Tesouro Selic ou CDB de liquidez diária: onde investir neste momento da economia

A decisão deve passar por algumas análises que vão da rentabilidade ao prazo de vencimento

Geralmente, investimentos de liquidez diária são indicados para compor por exemplo uma reserva de emergência. A este atributo positivo soma-se outro: a alta projetada da Selic na próxima semana torna o Tesouro Selic ou o CDB de liquidez diária potencialmente mais interessantes ainda. Mas sempre fica a pergunta. Diante dessas duas opções, qual escolher?

Selic deve aumentar na próxima semana
O Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne na próxima semana para definir a nova taxa de juros básica da economia. A Selic deve receber aumento de um ponto percentual. Vai passar dos atuais 13,25% ao ano para 14,25% ao ano. O mercado ainda trabalha com novo aumento, que pode levar a taxa para 15%.

Não é uma resposta simples. Afinal, os dois produtos são bem parecidos. “Se observarmos as três características possíveis em qualquer investimento, que são volatilidade, segurança e liquidez, tanto um CDB de liquidez diária quanto uma LFT – ou Tesouro Selic –, apresentam as características de liquidez e acessibilidade, ficando de fora a volatilidade, que é uma característica de investimentos de renda variável”, afirma Marcos Milan, professor da FIA Business School.

Tesouro Selic ou CDB de liquidez diária?

Ainda assim, tanto Milan quanto Lais Costa, analista de renda fixa da Empiricus, apontam que nesse cenário atual o melhor é o Tesouro Selic (LFT).

“Em geral, o excesso de retorno do CDB de liquidez diária, ou seja, o lucro além do esperado, é menor do que o incremento de risco do produto. Por isso, para esse objetivo, preferimos o Tesouro Selic. Além disso, também é importante observar taxas e cobranças na contratação dos produtos, que podem ter impacto na rentabilidade do investimento”, argumenta Lais.

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    Já na visão de Josias Bento, especialista em investimentos e sócio da GT Capital, no comparativo Tesouro Selic ou CDB de liquidez diária, é o Certificado de Depósito Bancário que faz mais sentido atualmente.

    “Ambos têm um baixo risco, mas o CDB, por ser de uma instituição bancária, normalmente apresenta uma rentabilidade melhor, principalmente se for de algum banco médio, em que a taxa de retorno precisa ser acima de 105% do CDI. Vale lembrar também que o CDB possui a garantia do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) em até R$ 250 mil por CPF ou CNPJ. O que o torna mais atrativo em relação ao Tesouro Selic”, argumenta Bento.

    Mas o especialista faz uma ressalva.

    “Se o valor da aplicação ultrapassar os R$ 250 mil, o Tesouro Selic leva uma ligeira vantagem em relação a segurança em caso de resgate”, pondera.

    Atento ao banco emissor

    Quando Bento menciona a rentabilidade maior vinda de bancos médios, é importante tomar um certo cuidado aqui. Isso porque, no cenário de juros muito elevados, o risco de crédito aumenta. Afinal, a capacidade dos emissores de pagarem um juro muito maior do que o pago pelo governo se reduz significativamente.

    “Em outras palavras, o spread de crédito (o quanto o ativo financeiro remunera acima de um título público) é menor, o que significa uma relação de risco e retorno pior para o investidor desses títulos. Por isso, CDBs de emissores que não são AAA merecem uma maior atenção. O momento privilegia melhores pagadores e o investidor deve ter isso em mente, ao alinhar o risco e o retorno”, argumenta mais uma vez Lais, da Empiricus.

    Impostos e taxas

    É importante saber que tanto o CDB quanto o Tesouro Selic possuem cobranças de Imposto de Renda e Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Nos dois ativos financeiros, a cobrança de IR é regressiva. Ou seja, quanto mais tempo o investidor permanecer com o produto, menor será a alíquota paga. Funciona assim:

    • Até 6 meses — 22,5%;
    • De 6 meses até 12 meses — 20%;
    • De 12 meses a 2 anos — 17,5%;
    • Acima de 2 anos — 15%.

    A cobrança do IOF também é regressiva no Tesouro Selic ou CDB e passa a ser 0% se a aplicação permanecer ativa por mais de 30 dias. Mas, caso seja necessário retirar o dinheiro antes desse prazo, a taxa recolhida é feita da seguinte maneira:

    Número de dias investidosAlíquota
    196%
    293%
    390%
    486%
    583%
    680%
    776%
    873%
    970%
    1066%
    1163%
    1260%
    1356%
    1453%
    1550%
    1646%
    1743%
    1840%
    1936%
    2033%
    2130%
    2226%
    2323%
    2420%
    2516%
    2613%
    2710%
    286%
    293%
    300%
    Fonte: Banco do Brasil

    Tesouro Selic tem taxas

    Além do IR e do IOF, o Tesouro Selic também cobra duas taxas: de custódia da B3 e de administração. De acordo com o site do Tesouro Direto, a primeira taxa recolhe 0,2% ao ano sobre o total investido e essa cobrança é feita nas seguintes situações:

    • Venda do título antes do vencimento: nesse caso, é recolhida a taxa acumulada até o dia da venda e será deduzida do valor recebido. Ou seja, se o investidor aplicou no Tesouro Selic em 1º de janeiro e vendeu o título em maio, a cobrança será proporcional a esse período.
    • No vencimento do produto: aí, a taxa acumulada será deduzida do valor recebido no vencimento.

    Aqui um ponto importante: a taxa de custódia só é cobrada em aplicações acima de R$ 10 mil. Portanto, se o investidor tiver aplicado R$ 9 mil estará isento. Mas, se tiver investido R$ 11 mil, aí a taxa incidirá somente sobre R$ 1 mil. Portanto, 0,20% de R$ 1 mil, que resultariam em R$ 2 de taxa de custódia.

    Já a taxa de administração é cobrada pelo banco emissor do Tesouro Selic.

    Por isso, o valor pode variar entre instituições. Muitos bancos não têm recolhido essa taxa, pois ela é opcional. Também no site do Tesouro Direto é possível ver a lista de instituições financeiras que emitem o título público.

    O que analisar antes de escolher

    Por isso, no momento de selecionar qual ativo financeiro incluir na carteira de investimentos, deve se levar em consideração alguns pontos.

    Tesouro Selic ou CDB de liquidez diária: o que considerar antes de investir
    Rentabilidade líquida: verifique quanto cada investimento rende já descontando impostos e taxas.
    Liquidez: precisa do dinheiro imediatamente? Prefira CDBs com liquidez diária e resgate D+0.
    Segurança: para valores acima de R$ 250 mil, Tesouro Selic pode ser mais seguro do que um CDB exposto ao risco da instituição emissora.
    Prazo de investimento: se for um investimento de médio/longo prazo e sem necessidade de saques, o Tesouro Selic pode ser mais estável.

    Leia a seguir

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