Fundos investem bilhões em BDRs. O que você deve fazer?
Com o aumento da oferta, a procura também cresceu; papéis de tecnologia são os queridinhos do mercado
Desde que os BDRs foram abertos para qualquer investidor (antes, eram restritos àqueles que tinham mais de R$ 1 milhão em investimentos), esses papéis ganharam muita relevância. A oferta aumentou e a procura também. O resultado disso foi um aumento da procura de fundos de investimento por esses papéis.
A Quantum Finance, empresa que fornece dados e ferramentas para o mercado financeiro, analisou os 510 BDRs disponíveis atualmente no mercado e levantou os dez mais procurados por fundos brasileiros. O top 10 está recheado de empresas de tecnologia, com o mercado colocando mais de R$ 1 bilhão em quatro papéis apenas desse setor.
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Por que tanta tecnologia?
Sete das dez ações estrangeiras mais procuradas por fundos brasileiros são do setor de tecnologia. Para Alberto Amparo, analista da Suno Research, a procura pelo setor lá fora acontece porque o Brasil não oferece tantas opções de empresas de tecnologia.
Outro fator que explica a preferência pelas big techs norte-americanas é a consolidação dessas empresas. “Nos Estados Unidos você encontra mais empresas com o modelo de negócio já comprovadamente rentável, com vantagens competitivas em diversos nichos”, explica Amparo. Essa maturidade do mercado norte-americano é o que mais atrai os fundos brasileiros.
A festa, porém, não acontece sem ameaças. As empresas de tecnologia são beneficiadas por taxas de juros baixas nos Estados Unidos, fator que atrai mais investidores e joga o valuation dessas companhias nas alturas. “Se os juros sobem, com escassez de liquidez, essas empresas terão um choque no preço”, segundo Alberto Amparo. Se essa fuga do setor de tecnologia acontecer, a tendência é que investidores procurem setores mais consolidados, com empresas que geram lucro há muito tempo, algo difícil de encontrar em tecnologia.
Você deve seguir os fundos?
A estratégia dos fundos não precisa, necessariamente, estar na sua carteira. O investidor de varejo está procurando cada vez mais as empresas de tecnologia porque elas fazem parte, de alguma forma, de suas vidas. Os papéis de Meta (Facebook), Apple, Amazon, Netflix e Google (Alphabet), grupo apelidado de FAANG, estão entre os preferidos dos fundos e pessoas físicas.
Porém, Alberto Amparo faz um alerta: “Tem muito investidor olhando para o retrovisor (o que aconteceu no passado) e não para o para-brisa (o que vai acontecer no futuro)”. Aqui, entra o velho lembrete: rentabilidade passada não é garantia de retorno futuro. Os preços dessas ações estão caros, com múltiplos alavancados. “Quando você compra uma ação, quer pagar o mais barato possível pelo ativo”, lembra Amparo. Pense nisso na hora de investir nas empresas estrangeiras de tecnologia.