As regulações de criptoativos devem preocupar os investidores?

Discussões serão cada vez mais intensas, mas não há motivo para pânico

- Ilustração/Montagem: Marcelo Andreguetti
- Ilustração/Montagem: Marcelo Andreguetti

Criptoativos e regulação são termos que aparecem cada vez mais juntos no noticiário econômico. Os investidores estão avaliando cada declaração de lideranças que pode impactar no preço das criptomoedas. Esse debate ficou ainda mais quente após a guerra entre Ucrânia e Rússia. Ainda tem dicussões sobre o tema nos Estados Unidos que deixam os investidores de orelha em pé. Afinal, as regulações que devem acontecer daqui para frente farão mal ao mercado de criptoativos?

Guerra na Ucrânia e regulação de criptos

As empresas russas e bilionários do país estão há quase um mês enfrentando sanções de economias importantes, como Estados Unidos, Japão, Alemanha e Reino Unido. As criptomoedas podem ser um caminho para quem quer escapar das sanções. 

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Pensando nisto, os russos migraram para esses ativos. Segundo as corretoras Binance, Coinbase e Kraken, o volume de negociação desses ativos subiu 400% na comparação entre o início de março e o mês de janeiro, antes da guerra na Ucrânia. 

Os países d G7 já demonstraram preocupação com o uso de criptos para escapar de sanções. No início do mês.o ministro das Finanças alemão, Christian Lindner, disse: “devemos tomar medidas para impedir que pessoas e instituições dessa lista (de sanções) usem criptomoedas que não são regulamentadas. Atuamos nesse sentido no âmbito da presidência alemã do G7”. 

Diante deste contexto, investidores temem que os países desenvolvidos editem regras que restrinjam o mercado de criptoativos, o que teria impacto em seus preços. “Em um cenário de guerra, com aboluta certeza a pressão aumenta para o debate em torno de uma regulação mais pesada, o que preocupa a consolidação desse mercado bastante promissor em soluções positivas para o consumidor”, diz Julien Dutra, diretor de Relações Governamentais da 2TM, holding que controla o Mercado Bitcoin.

Já Fernanda Guardian, analista de criptomoedas da Top Gain, acredita que o mercado não está com medo de regulações mais duras incentivadas pela guerra. “As posições dos órgãos de regulamentação das principais potências do planeta já são conhecidas e as sanções não parecem ter criado mudanças nesas posições”, justifica. Para ela, a corrida dos russos para criptoativos é uma forma de se proteger contra a depreciação da moeda local. 

A opinião de Ayron Ferreira, Head Researcher da Titanium Asset, parece ser meio-termo entre os pensamentos de Julen Dutra e Fernanda Guardian. Para ele, o momento pode ser positivo para a principal criptomoeda em circulação, o bitcoin. “É a primeira vez que ele passa por um conflito geopolítico tão intenso, isto pode proteger a tese de que o Bitcoin pode ser usado como reserva de valor e até a tese de investimentos”, diz. Por outro lado, o especialista acredita que os órgãoes reguladores mundo afora estão estudando como o mercado pode se tornar mais seguro e que “a guerra na Ucrânia contribuiu muito para a discussão sobre o assunto”. 

Nos EUA, Biden quer regulação 

Embora a guerra na Ucrânia possa incentivar o debate sobre regulações para o mercado de criptoativos, ele não é novo. No início do mês, o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, publicou um decreto com diretrizes para regular o mercado no país norte-americano. 

O documento determina seis objetivos para a atualização do arcabouço jurídico no país visando as criptos: proteger os interesses dos EUA, prevenir usos ilícitos, proteger a estabilidade financeira global, promover a inovação responsável, promover a inclusão financeira e manter a liderança do país em tecnologia.

O movimento é positivo para o mercado, na visão de Ayron Ferreira: “se existe a intenção de regular, não existe a intenção de proibir”. 

Para Fernanda Guardian, da Top Gain, o mercado está “cautelosamente otimista”. Para ela, o posicionamento dos Estados Unidos buscando a liderança no assunto “faz o mercado acreditar que as próximas regulamentações devem ser mais brandas”. 

O que você deve fazer

Ou seja, olhando para o que acontece atualmente no mundo quando o assunto é regulação de criptoativos, não há motivo para pãnico. Caso você tenha receio de que as regras atrapalhem o mercado e derrubem o preço dos ativos, vale a pena esperar, porque este não é o sentimento do mercado, em geral. 

Por mais que a criptosfera tenha aversão à regulamentações, no geral, elas podem ser boas para o setor. “Passaremos a ter uma entrada maior de investidores institucionais, e com eles uma quantidade significativa maior de capital”, comenta Fernanda Guardian. 

“Quando temos legilsadores, reguladores e representantes da indústria na dicussão, temos uma estrutura regulatória coerente que tende a ser vantajosa para todas as partes envolvidas”, segundo Ferreira. 

Ou seja, o investidor de criptomoedas precisa se acostumar com o termo “regulação” cada vez mais presentes nos noticiário do setor. Isto não significa que o mercado será sufocado, mas certamente haverá reação negativa caso investidores tenham medo que isto aconteça.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


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