Magazine Luiza e AliExpress: parceria muda perspectivas para MGLU3?

Ações da varejista brasileira fecharam em forte alta após anúncio de que vai vender produtos da plataforma do Alibaba

O CEO do Magazine Luiza, Frederico Trajano, e o CEO Latam do AliExpress, Kai Li, na anúncio da parceria das empresas para venda de produtos. Foto: Magalu/Divulgação
O CEO do Magazine Luiza, Frederico Trajano, e o CEO Latam do AliExpress, Kai Li, na anúncio da parceria das empresas para venda de produtos. Foto: Magalu/Divulgação

O acordo anunciado pelo Magazine Luiza com o AliExpress, subsidiária do Alibaba, para listar e vender produtos é positivo para o Magalu. Pois aprofunda sua oferta marketplace com unidades de manutenção de estoque que não eram o foco da empresa, geralmente de baixo tíquete, diz o JPMorgan.

Os analistas Joseph Giordano, Nicolas Larrain e Gilherme Viela escrevem, em relatório, que o Magalu não terá custo de entrega, pois os produtos serão entregues pelo AliExpress. Melhorando assim a economia da unidade e potencialmente aumentando as conversões e a recorrência, mas também estando sujeita ao nível de serviço da AliExpress.

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Além disso, o Mazagine Luiza irá apenas coletar uma taxa já negociada para vendas de seus produtos na Aliexpress, enquanto o financiamento para consumidores e marketing será feito pelo AliExpress, dizem os analistas.

Eles ressaltam que todas as transações serão feitas seguindo as diretrizes do Remessa Conforme, e a parceria deve se iniciar até o terceiro trimestre deste ano.

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O JPMorgan tem recomendação neutra para MGLU3, sem preço-alvo definido. Na véspera, as ações subiram acima de 12% na B3, cotadas na faixa de R$ 12,15.

Competição com a Temu

Para o Santander, o acordo com o AliExpress é positivo para o Magazine Luiza, pois fornece à empresa um canal de vendas adicional para consolidar sua liderança em bens duráveis. Enquanto aprimora a oferta de produtos complementares em seu “marketplace” e aumenta a frequência de clientes, dado o menor tíquete dos produtos do AliExpress.

Os analistas Ruben Couto, Eric Huang e Vitor Fuziharo escrevem, em relatório, que o acordo pode permitir que o Magalu capture vendas que antes não alcançava devido à falta de produtos de baixo tíquete. Um problema que agora será resolvido, ao mesmo tempo em que a varejista ganha a taxa de aceitação dessas vendas.

Além disso, a empresa pode alavancar a vasta base de usuários da AliExpress para vender produtos de seu negócio principal de bens duráveis, dizem os analistas. A inclusão de produtos de preço baixo também pode beneficiar o Magalu na competição com a Temu, que acaba de chegar ao Brasil e é conhecida por seus preços agressivos, afirmam.

Segundo os analistas, por outro lado, o ambiente continua desafiador para os consumidores brasileiros. Particularmente em relação ao seu endividamento, uma situação que não é favorável às vendas de bens duráveis, uma parcela significativa das vendas da Magalu.

O Santander tem recomendação neutra para MGLU3, com preço-alvo de R$ 23.

Mais clientes

Na avaliação do Citi, a parceira do Magazine Luiza com a chinesa AliExpress pode impulsionar os volumes das vendas próprias (1P) da varejista brasileira. Porém, o banco não espera que isso, no curto prazo, impacte o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da companhia.

Aos olhos do Citi, o Magazine Luiza parece estar abraçando a presença crescente de concorrentes estrangeiros como uma realidade de longo prazo para o setor. O Citi acredita que o crescimento das vendas do Magalu dependerá da variedade de produtos oferecidos pela AliExpress.

Segundo os cálculos do banco, a oferta da brasileira, que agora está em 138 milhões de SKUs (sigla para unidade de manutenção de estoque, usada para descrever os itens disponíveis), deve crescer de forma considerável, especialmente em itens de cauda longa e ticket mais baixo.

Assim, a expectativa é que com a parceria, a recorrência dos clientes no site e aplicativos da companhia cresça.

O Citi mantém uma indicação neutra sobre as ações da Magazine Luiza, com preço-alvo de R$ 18.

Por dentro do negócio

As negociações entre Magazine Luiza e AliExpress começaram no fim de 2023, e o memorando de entendimento foi assinado na segunda-feira. A parceria deve se iniciar até o terceiro trimestre deste ano.

Trata-se do primeiro acordo internacional nesses moldes das duas empresas, e ocorre após as plataformas estrangeiras terem conseguido manter a entrada de produtos no país com impostos abaixo daqueles pagos pelas redes locais.

No caso das mercadorias do AliExpress, a venda no Brasil se dará por meio da plataforma do Magalu dentro das regras do Remessa Conforme, o programa de envios de plataformas estrangeiras ao país, criado pelo governo federal.

Mercadorias da linha ‘Choice’ do AliExpress farão parte do acordo de venda pelo Magalu, que inclui acessórios, itens de moda, itens para casa, entre outros.

Críticas contra varejistas chinesas

Questionado pelo fato de ter se associado ao grupo chinês num momento em que ainda há diferenças nas cobranças de impostos entre Brasil e China, Frederico Trajano, presidente do Magazine Luiza, disse que, após mudanças nas regras de importação, que elevaram impostos dos estrangeiros semanas atrás, “a isonomia já aconteceu”.

Os marketplaces internacionais que operam pelo Remessa Conforme passaram a pagar 20% de imposto de importação e 17% de ICMS, após mudanças aprovadas no Congresso Nacional, e itens de moda nacionais, por exemplo, são vendidos no país com carga tributária total, da produção à venda, de 90%.

Sobre eventual contrassenso na posição do Magalu, Trajano diz que isso não ocorre, e afirmou que entrou em contato com o presidente do IDV, Jorge Gonçalves Filho, e que Gonçalves entendeu os termos do acordo.

“Falei com o Jorge e ele viu algo como supernatural. Nós não criticávamos as empresas [estrangeiras], esse era um tema que estava com o IDV. O que havia era uma questão de atingir isonomia tributária e ela aconteceu”, disse Trajano.

“O avanço das plataformas estrangeiras é algo inexorável e isso vem ocorrendo na América Latina, Rússia, Europa, Estados Unidos. É impossível não conviver com isso pela globalização”, disse.

Com informações do Valor Econômico

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