Tesouro Direto Prefixado ou IPCA? Qual título liderou em 2023 e qual será o destaque em 2024

O título prefixado do Tesouro Direto com vencimento em janeiro de 2029 encerrou o ano com valorização de 26,78%, 205% do CDI

Muito se falou da renda fixa atrelada à inflação no ano que passou. Mas foi o Tesouro Direto Prefixado quem liderou o ranking dos investimentos entre os títulos públicos federais em 2023.

O título prefixado do Tesouro Direto com vencimento em janeiro de 2029 encerrou o ano com valorização de 26,78%. Ou, se preferir, 205% do CDI, taxa que encerrou o ano passado em 13,05%.

Mais prefixado no pódio

Em segundo lugar, o ranking traz outro título prefixado de médio prazo, com vencimento em janeiro de 2033. Mas, nesse caso, com pagamento de cupons semestrais. O título acumulou alta de 25,64% ao ano, 196% do CDI.

Esse título rendeu menos que o líder, com prazo de 2029, justamente por distribuir cupons semestrais. Essa opção vai reduzindo o carrego de valorização do produto.

É o mesmo caso do terceiro colocado no ranking, o título do Tesouro Direto prefixado com vencimento em 2031, com pagamento de cupons semestrais, registrou valorização de 24,33% no ano passado. Na comparação com o benchmark, entregou 186% do CDI.

Títulos atrelados ao IPCA ficaram para trás

Apenas para comparação, dentre os títulos atrelados em IPCA (NTN-Bs) de médio prazo, o primeiro a aparecer no ranking tem vencimento em 2032. Ele rendeu 16,18% no ano, 124% do CDI.

Os pós-fixados, também chamados de Tesouro Selic, ficaram entre 13,03%, com vencimento em março de 2027, e 12,99%, para os papéis que vencem em agosto de 2024.

Já os títulos do Tesouro atrelados ao IGP-M, com vencimento em janeiro de 2031, renderam 5,82%.

O que explica o sucesso do Tesouro Direto Prefixado

Os títulos prefixados são aqueles em que o emissor, no caso o Tesouro Direto, informa exatamente o porcentual do ganho que o investidor terá na hora do resgate.

Acontece que a renda fixa só é fixa se o investidor segurar o papel até o seu vencimento. Ao longo do caminho, ele oscila. E foi o que aconteceu neste ano.

Quando o governo começou a cortar a Selic, quem tinha um Tesouro Direto Prefixado com taxa maior à projetada pelo mercado no vencimento experimentou uma forte valorização.

“Os papéis atrelados à inflação, as NTN-Bs, entraram no ano de 2023 caros, com inflação implícita (embutida) alta”, lembra Ian Lima, diretor de renda fixa da Inter Asset.

Ele lembra que o mercado esperava por uma inflação maior no começo do ano passado, na casa dos 6%. Mas houve uma redução da alta dos preços e o governo começou a cortar os juros no segundo semestre.

“Esse é o cenário típico, onde o juro nominal, os papéis prefixados, têm um desempenho melhor do que os papéis atrelados à inflação”, destaca André Leite, diretor de investimentos da TAG Investimentos.

O que esperar do Tesouro Direto em 2024

O cenário visto no ano passado, na opinião dos especialistas, não deve se repetir neste ano. Os gestores começam o ano na expectativa de que, em 2024, as perspectivas são melhores paras as NTN-Bs.

Isso porque, de uma forma geral, as taxas dos títulos prefixados já incorporaram a queda de juros esperada pelo mercado, que deve chegar perto de 9% no meio do ano. E, no médio prazo, espera-se uma retomada da inflação.

“Acredito hoje mais nas NTN-Bs”, aponta Ian Lima, da Inter Asset.

André Leite, da TAG, concorda. “Pelo histórico da inflação no Brasil, ainda mais em governo de esquerda, gastador, há uma assimetria interessante para cima nas implícitas (a inflação embutida)”, avalia André. “Por isso é mais interessante comprar NTN-B do que LTN ou NTNF”, acredita.