Conheça as 10 ações mais recomendadas pelas corretoras

Com conflito entre Rússia e Ucrânia, o foco são as commodities e o setor financeiro é usado como proteção

Ilustração: Marcelo Andreguetti
Ilustração: Marcelo Andreguetti

Em um mês marcado pelo acirramento das tensões entre Rússia e Ucrânia, os setores de commodities e financeiro são os destaques da Carteira Valor. No cenário de conflitos internacionais, as fabricantes e produtoras de matérias-primas aparecem como uma oportunidade para captar ganhos. Já os bancos surgem como uma forma de proteção para a carteira.

A liderança do mês continuou sendo da Vale (VALE3), com 12 indicações. Além dela, as representantes do setor de commodities que seguem na lista são a petrolífera PetroRio (PRIO3) e a fabricante de combustíveis Vibra (VBBR3, ex-BR Distribuidora). As novidades ficam por conta de Suzano (SUZB3) e da Petrobras (PETR4), que volta à seleção. No mês passado, as ações da estatal deixaram a Carteira Valor pela primeira vez desde março de 2021. Do setor financeiro, seguem na lista as ações de Bradesco (BBDC4), Itaú (ITUB4) e Banco do Brasil (BBSA3). A novidade fica por conta do BTG Pactual (BPAC11). Outra novidade são as ações da empresa de energia Taesa (TAEE11).

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Impacto nas commodities

Segundo especialistas, o conflito internacional pode suspender as exportações feitas por Rússia e Ucrânia e impactar o preço das commodities, como já vem acontecendo com o petróleo, que superou a marca de US$ 110 o barril. Essa alta no preço dos produtos, seja por aumento da demanda ou escassez da oferta, corrobora para um aumento da receita das companhias que os produzem e pode ser sentida no preço das ações. Além disso, muitas empresas brasileiras podem passar a se apresentar como uma alternativa a empresas de países envolvidos nos conflitos (especialmente se houver sanções de outras nações) e, assim, passar a produzir e exportar mais, o que também é benéfico para os papéis.

Proteção com o setor financeiro

O setor financeiro, por outro lado, aparece como uma boa forma de proteção para a carteira, especialmente porque os bancos têm apresentado bons resultados trimestrais. Assim como eles, a Taesa também se mostra como uma boa protetora para a carteira, já que o setor chamado de serviços como energia e telefonia, chamado do utilities, tendem a ser pouco impactados por crises externas, já que as pessoas continuam consumindo normalmente.

Como funciona a Carteira Valor

A Carteira Valor reúne as 10 ações mais indicadas pelas corretoras. Ao todo, são 20 casas que escolhem, mensalmente, cinco papéis que elas acreditam que vão se valorizar no mês. O ano de 2022 trouxe duas novidades entre as participantes: a Toro Investimentos e a Warren. Por outro lado, a Necton deixou a lista.

Atualmente, compõem a Carteira Valor: Ativa, Ágora, BB Investimentos, Banco Inter, CM Capital, Elite, Genial, Guide, Mirae, Modalmais, MyCap, Nova Futura, Órama, Planner, Safra, Santander, Terra, Toro, Warren e XP Investimentos.

Carteira Valor x Ibovespa

No ano, a Carteira Valor registrou alta de 8,06%. O Ibovespa, por sua vez, subiu 7,94%. Em 12 meses, a seleção teve alta de 7,56% e o Ibovespa subiu 2,82%. No ano passado, a Carteira Valor perdeu 7,79%. O Ibovespa, por sua vez, perdeu mais: 11,93%.

Vale (VALE3)

Para Régis Chinchila, analista da Terra Investimentos, o cenário ainda é positivo para as ações da Vale, devido tanto ao câmbio como à expectativa de manutenção na demanda do aço e retomada do preço do minério de ferro. “A empresa continua apresentando resultados operacionais fortes, e com a melhor ‘precificação’ do minério de ferro pelos mercados internacionais existe a perspectiva do ativo voltar a ter um bom desempenho”, afirma. O analista ainda destacou como pontos positivos o desinvestimento da unidade de carvão em US$ 270 milhões e anúncio da nova recompra de 200 milhões de ações nos próximos 12 meses.

PetroRio (PRIO3)

Segundo Pedro Guilherme Palmezani, analista da CM Capital, o papel vem se beneficiando da alta do petróleo e da possibilidade de crescimento no setor. O analista destaca que um ponto positivo da companhia é a menor influência política nela, ao contrário do que acontece com a Petrobras. “No atual período em que viemos, de uma guerra iniciada com a participação do terceiro maior produtor de petróleo do mundo, é inteligente ter algum ativo atrelado a essa commodity, tendo em vista a possível valorização da mesma”, diz.

Petrobras (PETR4)

Assim como a PetroRio, a Petrobras deve se beneficiar do cenário de alta do petróleo. Na manhã da última quarta-feira (2), os preços da commodity atingiram a marca de US$ 110 por barril, a maior cotação em uma década. Para a XP Investimentos, as ações seguem em tendência de alta com projeções de R$ 36,80 e R$ 38,90.

Bradesco (BBDC4)

Pedro Guilherme Palmezani, analista da CM Capital destacou que embora o balanço divulgado pelo banco em relação ao quarto trimestre do ano passado tenha sido positivo, o fato de o mercado ter “esperado mais” fez com que as ações caíssem. Porém, para ele, isso se reflete em uma oportunidade, já que o banco continua “demonstrando crescimento de lucro”. Para o analista, a razão da escolha do Bradesco ao invés de um de seus pares se dá pelo fato de a relação preço do papel ante o lucro ser menor, o que mostra que essa ação tem mais espaço para altas.

Itaú Unibanco (ITUB4)

Régis Chincila, da Terra, destaca que o banco é uma das maiores instituições financeiras do Brasil, que atua em todas as modalidades financeiras e está presente em 18 países ao redor do mundo. Para ele, um dos principais pontos positivos é a adoção de gestão estratégica de custos, buscando atingir maior eficiência com maior digitalização e expansão nos canais digitais. “Para este ano, o Itaú projeta que sua carteira de crédito crescerá até 12% ante 2021, após a expansão de 18% no ano passado, e que o custo de crédito ficará entre R$ 25 bilhões e R$ 29 bilhões, ante os R$ 20,2 bilhões registrados em 2021”, destaca.

Banco do Brasil (BBSA3)

Para os analistas da MyCap, a manutenção das ações do Banco do Brasil na Carteira Valor é justificada pelo resultado positivo apresentado no quarto trimestre, os dividendos a serem distribuídos (que tendem a atrair mais investidores) e o preço das ações, que por ser menor do que as de seus pares, apresenta um bom potencial de alta. “Entendemos ainda que o banco deve continuar se beneficiando com planos de auxílios a população e incentivos a empréstimos novos a micro, pequenas e médias empresas, principalmente no atendimento ao setor de agronegócios”, afirma Julia Monteiro.

Suzano (SUZB3)

Segundo os analistas da Ágora, os fundamentos do segmento de celulose continuaram a melhorar recentemente e o preço da matéria prima em 2022 deve ficar em US$ 650 por tonelada, bem acima do consenso do mercado, que considera US$ 550 por tonelada. Os analistas também destacaram que a companhia reportou resultados ligeiramente melhores do que o esperado no quarto trimestre, o que pode beneficiar seus papéis. “Olhando para o futuro, esperamos que o impulso dos lucros melhore, estimulado pelos preços mais altos da celulose, enquanto os custos caixa da celulose podem ter atingido o pico no final do quarto trimestre do ano passado”, afirmam.

Taesa (TAEE11)

Segundo os analistas da Ágora, a companhia se apresenta como uma boa alternativa porque o segmento de transmissão de energia elétrica não depende da demanda por energia, uma vez que suas receitas são pré-estabelecidas, com reajustes por inflação, e um destaque positivo é que a Taesa não possui dívida atrelada ao dólar. “A empresa pode investir em novos projetos e ainda assim seguir com pagamento de dividendos elevados. Portanto, em função destas caraterísticas, vemos a Taesa como um nome mais resiliente para períodos mais voláteis no mercado”, afirmam.

BTG Pactual (BPAC11)

Para os analistas da Órama, o banco vem se consolidando como uma plataforma completa de serviços financeiros, que atende desde a pessoa física até clientes mais sofisticados. “Enxergamos com bons olhos o aumento nas taxas de juros, que resulta em maiores spreads cobrados nas operações de intermediação e gera uma ampla gama de possibilidades de reestruturação e prestação de serviços”, afirmam. Eles destacam ainda o “notável crescimento das operações que o banco entregou nos últimos dois anos”, com destaque para os serviços de gestão de patrimônio.

Vibra (VBBR3)

Os analistas da Ágora afirmam estarem confiantes na estratégia da Vibra Energia em investir em crescimento e diversificação no longo prazo. Os analistas também destacaram as possibilidades de fusões e aquisições como algo positivo. “Embora a tese de investimento dependa fortemente da atividade doméstica, e que, portanto, uma desaceleração do PIB poderia ser negativa, entendemos que seu foco em eficiência pode ser capaz de preservar a rentabilidade do negócio, ao mesmo tempo em que oportunidades de fusões e aquisições devem acelerar o processo de mudança na matriz energética da companhia”, afirmam. Um exemplo é a recém-anunciada joint venture com a Comerc, uma das principais empresas de comercialização de energia do Brasil.

Com reportagem do Valor Investe

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