Taxas de títulos do Tesouro Direto caem após Copom decidir manter a Selic em 10,50%
Relatório do Itaú BBA avalia o comportamento da renda fixa nos últimos dias e mostra o que o investidor pode esperar a partir de agora
Após semanas de alta, as taxas de rentabilidade dos principais títulos do Tesouro Direto começaram a ceder nos últimos dias. Mais precisamente, desde quarta-feira (19), quando o Copom decidiu de forma unânime manter a taxa Selic em 10,50% ao ano.
Nesta segunda (24), o Boletim Focus reforçou a estimativa do mercado de que a taxa deva ficar onde está este ano. Portanto, sem novos cortes até o final de 2024. Para 2025, a estimativa é que seja possível cortar até chegar em 9,50% ao ano.
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A taxa do Tesouro Prefixado 2027 caiu de 11,72% ao ano na quarta para 11,47% nesta terça-feira (25). No entanto, ainda estamos distantes de voltar ao patamar do início do mês, de 11,21% do dia 3 de junho.
O mesmo aconteceu no Tesouro IPCA+. Na quarta-feira, o título com vencimento em 2029 pagava a inflação mais 6,37% ao ano. Hoje, a negociação é a correção do IPCA mais 6,28% ao ano. Em 3 de junho, contudo, o juro real pago ao investidor era de 6,16% ao ano.
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‘Riscos internos reduziram, mas há muito a ser feito’
Lucas Queiroz, estrategista do research para pessoa física do Itaú BBA, avaliou em relatório publicado nesta segunda-feira que “o comportamento dos ativos de renda fixa indica que os riscos internos reduziram, mas que há muito a ser feito à frente”.
“O resultado na renda fixa reverte apenas parcialmente o movimento das últimas semanas nos trechos curto e intermediário, além de não conseguir reverter a cautela do mercado expressa na parte mais longa da curva prefixada”, escreve. “É possível inferir que a ausência de surpresas na decisão do Copom foi o suficiente apenas para evitar deterioração adicional dos ativos domésticos”.
De acordo com o especialista, a curva de juros prefixados teve recuo de 0,05 p.p. na taxa de 1 ano e 0,02 p.p na taxa do vértice de 2 anos. No entanto, houve elevação média de 0,02 p.p. nas taxas de vértices entre 3 e 5 anos.
A curva de taxas reais (IPCA+) apresentou redução em toda a extensão. Do vértice de 1 ano até o de 10 anos, tivemos um recuo gradual de 0,15 p.p. no trecho mais curto e uma queda de 0,05 p.p. na parte mais longa.
No que ficar de olho
Lucas Queiroz destaca a unidade do discurso do Banco Central e o início das discussões sobre corte de gastos públicos pelo governo. No entanto, ele observa que os investidores devem continuar acompanhando alta volatilidade nos ativos.
“É notável o avanço no discurso do Banco Central, mostrando unidade, e mais recentemente na discussão fiscal, que passou a abordar o controle de despesas. Assim, entendemos que estamos avançando gradualmente em temas sensíveis aos investidores, mas que dada a alta frequência dos mercados continuaremos a observar volatilidade elevada nos ativos”, escreve o estrategista.
O relatório do Itaú BBA aponta que seguem “atrativas as taxas atreladas à inflação de médio e longo prazo”. O report também reforça uma oportunidade tática em vértices prefixados de prazo intermediário.
Variação nos títulos do Tesouro Direto
Compilamos a variação das taxas de rentabilidade ofertadas nos títulos do Tesouro Direto, na comparação entre a última quarta-feira e esta segunda. Em geral, quando há cenários de maior risco fiscal e inflacionário e perspectiva de altas de juros, as taxas sobem, refletindo a necessidade do Tesouro de pagar taxas mais atrativas para captar recursos.
Veja abaixo a variação das taxas em cinco títulos, do Tesouro Prefixado e do Tesouro IPCA+
Título | Taxa em 19/06 (ao ano) | Taxa em 24/06 (ao ano) |
Tesouro Prefixado 2027 | 11,72% | 11,47% |
Tesouro Prefixado 2031 | 12,32% | 12,14% |
Tesouro IPCA+ 2029 | IPCA + 6,37% | IPCA + 6,28% |
Tesouro IPCA+ 2035 | IPCA + 6,34% | IPCA + 6,30% |
Tesouro IPCA+ 2045 | IPCA + 6,35% | IPCA + 6,32% |