Inflação alta faz títulos híbridos e pós-fixados ganharem destaque na renda fixa
- Inflação acima do esperado impulsiona busca por investimentos que protejam o poder de compra.
- Títulos híbridos (IPCA+ taxa fixa) como Tesouro IPCA+, CRIs e CRAs se destacam.
- Títulos pós-fixados (indexados à Selic) também são atraentes, mas com foco em curto prazo.
- Títulos prefixados perdem atratividade devido à incerteza inflacionária.
- Especialistas recomendam diversificação para mitigar riscos.
O Relatório de Política Monetária divulgado nesta quinta-feira (27) pelo Banco Central mostra duas coisas sobre a inflação. A primeira é que ela surpreendeu a autoridade monetária entre dezembro e fevereiro. A segunda indica que nos “nos próximos meses, os preços ao consumidor devem seguir com variações mensais elevadas e a inflação acumulada em doze meses deve permanecer ao redor de 5,5%”. E isso é acima do intervalo de tolerância da meta.
Os dados foram divulgados após a apuração da reportagem com os especialistas, mas corroboram em grande medida os sinais de que a inflação está alta. Ou pelo menos mais alta do que deveria. Diante desse cenário de inflação potencialmente alta, quais são bons investimentos da renda fixa?
De acordo com Caio Canez de Castro, especialista em investimentos e sócio da GT Capital, é importante se proteger contra a inflação.
“E para isso, os melhores ativos, na minha opinião, são os que pagam o IPCA (inflação) mais uma taxa pré-fixada, (os chamados títulos híbridos), como os Tesouros IPCA+, as debêntures incentivadas, os Certificados de Recebíveis Imobiliários (CRIs) e os Certificados de Recebíveis do Agronegócio (CRAs)”, afirma.
Esses títulos híbridos acompanham o IPCA, que pode crescer ainda mais, juntamente com uma taxa preestabelecida. Por exemplo, no site do Tesouro Direto, é possível encontrar um Tesouro IPCA+ 2029 que paga o IPCA mais a taxa fixa de 7,82%.
“Esses ativos indexados à inflação garantem a manutenção do poder de compra da alocação e adicionalmente o investidor recebe um ganho real”, esclarece Fabrício Silvestre, economista da casa de análise Levante.
Pós-fixados são bons investimentos com inflação
Além dos ativos chamados híbridos, outro grupo ganha destaque nesse contexto. São os pós-fixados. Ou seja, aqueles títulos em que o rendimento segue as oscilações da taxa de juros, a Selic.
“Nesse sentido, quanto maior a inflação, maior a atratividade desses ativos. (Afinal, os juros aumentam na tentativa de segurar a inflação)”, argumenta Silvestre.
Alguns exemplos desses ativos são o Tesouro Selic, o Certificado de Depósito Bancário (CDB), a Letra de Crédito Imobiliário (LCI) e a Letra de Crédito Imobiliário (LCA). Todos esses no formato pós-fixado.
Mas aqui há um ponto de atenção.
Os títulos pós-fixados são mais interessantes no curto prazo, segundo especialistas. Isso porque, como esses ativos estão atrelados a Selic, e as projeções, como a do Itaú Unibanco, indicam que em 2026 a taxa de juros diminuirá, o investidor pode perder dinheiro com essa queda da Selic, mesmo que diminuto, em períodos maiores.
Títulos prefixados perdem
Para Ricardo Schweitzer, sócio fundador da Garoa Wealth Management, nesse momento, o grupo de investimentos em que é possível saber o rendimento final é o que menos vale a pena.
“O que justifica isso são as incertezas em torno da dinâmica inflacionária dos próximos anos. As expectativas de mercado são as de que a inflação se mantenha acima da meta. Por isso, então, os títulos prefixados são mais arriscados. Pois podem ter rentabilidade menor se comparado aos demais ativos”, esclarece.
Dentro desse contexto, Caio Canez de Castro dá um exemplo.
“Se o investidor aplicar em título prefixado que paga 14,50% ao ano, a primeira vista parece atrativo, porém, em um cenário onde a taxa de juros suba para 15,50%, a rentabilidade desse investimento não passaria de 93% do CDI e perderia para muitos investimentos que oferecem mais liquidez e segurança”, afirma.
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