Marcação a mercado: confira como não perder dinheiro ao investir no Tesouro IPCA+
Saiba por que você deve entender esse mecanismo de atualização dos preços dos ativos quando for investir em títulos públicos atrelados à inflação
Os títulos públicos mais procurados pelos investidores são os indexados à inflação, como o Tesouro IPCA+ e o Tesouro IPCA+ com Juros Semestrais. De acordo com o último balanço do Tesouro Nacional, esse grupo de ativos totalizou R$ 4,05 bilhões em vendas, ou seja, 50,6% do total.
Estamos falando de ótimas opções para o médio e longo prazo. Isso porque, caso você não leve o ativo até o vencimento, pode perder dinheiro. E isso tem tudo a ver com a chamada marcação a mercado. A seguir, confira por que você deve ficar atento a esse mecanismo de atualização dos preços de investimentos quando for aplicar no Tesouro IPCA+.
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O que é marcação a mercado?
A marcação a mercado é um ajuste diário nos preços dos ativos. Portanto, marcar a mercado é saber o preço que você receberia caso vendesse o seu ativo hoje. Com a marcação a mercado, o investidor consegue observar o quanto de fato está valendo determinado investimento no momento da consulta – e não a previsão de quanto ele receberá caso mantenha o papel até o vencimento.
Até o final do ano passado, as instituições não eram obrigadas a mostrar isso nos títulos de crédito privado, por exemplo. Elas mostravam a marcação na curva, que basicamente mostra quanto o investidor vai receber no vencimento.
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Em resumo, o preço da marcação a mercado é um indicativo do valor de negociação do ativo. Não é necessariamente o valor exato que o investidor receberá no caso de venda antes do vencimento. Isso porque pode haver outras variáveis que afetam o preço para cima ou para baixo. Entre elas estão o risco de liquidez imediata do mercado e os custos de transação.
Marcação a mercado: como não perder dinheiro no Tesouro IPCA+
Sair antes do vencimento de um investimento de renda fixa pode causar prejuízo ao investidor se, no momento da venda, o título valer menos que no momento da compra. Uma das formas de não perder dinheiro com o Tesouro IPCA+ é óbvia: segurar o dinheiro na aplicação até o vencimento. Ou seja, dessa forma você garante a rentabilidade prometida no momento da compra do produto.
A outra opção para o investidor que não quer perder dinheiro com a aplicação também requer paciência. Ele vai precisar esperar a curva de preço virar para que seu investimento saia do vermelho.
“Por exemplo, você comprou o título agora (pagando, por exemplo, IPCA+ 6%), nesse patamar que é considerado alto historicamente. Passaram-se um ou dois anos, e você só encontra títulos pagando IPCA+ 4% ou 5%. Então, o seu título vai ser cobiçado no mercado. Desse modo, vai ser interessante vender porque a pessoa vai querer esse papel, e você vai ter um saldo líquido interessante naquele momento”, explica Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos.
O especialista continua ao afirmar que o problema dessa operação é quando acontece contrário. “Quando você compra e o governo oferece ao mercado títulos IPCA+ a um patamar ainda maior do que você comprou. Nesse caso, não tem por que alguém comprar o seu título se governo está oferecendo algo melhor”, esclarece.
Tesouro IPCA+ e vencimento
Filipe Arend, head de renda fixa da Faz Capital, reforça que a recomendação de fato é manter o título até o vencimento quando a gente fala de um investidor um pouco mais conservador.
“E isso acontece por conta da dinâmica de marcação a mercado. Então, pensando em investimentos mais longos, é preciso ter estômago para enxergar essa volatilidade e deságio na carteira e ficar confortável com isso. Para eventualmente fazer um resgate antecipado, o investidor precisa sempre comparar a taxa que ele contratou em cima de um título com a taxa atual de mercado dele”, completa.
De acordo com o especialista, é muito importante entender o conceito de marcação a mercado, uma vez que é isso que dá a dinâmica de preço do Tesouro Direto. “Todos os dias os títulos são marcados a mercado. Então, é importante entender essa relação inversa entre taxa e preço para que não haja surpresas ali no meio do caminho entre a aplicação e o vencimento do título”, alerta Arend.
Por que investir no Tesouro IPCA+?
De acordo com Cruz, por conta da taxa de juros mais alta, o interesse pelos papéis do Tesouro cresceu bastante e tende a aumentar ao longo dos próximos meses e de 2025. “O interesse pela renda fixa como crédito privado também aumentou bastante. Quando a gente olha os dados da Anbima, observamos fundos multimercados e de ações sofrendo muito resgate, enquanto fundos de renda fixa recebem muito depósito”, destaca o estrategista-chefe da RB Investimentos.
Arend salienta que o aumento da procura pelos títulos IPCA+ tem a ver justamente com o nível de taxas. “Então, a gente tem visto os NTN-Bs (Tesouro IPCA+ com juros semestrais) renovando as máximas de 2024, inclusive são as máximas dos últimos oito anos. É realmente um patamar bastante atrativo, com as taxas se aproximando de IPCA+ 7%, dependendo do vencimento. Olhando para a performance passada, são títulos que entregam retornos muito acima do CDI”, diz o head de renda fixa da Faz Capital.
Segurança: ponto para o Tesouro IPCA+
Gustavo Cruz pontua que o Tesouro IPCA + é um dos primeiros papéis recomendados quando você começa a aprender sobre investimentos, muito por conta da segurança. “Para você não receber, precisaria que o governo brasileiro entrasse numa situação tão crítica que precisasse fazer um tipo de calote na dívida, algo bem improvável”, afirma ele.
Do outro lado, há também a próxima expectativa de inflação subindo, de acordo com Arend. “O investidor tem uma taxa real alta, uma taxa acima da inflação elevada, e o componente de inflação pós-fixado neste título acaba tendo um aspecto de retorno mais interessante, em função desses aumentos na expectativa do IPCA. Tanto olhando para o Boletim Focus quanto para a expectativa de mercado”, diz ele.
Na visão do especialista em renda fixa, é uma boa opção para todas as carteiras. “Só é necessário ajustar o vencimento de acordo com o perfil. Então, vencimentos mais curtos para investidores mais conservadores, e investimentos eventualmente intermediários e longos para investidores que têm um perfil de risco um pouco mais arrojado. Isso porque aqui a gente já atende uma dinâmica de marcação de mercado, fazendo com que o título tenha uma volatilidade mais expressiva”, diz Arend.