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Medo de recessão faz investidor trocar risco por Tesouro nos Estados Unidos; entenda
A perspectiva de que vem por ai uma recessão nos Estados Unidos – e em um ritmo mais intenso do que o esperado – levou os investidores do mundo a revisarem os seus portfólios.
Do Japão aos Estados Unidos, do Brasil à China, os grandes operadores do mercado financeiro estão, neste momento, reduzindo suas alocações de maior risco. Vendem bolsa, câmbio e até criptomoedas.
No lugar, correm para abocanhar as notas de tesouro dos Estados Unidos. Essa família de ativos nunca atrasou um pagamento. Por isso, é considerada um porto seguro em momentos de forte turbulência.
Recessão: Estados Unidos movimentam mercados
Nesta segunda-feira (5), quem operou com escala suficiente para movimentar o dinheiro sem muito custo vendeu suas moedas, principalmente de países emergentes. No lugar, comprou dólar e, assim, garantiu seu lugar na fila do Treasury. Ou do T-note, os nomes desses ativos do tesouro americano.
É por isso que o dólar alcançou cotação de R$ 5,86 frente o real durante o dia. No fim, a divisa arrefeceu e terminou cotada a R$ 5,74%. Registrou alta de 0,56%. O maior nível desde março de 2021.
Agora é ver o que acontece nos mercados asiáticos nesta terça. Nesta segunda, na madrugada do Brasil, o índice Nikkei, do Japão, despencou mais de 12%. Foi a pior queda do índice em um dia desde o crash de 1987.
As perdas, então, se espalharam pela Coreia do Sul, pela Europa, pelos Estados Unidos. E, claro, também pelo Brasil.
Medo de recessão cria situação rara nos EUA
Mas, mesmo em busca da proteção dos T-Notes, o investidor evita prazos longos. Sinal disso é que, pela primeira vez em mais de dois anos, a Treasury com prazo de vencimento de 2 anos chegou perto de superar o rendimento do título com vencimento de dez anos, historicamente o mais líquido do mercado global.
Nesta segunda-feira, o rendimento da nota de dois anos foi de 3,723%, de acordo com a Tradeweb. Isso é apenas um pouco acima do rendimento de 10 anos, que foi de 3,710%.
Uma curva de rendimento invertida, na qual os rendimentos de curto prazo são maiores do que os rendimentos de longo prazo, há muito tempo é vista nos Estados Unidos como um sinal de uma recessão iminente.
Muitas vezes, porém, a curva de rendimento troca de sinal pouco antes de uma recessão, com investidores apostando que o Federal Reserve (o banco central dos Estados Unidos) cortaria as taxas de juros agressivamente.
É isso está acontecendo neste momento. E tudo começou com o relatório de empregos divulgado na última sexta-feira nos Estados Unidos.
Sinais de declínio da economia americana
Os salários dos trabalhadores americanos subiram 0,2% em julho, abaixo dos 0,3% esperados pelos economistas. E avançaram ao ritmo de 3,6% nos últimos 12 meses.
“Ainda, em julho foram criados 114 mil novos empregos formais, bem abaixo da expectativa do mercado de 170 mil novos postos, além dos números de meses anteriores serem revisados para baixo”, comenta, em relatório, Lucas Queiroz, que é estrategista de renda fixa do Itaú BBA.
“Por fim, a taxa de desemprego aumentou para 4,25% no mesmo período. “Os dados não só reforçam a perspectiva de corte de juros em setembro como também levantaram uma questão no mercado: será que o Fed está atrasado em iniciar esse movimento?”, pergunta-se Queiroz.
Quando se somam outro dados, como o de atividade econômica, o sinal é de que a maior economia do mundo está reduzindo fortemente seu passo neste segundo semestre.
Aposta em corte de 0,50 ponto já em setembro
Esse movimento tem o endosso do economista-chefe da Julius Baer, David Kohl. Hoje cedo, ele escreveu hoje cedo que está certo de que o Fed começará a corta os juros americanos em setembro. Sua aposta também é, neste momento, por 0,50 ponto porcentual (p.p.).
“Reconhecemos plenamente que o mercado de trabalho dos EUA está esfriando de uma forma que restringirá a demanda e moderará a inflação à medida que o ano avança”, diz.
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