Qual é o melhor investimento para fazer nos EUA hoje?

Confira análise de quatro especialistas que apontam estratégias para você levar em conta

Você tem curiosidade de saber qual é o melhor investimento hoje nos EUA? Essa é uma pergunta muito frequente entre pessoas do mundo todo. Para responder, conversamos com quatro especialistas. Eles são Beatriz Torres, sócia responsável pela área de Wealth Planning da Veedha Investimentos, Charles Burrows, chefe de investimentos internacionais do Neela Bank, Henrique Vasconcellos, sócio e analista de Ações da Nord Research, e Marlon Glaciano, planejador financeiro e especialista em finanças.

Vamos saber o que eles dizem e e qual seria a melhor estratégia para investir nos EUA agora logo abaixo.

Qual melhor investimento hoje nos EUA?

É consenso entre os especialistas que para responder qual o melhor investimento hoje nos EUA é preciso levar em conta o perfil do investidor e seus objetivos financeiros. Ainda assim, os especialistas concordaram em trazer alguns destaques do mercado norte-americano. Vamos a eles.

S&P500

O planejador financeiro Glaciano considera que ações de tecnologia, REITs, títulos do Tesouro norte-americano, ETFs e investimentos em startups são algumas das opções mais atraentes, cada uma com suas vantagens e desvantagens. “Comparado ao Brasil, o mercado norte-americano oferece uma maior variedade e segurança em muitas dessas categorias, mas é crucial considerar a diversificação geográfica e os riscos associados”, alerta.

Seu destaque, no entanto, vai para a possibilidade de investir no S&P500, principal índice americano e muito utilizado para acumulação de médio e longo prazo. “Historicamente, o S&P500 tem apresentado um retorno médio anual de cerca de 10%, superando muitas outras formas de investimento”, avalia.

É seguro investir no S&P500?

De acordo com Glaciano, investir no S&P500 é relativamente seguro devido à sua diversificação. “No entanto, como qualquer investimento em ações, o índice está sujeito a riscos econômicos e políticos, além de volatilidade de curto prazo”, alerta.

O especialista destaca ainda que o S&P500 pode ser interessante para investidores de longo prazo com tolerância ao risco moderada a alta, que buscam crescimento de capital em vez de renda imediata.

“Pode ser especialmente adequado para aqueles com objetivos de aposentadoria, aproveitando o potencial de crescimento a longo prazo para construir um portfólio sólido e diversificado”, acredita.

S&P500 x Ibovespa

Para comparar a rentabilidade do S&P500 com investimentos equivalentes no Brasil, Glaciano considera o Ibovespa. “Nos últimos anos, o principal índice da bolsa de valores brasileira tem apresentado uma rentabilidade anual variável, influenciada por fatores econômicos e políticos locais”, afirma. “Em 2023, por exemplo, o Ibovespa teve um desempenho notável, mas a rentabilidade pode ser volátil de ano para ano”. alerta.

Na prática, ele detalha que o S&P 500 teve uma rentabilidade média anual de cerca de 10% nas últimas décadas, enquanto o Ibovespa teve variações significativas. “Em 2022, o Ibovespa teve um rendimento próximo a 4.7%, enquanto em 2021, o índice apresentou uma rentabilidade de 2.9%”, afirma. “Em anos anteriores, como 2020, o Ibovespa teve um desempenho negativo devido à pandemia de covid-19” lembra.

Como investir no S&P500 do Brasil?

É possível investir no S&P500 de várias maneiras. “Investidores podem acessar ETFs que rastreiam o S&P500 diretamente em corretoras internacionais como Charles Schwab ou Interactive Brokers, ou optar por ETFs negociados na B3, como o IVVB11”, afirma o planejador financeiro.

“Também é possível investir em fundos de investimento oferecidos por gestoras brasileiras que aplicam em ativos internacionais, proporcionando uma gestão profissional e conveniência”, diz ele.

Além disso, os investidores podem abrir uma conta em dólar dentro de todas as opções disponíveis hoje no Brasil investindo diretamente no mercado americano e comprando o S&P500.

Ações da TSMC subiram 70% neste ano

Entre os papéis recomendados, Henrique Vasconcellos, analista da Nord Research, cita os da TSMC, maior fabricante de chips para IA do mundo. Os investidores torcem o nariz para a companhia, por conta principalmente do risco político em relação à China. Mas a TSMC pode ser uma alternativa, por exemplo, à Nvidia.

“Como analista de renda variável eu acredito que TSMC (da Taiwan Semiconductor Manufacturing Company) é uma das melhores oportunidades de investimento atual”, afirma Vasconcellos, da Nord Research. Claro que nesse tipo de investimento não existe rendimento garantido no ano, mas ele ressalta: “Em 2024, já subiu aproximadamente 70%”.

Na opinião do especialista, os papéis da TSMC podem ser interessantes porque essa é uma empresa muito sólida, uma das maiores do mundo. “Mas, assim como qualquer empresa, ela está sujeita a riscos idiossincráticos e de mercado”, alerta.

Para quem se interessar, o especialista explica que a TSMC tem BDRs negociadas na B3. “Além disso, é possível ter acesso às ações da companhia nos EUA ou mesmo em Taiwan por meio de corretoras internacionais”, detalha.        

Renda fixa americana

Ao responder sobre o melhor investimento hoje nos EUA, Beatriz, da Veedha Investimentos, destaca que a renda fixa americana tem sido bastante atrativa.

“Quando falamos de bonds e treasuries, eles têm dado mais ou menos 5,25% a 5,5% ao ano”, diz ela, explicando que esse seria um investimento equivalente à renda fixa do Brasil.

“Bonds têm riscos do crédito privado e a treasury tem o risco do tesouro americano”, diz ela. “Ou seja, são aplicações bastante seguras e adequadas para um investidor mais conservador”, diz ela.

Apenas para lembrar, a renda fixa no Brasil é atrelada à Selic, que está agora em 10,5% ao ano. “A renda fixa americana praticamente metade, mas rende em dólar, então não podemos considerar apenas a taxa de juros porque também existe o câmbio, que é impossível prever”, diz ela.

Perfil de risco, prazo e cenários

Burrows, do Neela Bank, vai mais adiante na hora de falar sobre o melhor investimento hoje nos EUA. Além de ressaltar que os melhores investimentos dependem do perfil de risco do investidor e do prazo que vai aplicar, ele acha importante considerar pelo menos dois cenários nos Estados Unidos.

No primeiro, a inflação e taxa de juros continuariam altas e que Joe Biden permaneceria no governo.

“Para o investidor conservador, esse cenário favorece a dívida corporativa, que vai ter que pagar mais juros para emprestar o dinheiro”, diz ele. “Por outro lado, o mercado imobiliário deve sofrer e ações podem perder renda porque as pessoas gastariam menos”, explica.

Já para o investidor moderado e agressivo, que geralmente aplicam em ações, pode ser interessante observar empresas grandes de tecnologia e contratos de commodities.

No segundo cenário, ele considera uma redução das taxas de juros e da inflação e vitória de Donald Trump nas eleições. “Nesse caso, o conservador pode olhar para metais preciosos como ouro e prata, porque renda fixa e dólar devem render menos”, afirma.

O especialista também acredita que possa ser interessante ficar atento às maiores empresas industriais, que paga bom dividendos. “Isso negociado de um preço justo, mirando um aumento de atividade econômica e fundos imobiliários, porque a demanda por imóveis deve crescer”, afirma.

Na sua opinião, o nvestidor moderado pode pensar em comprar fundos imobiliários, ações de crescimento de médio porte para cima e empresas de consumo de luxo.

“O agressivo deve olhar para empresas médias e pequenas em crescimento e talvez alavancar nas bolsas, como Nasdaq e S&P500”, acredita.

Quanto rendem esses investimentos

De acordo com Burrows, os papéis de dívida corporativas pagam entre 6% e 9% ao ano. Ações de grande porte com forte balanço tem tendência de pagar de 2% a 4% em dividendos anuais e tem tendência de oferecer entre 9% e 15% em ganhos anuais de valorização.

Já os metais preciosos ele acredita que possam dar retorno entre 8% a 20% por ano. “Fundos Imobiliários pagam de 9% a 12%, em média, e ações de crescimento de alto porte deve dar entre 10% e 20%, enquanto as de médio porte podem dar entre 15% e 30% e de pequeno porte entre 20% e 100%”, diz ele.

Da mesma forma que Beatriz, o chefe de investimentos internacionais do Neela Bank também ressalta que, na hora de comparar a rentabilidade com as alternativas do mercado brasileiro, é preciso considerar especificidades de cada local e moeda.

“No Brasil, a renda fixa tem tendência de pagar quase o dobro da renda fixa dos Estados Unidos, mas precisamos descontar imposto de renda e considerar inflação mais alta e desvalorização da moeda para ter uma boa comparação”, diz ele.