Alta da Selic é ruim para a renda variável? Não para esses setores e empresas; confira agora

Seguridade e commodities estão entre os setores que podem se destacar no cenário de juros altos

O Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou a alta da Selic em 1 ponto percentual, levando a taxa para 14,25% ao ano. O movimento, que busca conter pressões inflacionárias e ancorar expectativas fiscais, tem efeitos diretos sobre a renda variável – pressionando especialmente empresas de crescimento e setores mais sensíveis ao custo do crédito.

Dessa maneira, a alta da Selic pode reduzir o apetite por risco, pressionar empresas endividadas e impactar setores da bolsa de valores de forma desigual.

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    Mas isso significa que a renda variável perderá espaço de vez? Não necessariamente. Segundo Rafael Lage, analista CNPI da CM Capital, as empresas competitivas, com políticas voltadas para a maximização dos lucros e remuneração dos acionistas, continuarão sendo atraentes.

    Para entender a decisão do Copom
    Após aumentar a taxa de juros básica da economia, a Selic, em 1 ponto percentual, o Copom decidiu que realizará um ajuste de menor magnitude na próxima reunião do colegiado. Com isso, a expectativa do mercado é de que a taxa deve estacionar na casa dos 15% ao ano antes de ocorrer uma reversão do cenário altista atual. Para entender o impacto na renda fixa, basta acessar este link.

    Os setores da bolsa de valores mais penalizados

    A alta da Selic impõe um desafio adicional para empresas que dependem de financiamento para sustentar sua expansão, como varejistas e companhias de tecnologia.

    Segundo Jeff Patzlaff, planejador financeiro e especialista em investimentos, empresas como Magazine Luiza (MGLU3) e Méliuz (CASH3) estão entre as mais impactadas, uma vez que o aumento dos juros encarece suas dívidas e reduz a atratividade de seus lucros futuros quando descontados a valor presente.

    Além disso, empresas com margens apertadas e que oferecem prazos longos de parcelamento nas vendas também são afetadas. “O valor recebido de forma diferida sofre corrosão maior com o aumento da taxa de juros”, explica Lage.

    Outro grupo que sente o peso do novo patamar da Selic são as empresas altamente endividadas. “Companhias como CVC (CVCB3) e Oi (OIBR3) já enfrentam desafios operacionais significativos e agora verão um aumento expressivo em seus custos financeiros, o que agrava ainda mais a situação”, acrescenta Patzlaff.

    O impacto da alta dos juros, no entanto, não se distribui de maneira uniforme entre os setores da bolsa de valores.

    Os ganhadores da alta da Selic

    Se por um lado a elevação dos juros pune empresas endividadas, por outro, beneficia setores que lucram com um custo de capital mais alto. Bancos tradicionais, como Itaú (ITUB4) e Bradesco (BBDC4), conseguem expandir suas margens ao elevar o spread bancário e também se beneficiam dos rendimentos mais altos de suas tesourarias investidas em renda fixa.

    “As empresas do setor bancário e de seguridade tendem a ser as maiores beneficiadas em um cenário de juros altos”, aponta Lage. Um dos motivos é a remuneração da reserva técnica dessas companhias. “Com a Selic mais alta, a reserva técnica das seguradoras passa a ser melhor remunerada, já que a maioria dos recursos é aplicada em produtos de baixo risco e atrelados à taxa Selic”, explica.

    Outro grupo resiliente é o das exportadoras e companhias de commodities, como Vale (VALE3), Petrobras (PETR4), Suzano (SUZB3) e SLC Agrícola (SLCE3). Empresas com receitas dolarizadas sofrem menos com uma desaceleração econômica local e ainda podem se beneficiar da valorização do dólar frente ao real, um movimento típico em momentos de alta de juros e maior incerteza fiscal.

    Além disso, setores defensivos, como os de energia elétrica e saneamento, seguem atraindo investidores. Companhias como Engie Brasil (EGIE3) e Taesa (TAEE11) possuem receitas previsíveis, contratos de longo prazo e distribuem dividendos generosos – um diferencial em tempos de juros elevados.

    A bolsa de valores perde espaço para a renda fixa?

    A decisão do Copom tem acelerado um movimento que já vinha acontecendo nos últimos meses: a migração de investidores da renda variável para ativos mais conservadores. Com a Selic elevada, produtos como Tesouro Selic, CDBs e LCIs oferecem retornos atrativos com um nível de risco mais baixo.

    “A Selic mais alta atrai recursos para ativos atrelados à taxa Selic, como títulos do Tesouro, fundos de renda fixa e CDBs”, afirma Lage.

    O efeito é visível também, como pontuam os especialistas, entre investidores institucionais, como fundos de pensão e seguradoras, que têm aumentado a alocação em crédito privado e debêntures incentivadas – ativos que, além de retornos interessantes, contam com isenção de Imposto de Renda.

    Já os investidores estrangeiros adotam postura mais cautelosa. “Com juros elevados no Brasil e nos Estados Unidos, o apetite por risco em mercados emergentes diminui”, aponta Patzlaff.

    Estratégias para navegar em um cenário de alta da Selic

    Apesar da pressão sobre a renda variável, ainda há oportunidades para quem deseja manter exposição à bolsa de valores. O momento favorece setores defensivos e estratégias baseadas em dividendos, que ganham protagonismo em tempos de juros altos.

    “Empresas como Taesa (TAEE11) e Copasa (CSMG3) seguem sendo boas alternativas, pois possuem receitas indexadas à inflação e distribuem dividendos consistentes”, explica Patzlaff. No setor de consumo, Ambev (ABEV3) aparece como indicação resiliente, já que seus produtos são de necessidade básica e menos sensíveis ao ciclo econômico.

    ETFs de dividendos também surgem como boas alternativas para quem busca diversificação e menor volatilidade. Por fim, a exposição ao dólar, seja por meio de empresas exportadoras ou fundos cambiais, pode ser uma proteção adicional diante das incertezas fiscais e do cenário de maior aversão ao risco.

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