Multimercados: opção para quem busca diversificação e ganhos acima do CDI

Em outubro, a rentabilidade máxima dos fundos multimercados chegou a 2,04%, segundo dados da Anbima, superior à máxima do retorno obtido pelos de renda fixa, de 1,94%

Divulgação de dados econômicos devem impactar os mercados nesta sexta (Foto: Pixabay)
Divulgação de dados econômicos devem impactar os mercados nesta sexta (Foto: Pixabay)

Os fundos multimercados costumam atrair investidores seduzidos por bons retornos gerados pelas altas volatilidades no mercado financeiro. Com flexibilidade de alocação do capital em diferentes categorias, como ações, renda fixa e moedas, são indicados para quem busca diversificação e ganhos superiores aos do CDI.

Com o aumento da Selic, contudo, que saiu de 2% em janeiro para 7,75% em novembro deste ano – e foi a 9,25% na última reunião do Copom do ano, realizada ontem -, a corrida de investidores em busca de juros em alta levou os multimercados a saldos negativos, chegando a outubro com captação líquida negativa acumulada de R$ 12,5 bilhões, segundo dados da Anbima.

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Apesar do cenário pouco promissor, os resultados de 2021 mostraram que os multimercados conseguiram trazer boas surpresas. Em outubro, a rentabilidade máxima dessa categoria de fundos chegou a 2,04%, conforme estatísticas da Anbima, superior à máxima do retorno obtido pelos de renda fixa, de 1,94%.

Resultados positivos foram, em parte, obtidos com flexibilidade e diversificação de ativos, em muitos casos, alocados no exterior. É o caso do fundo da Parcitas Investimentos, com rentabilidade de 9,27%, 247% do CDI, em 12 meses até novembro.

Marcelo Ferman, sócio-fundador e CEO, detalha sua estratégia citando frase de Charlie Munger, sócio de Warren Buffet, sobre a necessidade de pescar em lagos onde há peixe.

“Os multimercados têm que operar em diversos mercados e geografias. Vemos onde estão as oportunidades e investimos onde as achamos. Este ano, o Brasil tem sido um lago difícil demais”, disse, em entrevista ao Valor Econômico, citando incertezas fiscais, pandemia e antecipação turbulenta da corrida eleitoral. Ferman e equipe encontraram seus peixes em equities globais, onde concentraram dois terços do portfólio do fundo.

No Brasil, o fundo manteve posições menos longevas. Com relação ao tema inflação, os gestores operaram de três formas:

  • Apostando na subida de juros no mercado de derivativos;
  • Mantendo em carteira posições para janeiro 2023; com posição vendida na Bolsa brasileira e no câmbio, simultaneamente, visando ganhos obtidos a partir do aperto da política monetária;
  • Com posição em NTN-B, acreditando em alta do IPCA superior ao esperado pelo mercado.

“Essas três posições foram responsáveis pela rentabilidade da parte alocada no Brasil”, diz Ferman. Mas a qualquer momento, o portfólio pode se inverter. “Um multimercado precisa ter flexibilidade de migrar de um mercado para outro”, diz.

Para 2022, projetam continuidade da retirada de estímulo monetário global e aumento de juros dos títulos americanos. No Brasil, avaliam que a definição de investimentos demandará esforço de análise reforçado demais para pouco retorno.

Na Frontier Capital, criada este ano por Rodrigo Fonseca, a estratégia também prioriza diversificação e alocação de risco global, onde estão 40% de seu portfólio. O fundo tem boa parte de sua carteira em ações e a gestão segue modelo idealizado por Ray Dalio, referência em fundos internacionais, dono de mais de US$ 18 bilhões. É dele o conceito de que grandes oscilações de mercado têm duas razões: surpresas do lado do crescimento e da inflação, para o bem ou para o mal. O segredo é equilibrar o portfólio nesses vértices, reduzindo riscos. “Estudamos esse conceito e identificamos uma forma simples de adotá-lo”, diz Fonseca.

Na prática, compraram índice de ações do S&P e bônus de 20 anos a 30 anos no mercado americano, garantindo proteção mútua. “Adotamos um modelo equilibrado para qualquer ambiente. Rodamos o modelo em nossa carteira e ela rendeu, desde 1985, 7,5% acima da renda fixa americana. Decidimos aplicá-lo em 40% de nosso portfólio no exterior”, diz Fonseca.

No Brasil, estão 50% da carteira, em ações de 15 empresas. Apesar das incertezas do cenário, ele mantém a calma. “O Brasil não vai pular do precipício depois das eleições.”

Com reportagem do Valor Econômico

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