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Como fica investir no Tesouro Direto com a Selic a 10,75%?
O Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) decidiu cortar a taxa básica de juros, a Selic, pela sexta vez seguida nesta quarta-feira (20). Especialistas indicam que o movimento deve levar o investidor de renda fixa a buscar opções mais arriscadas ao investir no Tesouro Direto, especialmente com a Selic a 10,75% e a queda no rendimento dos títulos pós-fixados, atrelados ao juro.
Gestores apontam que os prêmios de risco dos títulos do Tesouro Prefixado e IPCA+ subiram nas últimas semanas com a piora na expectativa de juros futuros para a economia brasileira. A deterioração de cenário levanta oportunidade para investir em títulos do Tesouro de curto e longo prazos. Veja as principais indicações do mercado.
Onde investir em renda fixa com o corte da Selic?
No campo dos títulos públicos, ou seja, disponíveis no Tesouro Direto, analistas e gestores mostram que é o momento de o investidor procurar papéis mais arriscados dentro da renda fixa.
Mesmo assim, parte da carteira deve continuar alocada no Tesouro Selic de prazo médio.
Apesar de o início do ciclo de corte de juros pelo Banco Central em agosto, o mercado financeiro ainda considera a taxa Selic a 10,75% “restritiva”. Isso porque ela permanece acima da chamada taxa de juros real para a economia, que segundo o BC está em torno de 7,5%.
Mesmo com o risco de o BC retirar a sinalização de cortes futuros, o atual patamar da Selic “ainda deve ter efeito de deflação sobre a economia”, diz Ian Lima, analista de renda fixa da Inter Asset.
De acordo com Lima, o investidor deve migrar cada vez mais do patrimônio alocado em renda fixa para títulos do Tesouro Prefixado ou Tesouro IPCA+, a depender do perfil do rentista.
E apesar de a Selic permanecer alta e em patamar atrativo para investir em ativos pós-fixados, outros títulos do Tesouro Direto “ganham destaque na relação de risco e retorno” com a Selic a 10,75%.
É a avaliação de Rodrigo Abreu, estrategista da ASA Investments.
Como fica investir no Tesouro Direto IPCA+ com o corte da Selic?
Como a inflação brasileira está mais estável e abaixo da média histórica, o mercado acredita que é uma boa oportunidade para entrar em Títulos do Tesouro IPCA+.
“Gosto do prazo mais longo para as NTNBs”, afirma o analista, que afirma que as melhores oportunidades de entrada estão em títulos mais longos do Tesouro IPCA+, como o com prazo de 2050. “Estamos no contexto de inflação corrente muito baixa. Teremos inflação de março que deve ser de 0,20%. Somado ao CDI de 0,80% por mês, isso faz com que o juro real mensal fique alto.”
Por outro lado, o gestor e sócio da Galapagos Asset, Fábio Guarda, afirma que a melhor oportunidade de entrada está nos títulos de médio prazo.
Mesmo com a inflação estável, Guarda nota que o prêmio de risco negociado nos títulos do Tesouro IPCA+ no mercado secundário também está abaixo da média.
“Quando comparamos com o nosso passado, parece que inflações na curva estão precificadas. As notas do Tesouro IPCA de médio prazo estão com retorno sobre o juro real de 1% a 1,5%. Em relação aos prêmios históricos, me parece que estão depreciadas”, afirma Guarda.
Ou seja, há espaço para avanços no retorno dos títulos do Tesouro IPCA+ de médio prazo.
Qual tipo de Tesouro Direto Prefixado pode render mais?
Com mais um corte da Selic, o mercado aponta que os investidores também devem procurar opções de Tesouro Direto Prefixado.
Guarda explica que os títulos prefixados até janeiro de 2027 podem entregar retorno nominal atraente porque a dinâmica de corte de juros deve se estender. “Há benefício no Tesouro Direto Prefixado de 2025 a 2027. A partir daí ficamos reféns das questões parafiscais”, prossegue.
Mas a janela para entrar nesse tipo de título da renda fixa e surfar ganhos não é muito grande, explica Ian Lima. O analista diz que se a curva começar a fechar em 0,40 ponto percentual, “não existe tanto valor” nos títulos prefixados.
Há quem aposte no Tesouro Prefixado de curtíssimo prazo como a melhor relação de risco e retorno do mercado de títulos públicos. É o caso de Gilberto Kfouri, gestor multimercado da BNP Paribas Asset.
O especialista cita que o valor a ser ganho está na diferença entre a atual projeção da Selic terminal para 2024 e o patamar de fim de ciclo de juros. A BNP Asset estima que o BC deve terminar o ciclo com juros em 8,5% ao ano.
“O risco é não parar no 9%”, diz Kfouri. “O mercado está projetando uma Selic terminal a 9,75%. Ou seja, existe um prêmio na ponta curta da curva”, completa.
Na visão do gestor, quem tem condições para capturar melhor os cortes de juros são os prefixados de curto prazo, como os de 2025 e 2026. Para prazos médio e longo, Kfouri pende para o Tesouro IPCA+.
Ainda vale a pena investir no Tesouro Selic?
Gestores divergem na realocação de carteira a partir da queda de juros quando o assunto é o Tesouro Direto Selic.
Para Kfouri, o juro brasileiro continua dando fôlego aos títulos públicos da categoria. “Você não precisa correr tanto risco porque o juro real ainda será bem alto neste ano”, explica o gestor. “Ainda é seguro ficar no Tesouro Selic de curto prazo”, detalha.
Para Ian Lima, da Inter Asset, o investidor deve alocar pelo menos 50% da carteira em Tesouro Selic.
Por outro lado, Abreu, da ASA, argumenta que, de acordo com o perfil de investidor, outras opções se tornam mais viáveis. Para rentistas com perfil “moderado”, ele recomenda uma exposição maior a prefixados e NTNB.
A carteira de Ian Lima para investidores de renda fixa com a Selic a 10,75%:
- 50% em Tesouro Selic 2030
- 30% em Tesouro Prefixado 2026 e 2027
- 20% em Tesouro IPCA+ 2050
A carteira de Rodrigo Abreu para investidores de renda fixa com a Selic a 10,75%:
- 40% em Tesouro IPCA+ com prazos acima de 5 anos
- 30% em Tesouro Prefixados com prazo de até 2 anos
- 30% em Tesouro Selic com prazo de até 2 anos
As opções de títulos acima podem ser analisadas no site do Tesouro Direto.
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