O palpite de Luis Stuhlberger, da Verde, sobre a disputa entre Haddad e Lula para zerar o déficit fiscal em 2024
A preocupação do mercado financeiro sobre as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com relação ao não cumprimento da meta de zerar o déficit primário em 2024 é, na opinião de Luis Stuhlberger, gestor da Verde, desmedida.
Para ele, a meta fiscal para o ano que vem “não será um problema”. Os problemas, diz, são outros, ou estão um pouco mais a frente.
‘Haddad é de confiança’
Um dos principais gestores do mercado financeiro tem um palpite. Segundo ele, Lula continuará bancando o projeto do arcabouço fiscal, defendido por Fernando Haddad, ao menos enquanto a popularidade do presidente estiver em alta.
“O Haddad é uma pessoa de extrema confiança do Lula”, afirma Luis Stuhlberger. “O Lula é um sujeito que se move a popularidade, ele tem esse instinto. Enquanto a popularidade dele tiver boa, estiver para cima, ele vai bancar esse projeto. Então, eu não acredito que a gente consiga o déficit zero (em 2024). Mas não será um problema”, diz.
Luis Stuhlberger foi entrevistado em outubro pelo PodInvestir, podcast de finanças e economia original da plataforma Inteligência Financeira. O programa é apresentando pelo jornalista Renato Jakitas.
Problemas fiscais a partir de 2025, diz Luis Stuhlberger
Em edição extra da entrevista de Luis Stuhlberger, a ser liberada antes com exclusividade aos assinantes do Clube PodInvestir, o gestor disse que os problemas fiscais do Brasil devem impactar os ativos financeiros um pouco mais para a frente, a partir de 2025.
“O problema do Brasil, como em todo país emergente, será a próxima eleição. Na medida em que você chegar mais perto de 2026, eu diria começo de 2025, você vai ter um governo com uma vontade de gastar mais para ser reeleito”, prevê o gestor da Verde.
Ele explica que o Arcabouço Fiscal não é como o extinto Teto de Gastos, criado durante o governo de Michel Temer.
“Você pode gastar mais (com o Arcabouço). E se você gastar mais, no ano seguinte você gasta menos. Mas o ano seguinte (da eleição) que será 2027, ninguém vai está ligando para isso. Então, você tem esse problema de querer se perpetuar no poder”, destaca.
Relação entre os poderes
Para além das questões econômicas, Luis Stuhlberger ainda enxerga desafios políticos, sobretudo na relação entre os poderes federais que, segundo ele, ainda não está pacificada.
“Eu vejo também um outro ponto que me preocupa até mais do que (a economia), que é a relação entre os poderes, e essa meio junção do Poder Executivo com o Poder Judiciário”, afirma.
“Isso tem assim um montão de vertentes que são perigosas. Quando o Haddad diz publicamente que o (Arthur) Lira tem um poder que humilha os outros poderes, isso é um negócio muito sério”, aponta Stuhlberger, referindo-se a troca de farpas recente entre o ministro da Fazenda e o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL).
“O Brasil não é o único país no mundo que tem um confronto entre Executivo, Legislativo e Judiciário. Mas eu acho que isso vai escalar a um ponto perigoso de tensão política por conta da proximidade das eleições”, observa.
Sobre o PodInvestir com Luis Stuhlberger
O PodInvestir é um podcast original da Inteligência Financeira. A apresentação é do jornalista de finanças e economia Renato Jakitas.
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