Retorno da renda fixa IPCA+ vence S&P 500 no longo prazo, projeta Bradesco

O retorno da renda fixa atrelada à inflação, ou seja, ao IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), é capaz de bater o rendimento do S&P 500, segundo simulação realizada pelo private bank do Bradesco. No cenário projetado, o banco considera o retorno médio anualizado de um título IPCA+ a 7,5% (média da NTN-B de 7 anos) e da bolsa americana em uma janela de 1 a 15 anos. O título indexado à inflação brasileiro bate o índice de ações americano nas janelas de 3, 4 e 10 anos.
“O atrativo dos títulos indexados à inflação reside na sua capacidade de oferecer uma taxa de juros vantajosa, ajustada pela inflação medida pelo IPCA. Isso garante não apenas a preservação, mas também o aumento do valor do dinheiro investido”, afirma, em nota, a equipe de Carlos Machado, estrategista chefe do Bradesco.
O nível atual de retorno em juro real (descontada a inflação) “raramente” apareceu para o investidor brasileiro, diz o braço de alta renda do Bradesco.
Da última vez em que atingiu o atual patamar de 7,5%, o Brasil estava em recessão e à beira do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff.
S&P e dólar batem IPCA+ a 7,5% no curto prazo
Os analistas do Bradesco consideraram o rendimento bruto dos ativos para projetar a rentabilidade média anual da renda fixa em IPCA+, dólar contra real, S&P 500, CDI entre outras aplicações.
Dados da Anbima (Associação Brasileira de Entidades do Mercado de Capitais) mostram que hoje o Tesouro IPCA+ com prazo de vencimento de 7 anos tem rentabilidade de 7,52%.
Assim, a tabela elaborada pelo Bradesco mostra como o S&P é dominante contra todos os ativos no médio e no longíssimo prazo, de 15 anos. O IPCA+ mantém a segunda posição em rentabilidade nestas janelas de tempo.
Mas o índice da bolsa americana é ultrapassado pelo título de inflação brasileira nas janelas de 3, 4 e 10 anos.
No curtíssimo prazo, quem leva melhor é o investimento em dólar, cujo retorno em 2024 chegou a 27,1%. Da mesma forma, em 2 anos, o S&P 500 se mantém no primeiro lugar no quadro de melhor rendimento, com ganho de 26,2% anualizado, superando investimentos em IPCA+, CDI e no câmbio.
Renda fixa vira o jogo
Mas a partir do terceiro ano de retorno acumulado, o IPCA+ vira o jogo contra o S&P 500.
A renda fixa brasileira devolve 12,9% ao investidor na janela de 3 anos, seguindo a simulação do Bradesco. E chega a bater rendimento de 14,2% no quarto ano.
É maior do que o entregue pelo S&P 500 no mesmo período, segundo os analistas do Bradesco.
No prazo de 10 anos, o IPCA+ traz um retorno de 13,7% contra os 13,4% do S&P 500.
Com base no rendimento acumulado de uma cesta de ativos, o Bradesco simulou o retorno do ativo de renda fixa contra a bolsa americana. O Tesouro IPCA+ rende 13,7% ao ano contra 13,4% do S&P 500.
“Nos últimos dez anos, por exemplo, esse nível de taxa (do Tesouro IPCA+) apresentaria um melhor desempenho médio dentro do universo selecionado”, afirma o Bradesco.
Em 10 anos, o IPCA+ também bate os retorno acumulado de investir em dólar (9,1%) e do dinheiro parado no CDI (9,2%).
‘Portfólio defensivo’ em renda fixa
No relatório, os analistas do Bradesco argumentam que em um cenário de inflação persistente e incerteza econômica, “um portfólio mais defensivo será mais eficaz” no retorno a investidores.
Portanto, “ter uma parcela maior da renda fixa na carteira se mostra importante”, diz o banco.
Quando o papel atrelado à inflação possui ainda por cima isenção tributária, como nos casos de CRI, CRA, LCI, LCA ou debênture em infraestrutura, ele se torna ainda mais atrativo aos olhos do Bradesco.
No fim, a conclusão do estudo reforça o excelente momento da renda fixa.