Europa tem inflação sob controle e previsão de crescimento. Mas é hora de investir em títulos europeus?

Pensando em investir na Europa agora? Essa é uma ideia que vem ganhando espaço entre os investidores, principalmente depois que Larry Fink, presidente-executivo da BlackRock, afirmou que este é um bom momento para olhar para o velho continente. Então, perguntamos a Marlon Glaciano, planejador financeiro e sócio da Invest Prime Planejamento Patrimonial, se ele concorda com a afirmação e de que forma é possível fazer esse tipo de investimento estando no Brasil. Acompanhe logo abaixo.
Vale a pena investir na Europa agora?
Dependendo do seu perfil, objetivo e prazo, sim. Isso porque, de acordo com Glaciano, o continente está passando por uma recuperação econômica consistente, com inflação sob controle e crescimento projetado para acelerar.
“O bloco investe fortemente em tecnologia e sustentabilidade, posicionando-se como referência global na transição energética e inovação”, destaca.
Além disso, o especialista lembra que, enquanto outros mercados apresentam maior volatilidade, a Europa se destaca pela estabilidade e pelo potencial de valorização no longo prazo.
Quais investimentos podem ser interessantes neste momento?
Investir na Europa é sinônimo de investir em ações de empresas daquela região. Então, quais ações europeias podem ser interessantes agora? “Empresas de setores como tecnologia, energia renovável e saúde oferecem grandes oportunidades”, acredita o especialista.
Isso porque, na sua opinião, as empresas europeias lideram avanços em inteligência artificial, semicondutores e cibersegurança.
“Além disso, a transição energética impulsiona investimentos em hidrogênio verde e energia solar, enquanto o setor imobiliário apresenta valorização expressiva em cidades estratégicas”, resume.
Por isso, o especialista entende que, para quem busca renda passiva e diversificação, esses mercados estejam entre os mais promissores do mundo.
Em média, quanto as ações renderam?
Glaciano afirma que o mercado europeu entregou retornos sólidos ao longo do ano. “O índice de referência da Europa, que é o STOXX Europe 600, teve uma alta de cerca de 6% em 2024, refletindo o fortalecimento do mercado”, ressalta. Além disso, ele lembra que alguns mercados, como o alemão e o holandês, superaram as expectativas.
“O alemão, representado pelo índice DAX, foi um dos grandes destaques, com um crescimento impressionante de 18,9% no ano, impulsionado pelo desempenho de empresas do setor industrial e tecnológico”, diz ele. O mercado holandês, por sua vez, também apresentou valorização, mas sem números expressivos divulgados.
Quais papéis se destacaram mais?
“Empresas de tecnologia e sustentabilidade foram os grandes destaques, oferecendo retornos expressivos para investidores atentos às transformações do mercado”, diz ele.
No setor de tecnologia, ele destaca a SAP, gigante alemã de software empresarial, que teve forte valorização devido ao crescimento da demanda por soluções de inteligência artificial e computação em nuvem.
No segmento de sustentabilidade, Glaciano olha para a Siemens Energy. “Ela se destacou com investimentos em energias renováveis e tecnologias limpas, consolidando-se como uma das líderes na transição energética na Europa”, diz ele.
E qual é a expectativa para 2025?
Na visão do especialista, a Europa deve continuar sua trajetória de crescimento, impulsionada pela inovação e pelo fortalecimento de setores estratégicos.
“A redução esperada das taxas de juros pode aumentar a atratividade dos ativos europeus, trazendo novos fluxos de capital internacional”, diz ele. “Com governos e empresas focados em digitalização e infraestrutura sustentável, 2025 promete ser um ano de consolidação para os investimentos na região”, afirma.
Como investir na Europa morando no Brasil?
Sim, é possível – e esse tipo de investimento está mais acessível do que nunca, viu? É o que esclarece o planejador financeiro.
“Investidores brasileiros podem acessar o mercado europeu por meio de ETFs, fundos internacionais e corretoras globais que permitem a compra direta de ações e ativos imobiliários”, diz ele. “O avanço das plataformas digitais facilita a diversificação internacional, permitindo que investidores construam um portfólio global sem precisar sair do país”, completa.
E quais são as sugestões do especialista para investir na Europa? Veja abaixo as recomendações de Marlon Glaciano:
EURP11
Uma estratégia para quem quer investir em ações da Europa estando no Brasil é olhar para ETF Trend ETF MSCI Europa (EURP11), disponível na B3. “Esse fundo replica o desempenho do índice MSCI Europa, que inclui empresas de destaque como SAP e Siemens Energy.
iShares Global Clean Energy ETF (ICLN)
Além disso, diz Marlon Glaciano, há o iShares Global Clean Energy ETF (ICLN). Embora não listado diretamente na B3, o papel pode ser acessado indiretamente por meio de BDRs ou plataformas internacionais, oferecendo exposição a empresas líderes em energia limpa.
iShares Core MSCI World UCITS ETF
Outra opção listada por Glaciano é o iShares Core MSCI World UCITS ETF, que proporciona diversificação global, incluindo participações significativas em empresas europeias de tecnologia e energia renovável.
“Antes de investir, porém, é fundamental avaliar as características de cada ETF e verificar sua disponibilidade nas plataformas de investimento utilizadas”, alerta o especialista.
E além da Europa onde vale a pena investir agora?
Glaciano acredita que, embora a Europa seja uma opção atrativa, os Estados Unidos continuam liderando o mercado global com inovações em inteligência artificial e biotecnologia.
“Mercados emergentes como Índia e Sudeste Asiático apresentam crescimento acelerado, impulsionado pelo avanço da digitalização e do consumo interno”, acrescenta.
Sua dica, então, é combinar mercados consolidados e emergentes, garantindo exposição a diferentes ciclos econômicos e oportunidades de alto crescimento.
Por fim, não custa lembrar que é sempre importante considerar seu perfil de investidor e sua tolerância ao risco antes de se aventurar em outros mares, certo? E, claro, também não custa repetir que não existe previsibilidade em renda variável e que rendimentos passados não garantem rendimentos futuros.
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