Vale a pena investir? Ação da JBS (JBSS3) pode ter gatilhos em 2024 após ano morno

Após período operacionalmente desafiador nos Estados Unidos e no Brasil, companhia deve começar a colher os resultados de decisões tomadas neste ano, dizem analistas

A JBS (JBSS3) pode estar se aproximando de gatilhos para sua ação, segundo analistas do setor.

“Acreditamos que a JBS está próxima de atingir um ponto de inflexão”, afirmou o BTG Pactual, reforçando que a companhia é sua principal aposta no setor de proteínas.

Porém, o ano corrente não tem sido amigável nem para a JBS, nem para suas rivais.

Pagamento de dividendos da JBS (JBSS3)

Assim, desde 2020, refletindo o ciclo favorável da carne bovina nos EUA, a JBS pagou aos acionistas R$ 27 bilhões em dividendos e recompra de ações.

Em 2023, porém, JBS e suas concorrentes Cargill, Tyson e National Beef, esta controlada pela Marfrig, têm sofrido com queda das margens, num período de menos oferta de gado, o que aumenta os preços.

Ao mesmo tempo, condições adversas no mercado de consumo têm impedido os frigoríficos de repassarem integralmente aos clientes o aumento dos custos, o que pressionou as margens.

Enquanto isso, a Seara, divisão de aves da companhia no Brasil, também sofreu os efeitos dos ajustes pós-pandemia, com preços em queda para consumidores.

Quanto renderam as ações em 2023?

Com isso, a ação da JBS teve um desempenho moderado em 2023 – alta de 12,9% do papel no acumulado do ano, ante alta de 14,5% do Ibovespa.

Embora não vejam uma virada nesse ponto em particular, os analistas apontaram uma série de medidas tomadas pela JBS ao longo do ano e que estão começando a surtir resultados.

Uma delas foi a crescente diversificação, tanto geográfica quanto em prateleira, com foco nos chamados produtos de maior valor agregado, como empanados e salsichas.

Isso por si só já rendeu no terceiro trimestre um aumento na margem Ebitda, um importante indicador de desempenho operacional, e que analistas acreditam que vão se estender nos próximos trimestres.

“Após alguns trimestres sofrendo com custos elevados, tanto JBS como BRF mostraram sinais de recuperação, algo que também deve persistir em 2024 em nossa visão”, afirmou a Guide.

Em outra frente, a JBS reduziu a dívida líquida em US$ 600 milhões.

Isso não foi suficiente para impedir que a alavancagem financeira triplicasse em 12 meses, dada a queda nas receitas.

Por isso, a agência de classificação de risco S&P revisou a perspectiva da JBS, de estável para negativa.

Porem, a promessa da empresa é de que daqui em diante a trajetória é de queda do nível de endividamento.

Perspectiva para JBS (JBSS3) em 2024

Um outro vetor que, segundo a companhia, deve ajudá-la nos seus planos de ter uma condição mais apropriada de enfrentar seus concorrentes é a listagem na Bolsa de Nova York.

Ainda sem data para acontecer, o projeto pode ir adiante em 2024.

De olho nesse conjunto, 15 de 20 casas de investimentos que acompanham JBS recomendam compra da ação da empresa. Outros 5 sugerem manter o papel.

Analistas estão acompanhando essa transição com recortes diferentes.

Embora tenha elogiado pontos como diversificação, escala e geração de caixa da empresa, o Bank of America mantém recomendação neutra, preferindo aguardar que os gatilhos se confirmem.

“Uma mudança na recomendação pode não vir até que a listagem nos EUA aconteça, as margens se estabilizem e a agenda de fusões e aquisições esteja de volta”. disse o Bofa.

O Itaú BBA, por sua vez, sustentou recomendação de compra para a ação.

O BTG Pactual foi na mesma direção.

“Acreditamos que a diversificação começará a dar frutos e possivelmente conduzirá a revisões para cima (de JBS) em 2024”, afirmou o BTG.