Supersafra deve produzir 330 milhões de toneladas de grãos: quais ações saem ganhando?

A última supersafra foi em 2022/23, com a colheita de cerca de 322 milhões de toneladas

Empresas citadas na reportagem:

No agronegócio, toda a vez que uma colheita atinge volumes muito acima do normal ou do esperado para uma determinada região ou período, ela é chamada de supersafra. No Brasil, esse termo se aplica principalmente à produção de grãos, como soja, milho, trigo, arroz etc. E quando isso acontece, claro, diversas empresas se beneficiam com a supersafra.

Esse ano, por exemplo, é esperado que a safra atinja o nível recorde de 330 milhões de toneladas, de acordo com a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Para se ter uma ideia, a última supersafra foi em 2022/23, em que a colheita chegou a 322,8 milhões de toneladas.

Inteligência Financeira
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    Mas o que está por trás dessa produção histórica?

    “Geralmente, a supersafra é impulsionada por fatores como boas condições climáticas, uso de tecnologia avançada no campo e aumento da área plantada”, esclarece Ângelo Belitardo, analista da Hike Capital.

    Benefícios da supersafra ao agronegócio

    E claro que o setor como um todo acaba tendo bons ganhos com essas colheitas recordes.

    Afinal, a supersafra contribui diretamente para o crescimento econômico do setor ao gerar empregos.

    “Sem esquecer que aumenta a representatividade do agronegócio no PIB brasileiro e fortalece sua competitividade no mercado internacional. Além disso, impulsiona o desenvolvimento tecnológico e reforça toda a cadeia produtiva, desde a fabricação de insumos até a exportação de commodities”, afirma Matheus Willrich, sócio da The Hill Capital.

    Outro ponto bastante importante é que a supersafra pode ajudar as empresas e produtores que atuam no setor a recuperarem parcialmente as perdas dos anos anteriores.

    “Isso porque muitos produtores sofreram com os eventos climáticos extremos do ano passado, com as taxa de juros e com o aumento recorrente dos insumos agrícolas, que reduziram drasticamente a lucratividade do setor. A safra de 2025, portanto, vai ter boa performance e retorno do capital para os atuantes do setor”, acredita Ricardo Jacomassi, economista-chefe da TCP Partners.

    O Brasil também leva vantagem

    Mas além do agronegócio, a economia do País também se beneficia com a supersafra. Inclusive para conter a inflação, já que aumenta a oferta de alimentos no mercado interno.

    “Além disso, a supersafra estimula a geração de empregos diretos e indiretos no campo e em toda a cadeia produtiva, como transporte, armazenagem e indústria de insumos”, acrescenta Belitardo.

    O especialista conta também que a colheita acima do esperado eleva o volume de exportações de commodities como soja, milho e algodão. O que melhora o saldo da balança comercial e traz mais dólares para o País. “Essa entrada de divisas ajuda a estabilizar o câmbio e reforça as reservas internacionais”, diz.

    Quem ganha e quem perde com a supersafra

    Diante dessa expectativa do volume histórico de grãos, é importante o investidor ficar atento às empresas que podem subir ou descer com a supersafra. Para isso, a Inteligência Financeira foi atrás da lista de empresas agropecuárias listadas no Índice Agronegócio B3 (IAGRO B3).  

    Vale saber que esse indicador da bolsa de valores brasileira acompanha o desempenho das companhias do agronegócio.

    A seguir, a Inteligência Financeira pediu que especialistas analisassem algumas delas. A ideia é apresentar ao leitor um panorama sobre eventuais ganhos caso o investidor decida apostar nessas companhias. Confira a análise.

    Imagem de um campo verde.
    O agronegócio brasileiro teve crescimento em 12 meses; saiba quais foram as regiões com mais aumentos – (Foto: Freepik)

    BrasilAgro (AGRO3)

    Voltada para a produção agrícola, a BrasilAgro foca em commodities como soja, milho, algodão e feijão. Por isso, uma supersafra tende a beneficiá-la diretamente, pois o fenômeno aumenta sua produção e receita.

    “Durante uma supersafra, a maior oferta de produtos pode pressionar os preços para baixo, mas o aumento na escala de produção geralmente compensa. Além disso, a BrasilAgro também atua no mercado imobiliário agrícola, vendendo terras desenvolvidas. E isso pode ser impulsionado por um cenário de alta produtividade”, acredita Matheus Willrich.

    Já para Haroldo José Torres da Silva, membro do Fórum de Agronegócio e Agricultura Familiar do Conselho Regional de Economia do Estado de São Paulo (Corecon-SP), a empresa ganha com volume e valorização de ativos, “mas precisa de controle de custos para manter margens. A supersafra é positiva, mas com efeito moderado caso os preços caiam demais.”

    AgroGalaxy (AGXY3)

    Com foco na comercialização de insumos agrícolas (fertilizantes, sementes e defensivos), produção de sementes e armazenagem, a AgroGalaxy tende a se beneficiar com a supersafra. “Afinal, existe um aumento da demanda, ou seja, da compra dos materiais que a empresa vende. E isso, claro, vai impactar positivamente o lucro da companhia”, comenta Guilherme Sharovsky, diretor de crédito da Bloxs Capital Partners.

    Por outro lado, Matheus Willrich, da The Hill Capital, conta que se os preços das commodities agrícolas caírem muito, os agricultores podem reduzir seus investimentos em insumos futuros. “O que pode impactar negativamente os resultados da AgroGalaxy”, afirma.

    CTC S.A. (CTCA3)

    Centro de pesquisa e desenvolvimento voltado para o setor sucroenergético, a empresa é especializada no desenvolvimento de variedades de cana-de-açúcar mais produtivas e resistentes .

    “Embora o CTC não produza diretamente grãos, ele pode se beneficiar indiretamente de uma supersafra. Isso porque o aumento na produção agrícola geralmente impulsiona a demanda por biocombustíveis (como etanol), derivados da cana-de-açúcar”, explica Willrich.

    Já o ponto de atenção, segundo Haroldo da Silva, do Corecon-SP, gira em torno da supersafra se concentrar apenas em grãos. “Isso impactaria pouco a empresa. O efeito mais positivo se dará se houver uma colheita recorde de cana”, comenta.

    Granja Faria (EGGY3)

    Especializada na produção de ovos e aves, embora não produza grãos diretamente, a empresa depende de insumos agrícolas, como milho e farelo de soja, para alimentação animal.

    “Por isso, a Granja Faria pode se beneficiar com uma eventual redução no custo da ração para suas galinhas. Mas não apenas isto. Como a companhia ampliou acentuadamente o seu volume de exportações, graças aos casos de gripe aviária que tem assolado os Estados Unidos, isso com certeza aumentará a sua margem de lucro”, considera Felipe Vasconcellos, Sócio da Equus Capital.

    Agribrasil (GRAO3)

    Companhia que atua no comércio atacadista de soja, a Agribrasil pode se beneficiar indiretamente de uma supersafra. “Afinal, haverá mais produtos disponíveis para comercialização. E com maior volume disponível no mercado, a empresa pode aumentar suas vendas e faturamento”, argumenta Willrich.

    Mas, se os preços da soja caírem significativamente, o lucro pode ser reduzido. O que, claro, pode impactar negativamente as margens da empresa. “Outro ponto de atenção é a logística. Caso esse segmento fique mais caro, isso também pode afetar o lucro da Agribrasil”, comenta Silva.

    Terra Santa Agro (LAND3)

    Com foco na produção agrícola, especialmente no cultivo de soja, milho e algodão, a supersafra beneficia diretamente as operações da Terra Santa Agro, aumentando sua produção e receita.

    “Com maior produção e potencial aumento nas exportações, a empresa pode apresentar crescimento. Por outro lado, a queda nos preços das commodities pode pressionar os resultados. Especialmente se os custos operacionais permanecerem altos”, afirma Matheus Willrich.

    Raízen (RAIZ4)

    A empresa opera no setor sucroenergético, produzindo açúcar, etanol e bioenergia a partir da cana-de-açúcar. “A Raízen pode se beneficiar se houver uma supersafra de cana-de-açúcar. Afinal, isso pode elevar a produção de açúcar e etanol. Mas o excesso de oferta também pode pressionar os preços desses produtos”, conta Ângelo Belitardo, da Hike Capital.

    Além disso, de acordo com Willrich, a companhia pode sofrer com pressão logística. “Isso por conta de o Brasil ter uma capacidade ruim de escoamento de grãos e outros produtos. Então, o custo de frete pode impactar os resultados da empresa”, diz.

    SLC Agrícola (SLCE3)

    Uma das maiores produtoras de commodities agrícolas do Brasil, incluindo soja, milho e algodão, a supersafra tem impacto direto nas operações da SLC Agrícola, aumentando sua produção e receita.

    “O ponto de atenção aqui envolve o preço das commodities e o câmbio. Caso esses valores caiam e/ou o dólar suba, as margens de lucro da empresa podem diminuir. Portanto, preço e câmbio são decisivos para o resultado líquido da SLC Agrícola”, pontua Haroldo da Silva.

    Boa Safra (SOJA3)

    A empresa se dedica ao cultivo de sementes, como soja, milho, trigo, feijão e outros. “Por isso, a Boa Safra pode se favorecer com a alta na procura por sementes de qualidade para manter a produtividade voltada para a produção agrícola”, afirma Belitardo.

    Porém, a queda nos preços das commodities pode pressionar os resultados. Principalmente se os custos operacionais permanecerem altos.

    3Tentos (TTEN3)

    A 3Tentos é uma empresa voltada para a comercialização e exportação de grãos, como soja, milho e trigo, além de oferecer soluções em nutrição e biológicos para o agronegócio. Ela também atua na transformação de óleo de soja em biocombustível.

    Por isso, de acordo com Matheus Willrich, a supersafra beneficia diretamente a 3Tentos, porque aumenta o volume de grãos disponíveis para comercialização e exportação. “Além disso, a maior produção de soja pode impulsionar sua unidade de biocombustíveis”, acrescenta.

    O especialista diz que se os preços das commodities agrícolas caírem significativamente, o lucro da empresa pode ser reduzido. “O que impacta negativamente as margens”, afirma.

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