‘Trump trade’: confira setores que podem ser beneficiados – e prejudicados – com uma possível vitória do republicano

Ações de big techs já sentem o impacto do favoritismo do republicano na corrida presencial

Ganha força nos mercados financeiros o chamado “Trump trade”“Trump trade” (Foto: Arquivo/Alan Santos/PR)
Ganha força nos mercados financeiros o chamado “Trump trade”“Trump trade” (Foto: Arquivo/Alan Santos/PR)

O atentado de sábado (13) contra Donald Trump mexeu ainda mais com as previsões do mercado para as eleições americanas marcadas para novembro. De acordo com os analistas internacionais, a vantagem do ex-presidente sobre o democrata Joe Biden para assumir a Casa Branca aumentou após o ocorrido. Assim, ganha força nos mercados financeiros o chamado “Trump trade”, ou seja, levar em conta nas operações de compra e venda de ações o que se espera de mais um governo do republicano. O que se espera desse “fator Trump”, porém, ainda é uma incógnita.

Na quarta-feira (17), as big techs já sentiram o impacto do Trump trade. As ações da fabricante de chips Nvidia fecharam o pregão com queda de 6,62%. Apple, Microsoft, Meta e Tesla também caíram, refletindo o temor de que EUA adotem restrições mais rígidas ao fornecimento de tecnologia avançada à China com Trump na presidência.

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“Existem muitas dúvidas de como seria um governo do Donald Trump caso ele seja eleito novamente. Se ele seguir muito do que tem falado nos últimos anos, será uma estratégia mais protecionista, fechando mais o mercado americano, focando mais em consumo interno e tributando exportações”, avalia Thiago Guedes, diretor de Desenvolvimento de Negócios da Bridgewise no Brasil.

De acordo com Guedes, isso faz com que o dólar fique mais forte frente ao real e a outras moedas. “O Brasil é um país exportador, então a gente pode ter algumas empresas agropecuárias como oportunidades. Podemos ter nossos frigoríficos exportando para fora do Brasil, para outros países que não sejam dos Estados Unidos. E, com a nossa moeda desvalorizada, a gente acaba sendo mais competitivo em exportação”, salienta ele.

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Inflação nos EUA e ‘Trump trade’

Enzo Pacheco, analista de mercados internacionais da Empiricus Research, pontua que, “apesar do impacto importante do atentado contra Trump, esse movimento do mercado já vinha de alguns dias antes”.

“Não é só o ‘Trump trade’. Há também essa questão relacionada ao afrouxamento monetário nos Estados Unidos. Temos visto a performance dos índices desde a quinta-feira passada (11), quando tivemos a divulgação do CPI, com deflação”, afirma Pacheco.

O índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) nos Estados Unidos caiu 0,1% em junho ante maio, após ter ficado estável um mês antes, de acordo com dados com ajuste sazonal divulgados pelo Departamento do Trabalho americano. Em 12 meses, a inflação desacelerou de 3,3% para 3,0%. Em resumo, os dados de maio vieram abaixo do esperado.

“A gente já começou a ver uma rotação dos investidores, saindo dos papéis de tecnologia para aquelas empresas que estavam mais para trás. Eram empresas de setores mais tradicionais, por exemplo, do setor financeiro, de petróleo e gás e até mesmo as empresas de defesa. Elas já estavam se beneficiando desse movimento de possibilidade de corte de juros por parte do Fed, começando em setembro. E essa probabilidade voltou a ser discutida no mercado por conta desse indicador de inflação na semana passada”, destaca o especialista da Empiricus.

Diante desse cenário, os analistas já sugerem alguns setores que podem se beneficiar com uma possível vitória de Trump. E outros que devem sair derrotados. Confira abaixo.

Setores que podem ser beneficiados com uma possível vitória de Trump

De acordo com Enzo Pacheco, da Empiricus Research, há setores que podem ser “altamente” beneficiados com uma possível vitória de Donald Trump nas eleições americanas. Confira a análise do especialista em mercados internacionais.

Bancos

“O governo dos republicanos é tido como um governo com menos intervenção na economia. No geral, você ter menos regulação facilitaria, por exemplo, a vida do setor financeiro. Nesse sentido, reduzir a necessidade de capital para os bancos manterem suas operações beneficiaria as ações dessas empresas. Isso porque os bancos não teriam que colocar mais dinheiro no negócio. Então, poderia talvez aumentar inclusive o pagamento de proventos, de dividendos, de recompra da ação.”

Criptomoedas

“Dentro do financeiro, é importante também comentar a parte de cripto porque o Trump já se posicionou algumas vezes favorável às moedas digitais. Não era assim no passado, mas ele viu que poderia angariar alguns votos com uma visão positiva em relação a esse segmento.”

Energia e defesa

“Trump deixa claro que vai estimular a exploração e a produção de petróleo nos Estados Unidos. Ele acha que isso é uma política extremamente necessária, inclusive para reduzir a inflação no país. Então, essas empresas também vão se beneficiar bastante. A defesa é outro setor que também deve se beneficiar com com uma possível vitória do Trump.”

Saúde

“Outro setor que pode se beneficiar também com novo governo de Trump é o de saúde. De novo relacionado a essa questão de menos regulação, de você tentar fazer com que as empresas privadas ofereçam mais serviços de saúde por meio do Medcare.”

Lado negativo

“Do lado negativo, você pode pensar também em algumas empresas industriais, mas não americanas. Isso porque o Trump já falou que é favorável a tarifas de 10% para empresas de todo o mundo e de 60% que venham de produtos da China. Então, as empresas que dependem de componentes vindos da China podem sofrer muito, até mesmo as que vendem seus produtos passando pela região podem sofrer.

As empresas que tiverem relacionadas a essa parte de energia renovável também vão sofrer. Trump quer tirar todos aqueles créditos, o que vai ao encontro do estímulo para combustíveis fósseis, como já citado, na parte de energia.

E até mesmo as grandes empresas de tecnologia. A gente tem que ficar com o olho aberto. Vamos lembrar que o vice de Trump, J.D. Vance, já foi favorável à quebra de algumas dessas empresas de tecnologia. Assim, a gente pode ter também algum burburinho nesse sentido.”

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