O pé cada vez mais firme da previdência brasileira em Nova York

Alternativas à renda fixa, ações no exterior e BDR chamam a atenção de fundos de previdência

Luiz Ribeiro, da Itaú Asset. Foto: Divulgação/Itaú Asset
Luiz Ribeiro, da Itaú Asset. Foto: Divulgação/Itaú Asset

Enquanto a renda fixa continua atrativa e cumprindo com folga a meta atuarial do investidor institucional, fundos de previdência buscam investir no exterior como alternativa para apimentar a carteira. O destino: as bolsas de Nova York. Fundos de ações e BDR recebem cheques de agentes previdenciários em meio a um Ibovespa mixuruca no ano. É o que se pode constatar a partir de exemplos coletados pela reportagem.

Segundo gestores, a previdência se beneficia no longo prazo de algumas tendências de bolsas do exterior. Temas e empresas como fabricantes de turbinas para aviação, inteligência artificial e remédios como o Ozempic corroboram com o aumento de patrimônio de gestoras grandes e pequenas que acompanham essas tendências.

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Fundos de previdência veem BDRs como alternativa à renda fixa

Os fundos de previdência tem procurado gestores com mandato duplo no mercado local e no exterior.

Gestores vêm atraindo os institucionais pelo impulso dos BDR em 2024. O índice que compila os principais recibos de ação do país, o BDRX, atingiu pontuação histórica na B3 em julho. Ou seja, são uma alternativa atraente para diversificar da renda fixa sem deixar de bater a famosa meta estatutária da previdência complementar.

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Na BB Asset, gestora do Banco do Brasil, o principal fundo de BDR da casa, o BB Ações Tecnologia, acumula ganhos de 31% no em 2024, batendo sobretudo o Nasdaq, com 23%.

A estratégia é recente, porém o fundo é antigo: de 1987.

O patrimônio líquido do fundo de BDRs da BB Asset saltou de R$ 460 milhões para R$ 705 milhões desde o início do ano.

De acordo com Maurício Schuck, head de fundos de ações da BB Asset, o investidor institucional ampliou a participação no fundo – os 20 maiores cotistas são previdenciários. Como as instituições de Regimes Próprios de Previdência Social (RPPS), por exemplo.

Assim, além dos BDRs, a BB Asset tem R$ 100 milhões alocados diretamente em Nova York, na NYSE.

“O institucional está aplicando no fundo”, conta Schuck. “Com essa grande volatilidade da bolsa brasileira e entrega negativa do Ibovespa no ano, começamos um turnover em fevereiro por toda gestora”, diz o gestor.

Foto de Maurício Schuk, head de fundos de ações e BDR na BB Asset, além do BB Tecnologia Nível I. le é homem, branco, tem cabelo e barba grisalhos e usa terno azul.

Além disso, outra decisão de alocação mais recente tomada por Schuck foi de aliviar parte da alocação nas Magnificent 7 e surfar a provável queda de juros nos Estados Unidos. Desta forma, o gestor aumentou a exposição ao QQQ, ETF que reúne 100 papéis da Nasdaq com peso de 1% cada.

Fundos de previdência procuram gestoras focadas em BDR

Gestoras menores com fundos de ações focados exclusivamente em BDR também se beneficiam do movimento.

Em dois anos do principal fundo da casa, o Arbor FIC FIA, Leonardo Otero, gestor da Arbor, relata que houve a captação de cinco fundos de previdência privada e pública em 2024.

Como cheques de previdência ajudam na visibilidade e no caixa, a meta de Otero é que o segmento responda por até 30% do patrimônio da gestora. Isso levaria o patrimônio da Arbor a R$ 1 bilhão em dois anos.

No ano, o Arbor FIC FIA sobe 16%, “o suficiente para bater as metas atuariais fixadas pelos títulos públicos de longo prazo”, diz Otero.

Na carteira que culmina nesse resultado, Otero destaca alguns BDRs:

  • Microsoft (MSFT34)
  • TSMC (TSMC34)
  • Visa (VISA34)
  • Mastercard (MSCD34)

Investir no exterior evitou saída de fundos, diz Itaú Asset

Se os BDR passaram a ser uma alternativa à renda fixa na busca por ‘pimenta’ no retorno da previdência, os temas da Nasdaq e do S&P 500 fizeram com que os fundos de previdência da Itaú Asset em ações acumulassem retorno positivo em 2024.

A gestora do Itaú Unibanco tem três famílias de fundos de previdência em ações offshore para investir no exterior: Asgard, Dunamis e Momento.

Luiz Ribeiro, gestor dos FIAs Asgard, explica que o patrimônio líquido dos fundos aumentou, mas não houve grande fluxo de entrada. Nem de saída. O fundo acumula um retorno de 49% em 2024. Enquanto isso, o Momento obteve rendimento ainda maior, de 51%.

Para Ribeiro, a vantagem de investir no exterior também é de aprendizado.

“O capital institucional (dos Estados Unidos) já encontrou as diferentes modalidades de investimento ao invés de classificar seu fundo como X, Y ou Z. E isso seria bom pro Brasil”, indaga.

E os gestores do Itaú apontam quais são os “grandes temas” de investimento de longo prazo no exterior.

O que ajudou os fundos do Itaú a baterem o benchmark neste ano, até agora, foram ações na bolsa americana sobre AI, geração de energia limpa e petróleo e gás.

Na família de fundos Momento, o gestor Pedro Quaresma, da Itaú Asset, aposta que a escassez no mercado de turbinas para aeronaves pode levar empresas do setor a se valorizarem.

“O investidor não consegue se expor a esses temas no mercado brasileiro. As oportunidades estão lá fora”, conclui.

A Inteligência Financeira é um canal jornalístico e este conteúdo não deve ser interpretado como uma recomendação de compra ou venda de investimentos. Antes de investir, verifique seu perfil de investidor, seus objetivos e mantenha-se sempre bem informado.


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