomar como referência um investimento com prazo superior a dois anos, no qual a alíquota sobre o CDB seria de 15%.
Neste caso, a conta seria a seguinte: 120 vezes (100 – 15)= 120 vezes 0,85 = 102
Dito de outra forma, o ganho líquido de um CDB nesse caso é equivalente ao de uma LCA que oferece rentabilidade de 102% do CDI.
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