6 informações que você precisa saber sobre a renda fixa com a maior alta da Selic desde 2016

Na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) tomou a decisão de aumentar a taxa Selic para 14,25% ao ano. É o maior patamar desde agosto de 2016. Diante disso, como fica a renda fixa neste momento da economia? Quando é interessante investir em títulos prefixados e pós-fixados por exemplo? E os outros ativos da renda fixa, como ficam?
A Inteligência Financeira conversou com diversos especialistas e traz um compilado de tudo o que você precisa saber a respeito. As entrevistas foram realizadas antes da divulgação da ata do Copom, que ocorreu nesta terça-feira (25). Mas o principal aqui é que o cenário não se altera. O Banco Central segue preocupado e indicou que o ciclo de alta da Selic ainda não está encerrado.

1. É hora de rever a carteira e alocar mais dinheiro na renda fixa
Para Valter Police, planejador financeiro da Droom Investimentos, esse é o momento de alocar um pouco mais de dinheiro na renda fixa. “E assim, aproveitar os investimentos que são ligados a isso, porque eles vão ter um retorno maior”, afirma.
Os especialistas indicam que também é hora de revisitar a carteira de investimentos.
“A volatilidade e a sensibilidade dos ativos à política monetária exigem análise cuidadosa para garantir que a composição do portfólio esteja alinhada com os objetivos financeiros e o perfil de risco do investidor”, explica Jeff Patzlaff, planejador financeiro e especialista em investimentos.
Ainda de acordo com ele, essa revisão proposta permitirá identificar possíveis desequilíbrios, “ajustar a exposição a ativos mais sensíveis às mudanças de juros e aproveitar oportunidades que podem surgir em diferentes horizontes de tempo.”
2. Títulos pós-fixados no curto prazo
E neste cenário de alta a Selic, afinal, algumas projeções indicam que a taxa de juros deve diminuir ano que vem, Lucas Constantino, estrategista-chefe da GCB Investimentos, acredita que a melhor jogada no curto prazo é investir en títulos pós-fixados.
“Isso porque esses ativos passam a proporcionar retornos ainda maiores aos portfólios e com alto grau de conservadorismo. Ativos com liquidez diária farão a função de caixa para oportunidades (e/ou) reserva de emergência da carteira”, conta.
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E entre os investimentos pós-fixados, Josias Bento, especialista em investimentos e sócio da GT Capital, afirma que, no curto prazo, alguns ativos financeiros a serem considerados na carteira são:
- Tesouro Selic;
- Certificado de Depósito Bancário (CDB);
- Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e
- Letra de Crédito do Agronegócio (LCA), todos atrelados ao CDI ou Selic.
“Esses títulos, (por serem pós-fixados), acompanham a taxa de juros. Ou seja, quanto maior a Selic, maior o rendimento. Com os juros em 14,25%, os retornos dos pós-fixados ficam muito atrativos, superando a inflação e proporcionando uma alternativa segura para os investidores”, afirma o especialista.
Além disso, Frederico Avril, sócio-fundador da Septem Capital, lembra que o Tesouro Selic é “ideal para quem quer exposição à taxa de juros sem risco de crédito. Afinal, é um título do governo Federal.”
Impostos e taxas |
Importante sempre lembrar que os títulos públicos, como o Tesouro Selic, possuem algumas taxas, como de custódia e IOF. Além da cobrança de Imposto de Renda, que também existe no CDB. Já as Letras de Crédito são isentas de IR. Mas uma atenção: mesmo com esse benefício do não pagamento de imposto, especialistas indicam certa cautela na hora de investir nesses títulos de crédito privado. Afinal, juros mais altos, aumentam os custos das dívidas das empresas. |
3. Prefixados também entram no horizonte do investidor
Quando o tempo de investimento é maior, os pós-fixados continuam sendo boas opções. “Mas o investidor deve ficar atento para quando o Banco Central começar a reduzir os juros, pois isso pode diminuir a rentabilidade. Por isso, os prefixados podem começar a ficar interessantes caso os juros estejam próximos do pico. Isso porque esse tipo de ativo trava uma taxa elevada por mais tempo”, explica Josias Bento.
“Caso haja dúvidas ou risco de novas altas, os pós-fixados oferecem mais segurança. O ideal, portanto, é diversificar. Mantendo uma parte do portfólio em pós-fixados e outra em prefixados para equilibrar riscos e retornos”, acredita Fernando Camargo Luiz, sócio fundador da Garoa Wealth Management.
No conjunto de ativos financeiros que travam a taxa de remuneração que será paga no vencimento, Sidney Lima, analista da Ouro Preto Investimentos, aponta que os títulos prefixados de longo prazo e os títulos atrelados à inflação (Tesouro IPCA) ganham atratividade.
“Os títulos prefixados de longo prazo, como os CDBs com vencimentos em 2028 ou 2030 e o Tesouro Prefixado 2029, podem oferecer ganhos superiores, caso a taxa Selic recue nos próximos anos. Já os títulos atrelados ao IPCA são uma excelente proteção contra a inflação, garantindo um rendimento real acima da variação dos preços”, comenta o especialista.
Fernando Camargo Luiz acrescenta na lista as Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e as Letras de Crédito do Agronegócio (LCAs) prefixadas, “que contam com a vantagem da isenção do Imposto de Renda, tornando-se ainda mais atrativas no longo prazo”, afirma.
4. Atento à marcação a mercado
Por outro lado, Jeff Patzlaff faz uma ponderação sobre os títulos prefixados. “Caso o investidor precise resgatar antes o investimento, pode sofrer a marcação a mercado. Por isso, alinhar o prazo com a rentabilidade é a melhor estratégia”, ensina.
Aliás, essa atenção com a marcação a mercado também existe dentro dos títulos pós-fixados, principalmente no Certificado de Depósito Bancário (CDB). E isso, novamente, se for necessário retirar o dinheiro antes do vencimento.
5. Fundos de renda fixa são boas opções
Quando o foco é no longo prazo, pensar em qual investimento aplicar parte do patrimônio vai depender do comportamento da inflação e da política monetária. Como dito, as projeções indicam que a partir de 2026 a taxa de juros comece a cair aos poucos. Mas isso não está escrito em pedra.
E além dos ativos já mencionados, Josias Bento conta que outra boa alternativa para o médio e longo prazos são os fundos de renda fixa, com liquidez acima de D+30.
“O portfólio desses ativos, muitas vezes, é mais agressivo, com títulos de crédito privado e até mesmo FIDC dentro da cesta de ativos do fundo. Esse tipo de investimento, portanto, para um cenário de longo prazo, pode trazer boa rentabilidade e previsibilidade nos retornos”, comenta.
6. Horizonte, liquidez e apetite ao risco do ativo
Então, em momentos de juros elevados com projeção de queda, a decisão entre pós e prefixado depende do timing da queda.
“No cenário atual, os títulos prefixados acima de 14% já podem ser vantajosos. Mas, no cenário de a Selic subir antes de cair, os pós-fixados são mais vantajosos no curto prazo. Por isso, o investidor deve sempre considerar bem o horizonte de investimento, necessidade de liquidez e apetite ao risco antes de escolher”, conclui Jonas Carvalho, CEO da Hike Capital.
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