Selic a 13,25% traz armadilha para investir em LCI e LCA; entenda a análise de especialistas

Porta aberta para subir Selic provoca alta de LCI, LCA e mais títulos de crédito privado com prazos curtos e de baixo risco de emissão

A LCI, LCA e demais instrumentos de crédito privado ganham maior atratividade no curto prazo no atual cenário da taxa Selic, dizem analistas. Elevada a 13,25% ao ano pelo Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central), a taxa de juros provoca aumento nominal do retorno de debêntures tradicionais e letras de crédito, indexadas ao CDI, ao tradicional CDB. Mas o ganho imediato nos títulos pode trazer uma “pegadinha” ao investidor.

A taxa de Selic de 13,25% indica também um ambiente de inflação elevada e, portanto, juros reais ainda maiores. Analistas lembram que, conforme o aumento da Selic, o risco de crédito das empresas aumenta, o que pode levar a uma alta do prêmio no crédito privado.

Selic alta leva mercado a preferir LCI, LCA e mais no curto prazo

O mercado hoje procura por títulos com prazos curtos e de bons emissores. Essa é a perspectiva de Gustavo Cruz, estrategista da corretora RB Investimentos.

A procura de investidores profissionais pelos títulos dessa natureza e de emissores considerados triple A (AAA) leva a uma compressão de emissões de dívida do curto prazo, como debêntures, diz Cruz. Nesse sentido, a taxa de juros pressiona ainda mais spreads das novas emissões de LCI, LCA e títulos de credito.

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    Contudo, um juro mais alto ao ano aumenta o risco de crédito de empresas e o custo de novas emissões, diz Jansen Costa, sócio-fundador da Fatorial Investimentos. “Isso poderia levar a aumento da taxa de retorno de crédito privado”.

    Por enquanto, a XP Investimentos diz que é recomendável que o investidor procure títulos de LCI, LCA, CRI e CRA com prazos de 2 a 3 anos. “Desde que sejam de bons emissores com alto grau de investimento”, diz Camilla Dolle, head de renda fixa da corretora. Ela sugere carregar títulos até o vencimento.

    “O investidor deve aproveitar o momento de juros reais ainda altos para priorizar o carrego”, diz Camilla. “Ou seja, priorizar os títulos IPCA+ de empresas menos alavancadas e com bom acesso ao mercado de capitais”, conclui.

    Para Marcel Andrade, head de soluções de investimento da SulAmérica, o risco de crédito pode ser compensado por fusões ou aquisições.

    “O custo financeiro aumenta, mas as grandes empresas têm oportunidade de ganhar espaço no mercado por meio de aquisições de empresas menores”, diz Andrade. Além disso, segundo ele, as empresas “ainda não enfrentam dificuldades” no balanço financeiro pelo bom momento da economia.

    Armadilhas do CDI nos títulos de crédito privado

    Apesar do aumento na taxa nominal de LCI, LCA e CDB atreladas ao CDI, o mercado financeiro explica que há uma “pegadinha” com a alta dos juros.

    Isso porque os ganhos no CDI servem apenas aos investidores que pensam em “liquidez imediata”, diz Andrade.

    “Todos os investimento em crédito privado alocado em CDI ou com percentual do CDI sobem. Mas o juro real embutido continuam altos no longo prazo”, argumenta o estrategista da SulAmérica Investimentos.

    Nesse sentido, juros reais mais altos implicam em uma piora de inflação. O investidor só consegue se blindar dessa alta por títulos IPCA+. Seja CRI, CRA ou debêntures incentivadas, afirma Rafael Baellas, diretor de Produtos da InvestSmart.

    Além disso, riscos de créditos devem ser avaliados, diz Baellas. “O risco associado ao emissor dos títulos exige monitoramento rigoroso”, afirma.

    “Portanto, embora o momento seja propício para buscar ativos atrelados ao CDI por seus rendimentos potencialmente mais altos, é essencial incorporar uma gestão de risco diligente.”

    Além disso, a isenção de imposto é um atrativo de títulos como LCI, LCA e outros.

    “A vantagem fiscal proporcionada pela isenção aumenta o rendimento líquido desses títulos, o que pode torná-las atraentes em um ambiente de juros mais altos”, destaca Baella.

    Por fim, a carteira conservadora de Andrade para o momento é formada por fundos DI. Ou ativos com liquidez imediata ou de um dia. Também recomenda investir em LCI, LCA, CRI, CRA e debêntures incentivadas.

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